TASK II: AVALIAÇÃO MENSAL, DURANTE A SEMANA.
Tinha algo incomodando Akari lá no fundo do seu coração desde que a música do seu grupo foi escolhida. Em primeiro lugar, a japonesa não era exatamente a melhor pessoa trabalhando em grupo, já que não possuía a paciência necessária para lidar com comentários sobre seu sotaque, muito menos tinha paciência para lidar com uma quantidade maior de marmanjos do que outras mulheres. Não é por mal, mas a menina sempre soube que a maior parte dos caras que treinavam se sentiam, de alguma forma, superiores por suas coreografias “mais complexas”.
Odiava aquele conceito dos caras serem melhores dançarinos, mais fortes e mais chamativos, e odiava ainda mais o fato de não ser tão boa dançarina assim para esfregar na cara de alguns que lhe incomodavam. Claro, existiam colegas que gostava de conviver no grupo, mas eram oito pessoas no total, e infelizmente Akari não era próxima de muitas delas. I Can’t Stop Me a animou e a matou ao mesmo tempo: adorava a música, de verdade, no entanto, a coreografia era quase grego para um troiano, seu maior inimigo.
Se Akari já havia se tornado uma jovem adulto radicalmente autocrítica, aquela semana de preparação arrancou resmungos e xingamentos em três idiomas diferentes durante os ensaios. Conseguia pegar a coreografia, isso não era tão difícil, o problema é que nunca conseguiu se destacar, e isso vinha desde os primórdios do grupo cover de kpop: sempre ficava em personagens com menos destaque, onde se concentrava mais em suas expressões faciais do que corporais. Quando se tornou trainee, ouviu muito a mesma frase “tá muito mole, finaliza o passo”, e tentou tanto melhorar que chegou ao outro extremo. Por horas, parecia dura demais dançando.
Mas a coreografia não era o pior, afinal, seu problema era tentar manter um equilíbrio e chamar atenção, o pior mesmo era treinar a letra e sua voz. Talvez porque era uma das poucas garotas do grupo seria mais fácil usar tons mais agudos? Ou porque ela fez birra para ter ao menos uma das partes do rap, mesmo depois de lhe darem uma ou outra parte vocal. Ficou com mais do que realmente queria, ainda mais sabendo dos seus problemas com a dicção coreana.
Quando não estava na sala de dança, ficava na sala de vocal, pedia dicas aos instrutores e até chegou a se pegar chorando de raiva no dormitório depois de sempre errar a mesma nota ridícula. De onde tiraram que ela seria boa pras partes vocais? Não fazia ideia, até pensou que queriam a zoar de propósito, mas Akari era meio paranoica mesmo, devia ser coisa da cabeça. A única coisa que lhe restava era tentar não chorar e gritar no meio da avaliação real.