É preciso pensar
Fico imaginando em como temos preguiça de pensar. Como pudemos criar um Deus tão incompatível com aquele que Jesus nos ensinou: “...eu não sou bom, é meu Pai que está no céu”?
E concluí que a culpa só poderia ser de Constantino, que concedeu a liberade de culto aos cristãos, através do Edito de Milão, no ano 313.
Acostumados a praticar com pureza e em segredo a Doutrina do Amor legada pelo Mestre, em virtude das terríveis perseguições, cujas origens remontam aos primeiros tempos do Cristianismo (ver Atos dos Apóstolos), naquele momento foram projetados no campo político-social, onde os antigos sacerdotes pagãos, frequentadores dos salões do poder temporal, tinham que oficializar aquela nova crença, adaptando-a aos antigos costumes, de forma que melhor servissem aos objetivos governantes.
Começaram, então, os acordos e conchavos, que deturparam o verdadeiro Cristianismo, enchendo-o de dogmas e alegorias que perduram até os dias de hoje e tanto atrapalham a compreensão das leis de Deus.
Vamos ver apenas 3 (três) deles:
1) Concílio de Nicéia, em 325, convocado por Constantino, que inventou a deidificação de Jesus.
2) Edito cie Tessalônica, em 380, de autoria de Teodósio I, que elevou o Cristianismo à religião oficial do Império Romano.
3) Concílio de Constantinopla I, em 381, com o mesmo Teodósio I, que confirmou ser Jesus o mesmo que Deus, além de introduzir a figura do Espírito Santo, criando, dessa forma, a trindade cristã, do mesmo jeito que havia em quase todas as religiões da Antiguidade, como no Egito, China, India, Grécia, Roma, etc. Assim sendo, os cristãos, já sob a sombra do catolicismo nascente, passaram a conviver com o inintenligível, confuso e misterioso dogma da Santíssima Trindade.
Daí pra frente, a doutrina de amor e consolação, ensinada e exemplificada por Jesus, deu lugar ao radicalismo, à violência, ao terror e à intimidação.
Ocupando os suntuosos e sinistros templos de pedra, e frequentando os palácios do poder, como deuses na terra, os cristãos, achando-se detentores da verdade, transformaram-se em terríveis perseguidores dos que ousavam discordar de seus pontos de vista.
Bem, voltando à Santíssima Trindade, restou aos cristãos conviverem com o terrível dilema criado pelos teólogos do concílio. A Igreja ensinava que o Deus-Pai era em tudo igual ao Deus-Filho e ao Espírito-Deus. Ao mesmo tempo todos eram um só Deus, o que implicava a inexorável conclusão da mais absoluta e total igualdade entre eles.
Todavia, Jeová, o Deus-Pai, é, em tudo, diferente de Jesus, o Deus-Filho.
Aquele, segundo o Antigo Testamento, é raivoso, vingativo e revoltado, chegando ao ponto de condenar a uma pena severíssima o primeiro casal de humanos que havia criado, simplesmente por que tiveram vontade de evoluir comendo o fruto da árvore do conhecimento. E o que é pior, estendeu a condenação aos seus futuros filhos, que nem ainda haviam nascido!
Este, o Deus-Filho, compreensivo, paciente, cheio de amor, tolerante ao extremo em face das fraquezas humanas e de seus parcos conhecimentos, em momento algum julgou ou condenou qualquer um de nós, ao contrário, ensinou o perdão “...setenta vezes sete vezes...” para cada pecado. E mesmo injustiçado, pregado na cruz ao lado de bandidos, não se insurgiu contra os autores. Apenas perdoou “...pois não sabem o que fazem...”
E mais, o Deus-Pai nos é apresentado com pouca inteligência, pois foi impotente para prever (presciência é um dom divino) o que poderia acontecer com os dois primeiros habitantes da Terra, que ele queria que continuassem burros, sem conhecer nada, tanto que os condenou. Deus-Filho (Jesus), totalmente diferente (mesmo sendo a mesma pessoa) nunca exaltou a ignorância.
Pelo contrário, “...conhecereis a verdade e a verdade vos libertará...” (João 8:32).
Continuando: Deus-Pai criava sem qualquer planejamento, ou seja, com total empirismo, ou melhor ainda, vai criando: se estiver bom, deixa, se estiver ruim, conserta. Exemplos: “E viu Deus tudo que tinha feito e eis que era tudo muito bom” (Gen. 1:31). Ora, meus irmãos, se foi criado pela Suprema Inteligência do Universo poderia ser ruim?
Mas no caso particular de Adão, Deus-Pai viu que “...não era tudo muito bom...”, constatando que sua obra estava inacabada “...disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei idônea...” (Gen. 2:18).
Sendo Deus-Pai igual ao Deus-Filho Jesus igual ao Espírito Santo-Deus, concluiu-se que os três já existiam numa só trindade e construiram juntos-sozinhos o Universo e, consequentemente, a Terra. Isso é o que os teólogos têm ensinado no curso de 2 mil anos de Cristianismo: que os três são o único e mesmo Deus.
Daí se conclui, portanto, que em todos os episódios da história, lá estava Jesus-Deus como autor e co-autor de Deus-Pai, assessorados pelo Espírito Santo-Deus, impossíveis de serem separados para o fim específico da divisão e definição de encargos e responsabilidades. Por isso, há de se admitir, em face de tamanhas incongruências, que Deus-Pai, com a aceitação de Deus-Filho e ajudado pelo Espírito Santo-Deus, ao programar a morte do segundo, que também era Ele mesmo, para salvar a humanidade de um erro que não cometeu, exigiu a sua própria morte. Isso implica dizer que Deus se matou!
É difícil aceitar, mas se concordarmos com tudo o que nos vem ensinando durante tanto tempo, teremos de admitir o suicídio de Deus!
Temos de pensar, meus irmãos, e parar de dizer amém ou aleluia para tudo que nos ensinam.
Qualquer coisa que contrariar Jesus dever ser imediatamente descartada.
Lembrem-se de suas palavras: “...se vós que sois imperfeitos não fazeis essas coisas aos Vossos filhos, muito menos o vosso Pai que está nos Céus”.
É PRECISO PENSAR!