Diário profissional 1.
Querido diário… É assim que começa, né? Se não for, problema seu, diário, porque eu vou falar assim. Então, seguinte… Eu não to muito bem hoje, sabe? Pra começar, eu continuo sempre errado a porcaria dessa letra, mas também né, olharam pra estrangeira e acharam que seria engraçado ver ela pronunciando “maeumsogeuroneun” e “gyeolgugeneun” na mesma frase. Olha, eu não sou péssima em coreano, mas é meio complicado pronunciar certinho, meu sotaque não é legal, sabe, e isso tá me TIRANDO DO SÉRIO.
Pra ser beeeeeem sincera, eu to chorando agora, mas você é um objeto inanimado, então é óbvio que não tá vendo, só que eu queria que visse, sabe? Dá pra você decidir falar algo tipo “ei, vai ficar tudo bem”? Porque assim, eu não posso ser demitida, eu já saí de dois países diferentes só pra chegar aqui como trainee e eu duvido que outra empresa me aceite. Na real, eu até duvido que essa me debute, sei nem porque insisto tanto.
Quer saber a pior parte? É que além de tá puta da vida com essa letra, a coreografia tá me quebrando e minha coluna no momento parece a coluna de uma senhora de 85 anos, só que eu tenho 18, sei nem se isso é possível. E minha colega de quarto… Ai, minha colega de quarto… Ela vai me emprestar o figurino, mas já já vai dar meia noite e ela não para de ensaiar e me atrapalhar a dormir, acho até que ela não percebeu que eu to quase morrendo na cama enquanto escrevo isso aqui. Que ideia é essa de diário? Não muda nada, meu Deus.