SOME "SPECIAL" HELP

Hyeshin tem uma regra: não guardar rancor. O que é um rancor senão um apego com outro nome? O que é um rancor senão outra conexão te amarrando em algum lugar? Pesando você? Hye viveu sua vida como uma libélula, como um beija-flor, como um tubarão. Sem família, sem amigos, e nunca quaisquer conexões. Mas agora a NIS quebrou todas as suas regras, afundou-as como pedras mortas no fundo do rio Han. Agora, Hye tem alguém que faz seu coração bater mais forte, tem amigos que ele acha que ama, tem parceiros, tem instrutores que não só o treinam, mas o mantêm na linha e o protege de seu passado. Agora, Hye tem inimigos pelos quais guarda rancor como uma lâmina envenenada em seu estômago. Malick se mantendo o maior deles. Seria o órfão de aparência inofensiva, cruel? Seria ele mau? Ele quer que os Malicks sofram tanto que às vezes à noite ele não consegue respirar, sua respiração sai dele quente e rápida. "Estou morrendo?" Ele se pergunta e a internet diz que não. É apenas um ataque de pânico.

Agora, porém, Hye não sente pânico. Ele sente uma raiva suave e insistente retumbando dentro dele. Ele sente o frio do vento do rio Han enquanto sobe no convés do barco para encontrar Woojoo. Dois é melhor que um. Ou assim vai a lição da NIS. Há força nos números. O órfão precisava de um parceiro de vingança e o recruta dois anos mais velho que ele foi a primeira pessoa que surgiu em sua mente. Woojoo, cujo rosto escurece toda vez que alguém menciona aquela família. Woojoo que é tão diferente agora de quem ele costumava ser quando sua irmã ainda estava viva. Hye se pergunta se os Malicks foram os culpados. Se é por isso que Woojoo os odeia tanto.

O coreano de feições sombrias já estava lá quando Hye chegou. Ele apertou o casaco ao redor de si enquanto se juntava a Woojoo no parapeito. O mais novo esqueceu momentaneamente sobre suas costelas e estremece com a dor. "Olá," Hye começa. Ele está olhando para a paisagem urbana de Seoul e se perguntando em que buraco Dan Malick está se escondendo. Ele então se vira para avaliar a expressão de Woojoo. “Recentemente, comecei a não gostar de um certo príncipe dos Malicks e queria saber se você estaria interessado em me ajudar a arruinar a vida dele.”

O mais velho segura a língua, escuta, espera que Hye termine sua oferta, então se vira para ele antes de responder. “Se por príncipe você quer dizer o monstro Dan Malick, então sim.” E assim Hye nota que não há nenhuma tentativa de disfarçar o ódio em sua voz. “Você tem algo específico em mente?”

“Não,” Hye responde com sinceridade, “Mas eu sei que quero fazê-lo sofrer. Eu sei que quero que seja grande.” ele se inclina no parapeito, deixando seu corpo cair, seu queixo descansando nos braços cruzados. O metal está frio e ele pode senti-lo mesmo através de várias camadas de tecido quente. “É por isso que não posso fazer isso sozinho.” Ele vira a cabeça novamente para olhar para Woojoo, “É por isso que eu preciso de ajuda. A última vez que vi Ki-” Hye para, pego de surpresa por um arrepio, pego e incapaz de continuar. Ele engole seco e muda de assunto. “Eu- uh. Não sei o quanto você sabe sobre meu envolvimento com eles, mas sou até que bom como hacker e também sei... invadir coisas. Se você estiver interessado, tenho certeza de que há muito que poderíamos causar juntos."

“Não vai sobrar nada dele quando terminarmos,” Woojoo diz, o que no espaço entre dois pares de olhos escuros se torna um juramento de proteção tanto quanto vingança. “Não sou muito bom com tecnologia além do que preciso saber para fotografia florence, então isso com certeza vai ajudar – você sabe muito sobre celulares e computadores, então?”

É estranho. Alívio, para Hye parece sempre um pouso suave. Como uma fuga rápida. Como correr e correr e escapar. O alívio parece sempre um lugar. Mas ouvir Woojoo dizer que não vai sobrar nada dele quando terminarem fez Hyeshin sentir um alívio tão profundo que o estripa. O que quer que Hye estivesse guardando dentro de si, ele olha para Woojoo e sabe, agora ele pode liberar. “Ah, sim, definitivamente. Eu poderia hackear um celular num piscar de olhos.”

O mais novo se endireita novamente e desta vez quando ele olha para Woojoo, ele estreita os olhos. A curiosidade lhe atentando, as perguntas como flores balançam suavemente na brisa. Quando Hye era criança, as freiras diziam que sua curiosidade era uma maldição. Sempre o colocando em apuros, mas Hye não consegue evitar sua curiosidade. Ele não quer evitar. A curiosidade é o nexo do jovem Cha. Então ele abre a boca e pergunta: “Por que você não gosta deles? O que eles fizeram pra você?"

Hye observa Woojoo respirar fundo, pensar em virar na direção do rio, então pensar melhor, o encarando nos olhos: “Eles a assassinaram. Ela era uma recruta também, estava em vigilância, e Dan Malick cortou sua garganta.” Era evidente o pesar na voz do outro “Eles não apenas a mataram. Eles a espancaram e zombaram dela - você quer saber como eu sei de tudo isso? Porque eles foram muito estúpidos para encontrar o ponto que ela estava usando, então eu ouvi cada palavra, cada grito de dor. Foi isso que os Malicks fizeram – o que Dan e seus irmãos fizeram – e eu vou fazê-los pagar.”

Hyeshin congela. Há algo no olhar dolorido de Woojoo que o prende. Vigilância. Assassinato. Corte. Garganta. Hye sente cada palavra pousar cada vez mais forte contra sua pele. Cada vez mais difícil. Woojoo treme e Hye não sabe o que fazer diante de uma dor tão grande e uma raiva ainda maior. O que ele sabe de fúria tão profunda? Nada. O que ele sabe sobre família? Nada. Hye é um mato à deriva no vento, não seria capaz de compreender aquilo, no entanto, uma falha (ou virtude) que Hye possuía, era a empatia, ainda que pouco cultivada, por isso lágrimas se acumularam nos cantos de seus olhos. Ele sentia sua determinação endurecer como aço. Como deve ser ter uma irmã e depois perdê-la? Hye nunca saberá. Agonia, ele supõe, agonia como você nunca poderia imaginar. Se o que ele queria antes era vingança. Fútil e fraco. Agora o que o jovem Cha quer é justiça.

Hye não tem experiência em confortar um amigo em luto, mas ele fez o melhor que pode. Ele estendeu a mão ao longe e a colocou gentilmente no braço de Woojoo. Logo ele disse: “Por sua irmã, vamos destruir Dan Malick. Por ela, vamos destruir sua vida tijolo por tijolo até que não haja mais nada e, finalmente, quando ele estiver lá confuso e sozinho na fumaça e nos escombros, eu lhe darei a lâmina e você poderá dar o golpe final. Eu vim até você buscando ajuda por motivos levianos, mas agora eu me disponho a te ajudar a conseguir a justiça que nunca teve. Eu prometo.”