A Parceria Chico Xavier/Emmanuel
No início de sua tarefa mediúnica, durante uma sessão, depois de o mentor haver salientado que a disciplina era elemento indispensável à boa tarefa, Chico teve a informação de que ambos tinham algo a realizar. Então o médium replicou, querendo saber o que seria esse “algo”.
Emmanuel esclareceu, dizendo que para começar ambos escreveriam 30 livros.
Chico não sabia como avaliar essa informação, pois estava no seio de uma família sem recursos, além de ter o seu próprio trabalho diário, sendo que publicação de livros demandava muito dinheiro… Mas, considerando que seu pai lidava com bilhetes de loteria, quis saber se ele haveria de tirar a sorte grande.
Emmanuel, contudo, respondeu que não era nada disso. Disse que a maior sorte estava no próprio trabalho, executado com a fé viva na Providência de Deus. Explicou que os livros haveriam de chegar por caminhos inesperados.
De fato, algum tempo depois, quando Chico enviou as poesias de "Parnaso de Além-Túmulo" para um dos diretores da Federação Espírita Brasileira, teve a grata surpresa de ver o livro publicado, em 1932. E a esse livro, seguiram-se outros até que, em 1947, a marca dos 30 livros foi atingida.
O planejamento estava cumprido. Então, contente, Chico perguntou ao amigo espiritual se a tarefa estava terminada.
Emmanuel, por sua vez, sorrindo, considerou que agora seria iniciada uma nova série de 30 volumes.
O tempo passou e, em 1958, ao terminar a segunda cota, indagou-lhe se o trabalho estava então finalizado, afinal, os 60 livros estavam publicados, e Chico se encontrava quase de mudança para a cidade de Uberaba, aonde chegou a 5 de janeiro de 1959.
Contudo, o benfeitor espiritual explicou-lhe com a paciência costumeira, que os mentores da Vida Maior, perante os quais ele devia também estar disciplinado, advertiram-no que caberia a ambos chegar ao limite de 100 livros.
Chico ficou admirado, mas a tarefa prosseguiu.
Quando o número de 100 volumes foi alcançado, ele voltou a consultar o espírito mentor sobre o término do compromisso.
Mas Emmanuel, novamente, esclareceu com a mesma bondade de sempre. Disse que Chico não devia pensar em agir e trabalhar com tanta pressa. O espírito ficara na obrigação de dizer a ele que os mentores da Vida Superior, responsáveis por ambos, tinham expedido certa instrução, determinado que a atual encarnação de Chico fosse desapropriada, em benefício da divulgação dos princípios espíritas vinculados ao cristianismo.
Nessa condição, a existência do médium, do ponto de vista físico, permaneceria à disposição das entidades espirituais que pudessem colaborar nas mensagens e nos livros, enquanto seu corpo se mostrasse apto para tais atividades.
Muito desapontado, Chico perguntou se deveria então trabalhar receptando mensagens e livros do mundo espiritual até o fim de sua vida.
Emmanuel acentuou que sim, acrescentando que não havia alternativa.
Chico, por sua vez, impressionado com as palavras do mentor, voltou a interrogá-lo: “E se eu não quiser?” A indagação tinha sentido, pois, afinal, a Doutrina Espírita ensina que somos portadores de livre-arbítrio e podemos decidir o próprio caminho.
Emmanuel, com seu sorriso paternal de benevolência, cientificou-o de que a tal instrução era semelhante a um decreto de desapropriação, lançado por autoridade maior na Terra. Disse que se Chico, caso recusasse o serviço oferecido, segundo acreditava, os orientadores dessa obra, dedicada ao cristianismo redivivo, tinham autoridade suficiente para retirar dele o seu atual corpo físico.
Diante da gravidade da informação, quando Chico ouviu isso, silenciou por completo, pondo-se a raciocinar sobre o assunto. E assim continuou trabalhando, sem a menor expectativa de interromper ou dificultar o que passou a chamar de “Desígnios de Cima”.
Ao final de sua vida, Chico Xavier havia editado 412 livros, dos quais 110 foram assinados por Emmanuel, e os demais por outros espíritos.
Findou sua existência entregando ao mundo uma obra literária de natureza mediúnica sem precedente na história.
Fonte: Livro "Lentulus - Encarnações de Emmanuel" de Pedro de Campos.