June 6, 2021

A moça que comia os próprios cabelos

Podem os espíritos daqueles que já morreram influenciar negativamente um inimigo que continua vivo neste mundo, provocando-lhe inclusive doenças? Jesus respondeu que sim. Não apenas um, mas três dos seus biógrafos - Mateus, Marcos e Lucas - assinam a passagem evangélica denominada "Os endemoninhados gadarenos".

A medicina acadêmica será muito mais eficiente quando romper a barreira do materialismo sectário em que ainda se deixa prender, em pleno Terceiro Milênio.

Em Gadara, o mestre e os discípulos passavam afoitamente perto de um sepulcro, onde se abrigavam dois alienados mentais, que esbravejavam ameaçando quem deles se aproximasse. O primeiro destes, ao ver o Cristo, dele ouve a ordem irresistível:

- Sai deste homem, espírito imundo.

Estabelece-se o diálogo espantoso. O Nazareno pergunta:

- Qual é o teu nome?

- Legião é o meu nome, porque somos muitos... é a resposta.

Muitos demônios, ou muitos obsessores ensandeciam aquele pobre homem. Obsessão é a ação persistente que um espírito, ainda muito atrasado, exerce sobre determinada pessoa, atormentando-a e levando-a a praticar atos maléficos e ridículos. Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.

Quase sempre a obsessão exprime a vingança de um espírito contra alguém que o ofendeu em passadas existências na Terra. A culpa é recíproca, dividida entre o agressor e agredido. Só o perdão pode romper essa cadeia de ódio. Só o amor constrói para a Eternidade, ensina Emmanuel.

Aproximadamente três centenas de pessoas, no Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, em Deuslândia, a 50 quilômetros de Goiânia, assistiram a um caso singular de obsessão. Melhor dizendo, de desobsessão porque os agressores foram separados da agredida, deixando, portanto, de influenciá-la.

Era uma moça de pouco mais de 20 anos, de olhar aflito e assustado. A pedido do médium Geraldo Inácio da Silva, ela retirou o turbante que lhe cobria a cabeça e todos viram os claros enormes entre o que sobrara de seus cabelos negros, muito curtos e ralos.

- Ela está liberada para retornar às atividades normais. Graças a Jesus e à equipe de seu Eurípedes, ela não tem mais obsessor para comer cabelo... anunciou aos presentes o médium Geraldo, no seu linguajar simples e pitoresco de peão da roça, que não passou do primeiro ano primário.

Há cerca de dois meses, a jovem ali fora pela primeira vez, conduzida pela avó, desesperada ante a mania de repente demonstrada pela neta. Ela arrancava tufos de couro cabeludo, mastigando-os e engolindo-os. Comeu tanto cabelo que começou a passar mal do estômago. Se pêlos humanos levam anos para se biodegradar, entopem pias e ralos, resistindo até mesmo à soda cáustica, imaginem seu acúmulo no aparelho digestivo de uma pessoa!

Ela se arrastou por consultórios médicos, tratada por impotentes especialistas que não admitem sequer discutir o processo obsessivo, e que também não curam, porque não sabem quando a doença é de natureza espiritual.

Vivemos num mundo, entretanto, onde o imperceptível pela visão é aceito mansa e pacificamente, na rotina de todas as horas e de todos os lugares. Neste momento, por exemplo, o prezado leitor está envolvido por milhares de vozes, que falam, cantam, discursam, gritam e cochicham. Ele não as escuta. Mas se ligar um rádio, vai captá-las em dezenas de estações transmissoras. Mais maravilhosas ainda são as imagens, incontáveis, em movimento, coloridas, acompanhadas de sons os mais diferentes, trazendo-nos noticiários e shows, novelas e espetáculos esportivos, no milagre perenemente captado em nosso televisor.

Quem já viu as ondas hertezianas, onde viajam o som e a imagem, com velocidade da luz, em todos os sentidos, até através dos espaços siderais?

Quem já viu o raio X, que nos fotografa minúcias do esqueleto?

Quem já viu a radiação do Césio 137, que trouxe tanto pavor e tanto sofrimento em Goiânia?

Apertemos um botão e se acenderão lâmpadas. Liguemos uma chave e faremos funcionar uma fábrica ou iluminar uma cidade. Toquemos, de leve que seja, um fio de alta voltagem descoberto e a morte nos virá instantaneamente. Quem já viu a eletricidade?

Que mundo de maravilhas haverá para além das fronteiras do ultravioleta, indevassáveis à vista humana? Que universos ignotos se espraiarão para além do infravermelho, extrema barreira da nossa potência visual? Que mistérios se ocultarão nos 98% de vibrações etéreas que cientificamente não agem sobre a nossa retina?

Pois há quem negue a obsessão, alegando "motivos científicos".

A moça que comia os próprios cabelos, todavia, livre dos obsessores, não os come mais, sem precisar que lhe amarrem as mãos nas costas. Aliás, esta providência foi o único remédio realmente eficaz receitado pelos médicos para conter seu apetite insólito.

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