May 24, 2022

Como entender o determinismo, a fatalidade e o livre-arbítrio

Verificamos em nosso cotidiano na convivência humana, esforço na compreensão em relação a determinados acontecimentos da vida. Isto leva a reflexões e pensamentos no sentido de identificar suas origens, suas causas. Normalmente, se a vida não transcorre da maneira como desejamos, ou pelo contrário se define diferente daquilo que necessitamos, começam questionamentos sobre quem ou o que seria responsável por tal situação.

As lides enfrentadas nos relacionamentos familiares (problemas com filhos, cônjuges, etc.), os conflitos nos locais de trabalho, enfermidades em geral, a falta de sorte nos empreendimentos, enfim, as lutas do cotidiano que costumam consumir nossa energia e equilíbrio emocional. Quando recorrentes estas situações, o amigo se depara com a seguinte pergunta: nasci para sofrer? Sou um deserdado da sorte? Em conclusões apressadas conclui estar fadado ao insucesso, ou sofrimento incessante. Compreendê-los e encará-los de forma racional é desafio para aqueles que se encontram neste estágio.

Inicialmente cabe considerar os ensinamentos catalogados na Doutrina Espírita, especialmente em O Livro dos Espíritos, pergunta 258. Informam-nos os espíritos que entre uma reencarnação e outra, através da nossa liberdade de escolha, podemos programar o gênero de provas que nos serão submetidas na próxima reencarnação. Isso significa que temos a possibilidade de determinar as bases de nossas experiências na vida. Gênero das provas não quer dizer que escolhemos tudo nos mínimos detalhes. Significa que saberemos a natureza das vicissitudes, porém sem deter totalmente o detalhe do acontecimento que nos sucederá com precisão. Como por exemplo, o espírito pode escolher nascer em um meio social em que possa ser tentado na prática de crimes. Porém, isso não significa dizer que caso venha a sucumbir a esta prova, estava predestinado a ser um criminoso. Outro exemplo: pode programar casamento, entretanto sem especificar precisamente com quem.

Em O Livro dos Espíritos, pergunta 851, capítulo Lei de Liberdade, item Fatalidade, os espíritos respondem a Allan Kardec que o espírito ao reencarnar define o seu gênero de provas e expiações, e escolhendo-as constrói para si uma espécie de destino como consequência. Entretanto, este destino está ligado às provas físicas, como por exemplo, escolhendo um gênero de morte violenta sabe o espírito que terá que passar por tal prova, mas não necessariamente saberá que tipo de acidente o arrebatará do vaso físico, podendo ser um acidente automobilístico, uma queda de avião, um homicídio, uma pedra que cai sobre sua cabeça.

Informam também os espíritos que ninguém nasce predestinado ao bem ou ao mal, pois é senhor de si no aspecto moral, possuindo aí seu livre-arbítrio podendo ceder e resistir às tentações da prática do mal ou seguir no caminho do bem ao próximo. Pode escolher sim, uma prova que lhe venha exercitar a resistência às tentações de tais práticas. Resistindo receberá os méritos pela sua escolha e sucumbindo arcará com o ônus do equívoco e que os espíritos influenciam nos acontecimentos de nossas vidas e da natureza desde que haja permissão da Lei Divina para tal.

Deus nos concede esta possibilidade tendo em vista sua infinita bondade e suprema sabedoria, uma vez que cabendo ao espírito a possibilidade de escolha, a este recai também toda responsabilidade e consequência de seus atos. Cabe ressaltar que esta possibilidade é dada ao espírito que já possui certo esclarecimento e condição para construir sua própria programação espiritual. Espíritos estes que já estão em uma condição mediana na escala da evolução, possuindo também certo grau de merecimento. Não estando o espírito apto ou amadurecido a fazer uma escolha, com conhecimento de causa, pode a prova lhe ser imposta, conforme resposta dada a Allan Kardec na pergunta 337 de O Livro dos Espíritos.

Questionado sobre este tema no livro que tem por título seu próprio nome, Emmanuel através da psicografia de Chico Xavier, nos relata que “os seres da minha esfera não conhecem o futuro, nem podem interferir nas coisas que lhe pertencem. Acreditamos, todavia, que o porvir, sem estar rigorosamente determinado, está previsto nas suas linhas gerais”.

Refletindo nesta citação do instrutor espiritual, entendemos que os espíritos se limitam ao conhecimento do futuro em linhas gerais, não tendo e tampouco se interessando pela precisão dos acontecimentos e fatos e só farão interferência quando for para o cumprimento destas linhas gerais. Faz analogia com o exemplo de um homem que sai a viajar. Este programa trajeto, dia e hora da viagem, locais e pontos que visitará. Entretanto informa Emmanuel que “Todas as atividades, contudo, no transcurso da viagem, estão afetas ao viajante, que se pode desviar ou não do roteiro traçado, segundo os ditames da sua vontade. Daí se infere que o livre-arbítrio é lei irrevogável na esfera individual, perfeitamente separável das questões do destino, anteriormente preparado”.

Analisando estas instruções podemos comparar a programação de reencarnação como uma viagem que nos dispomos a realizar. Nestas contratamos um pacote de turismo em que devemos seguir as atividades programadas sob pena de perder o valor investido, caso mudemos de ideia, ou então quando programamos por nossa própria vontade, quando contratamos diretamente passagens aéreas, hospedagens, caso haja a vontade ou a necessidade de se mudar o dia do embarque teremos que indenizar a companhia aérea por esta mudança. Ou seja: dependendo do que desejamos mudar, alterar, pode acarretar um custo, um transtorno para nós.

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