O que é clarividência no Espiritismo?
Ao buscar clarividência no dicionário, você vai encontrar definições como “propriedade de clarividente, que vê claramente, com clareza”.
Embora não esteja errado, esse conceito é bastante singelo sob a ótica do Espiritismo.
Isso porque ele não explica o que se vê.
De acordo com a Doutrina Espírita, a clarividência é a capacidade de enxergar o mundo espiritual e aspectos relacionados ao outro plano.
Diferença entre vidente e clarividente
É muito comum a confusão entre videntes e clarividentes.
Para classificá-los corretamente, precisamos compreender qual a diferença entre vidência e clarividência.
A clarividência, como vimos, é a capacidade de enxergar o mundo espiritual, com detalhes de lugares e existências, inclusive futuras.
A vidência, por sua vez, é a habilidade de ver os espíritos.
A principal diferença, portanto, é que o clarividente consegue ter uma visão mais abrangente do plano astral, podendo até mesmo antecipar fatos que estão por vir.
Além disso, os relatos do clarividente se baseiam em suas experiências em outras dimensões, enquanto o vidente costuma trazer relatos transmitidos pelo espírito visto.
Casos de clarividência
Há diversos relatos de casos de clarividência.
Nos próximos tópicos, abordaremos alguns bastante conhecidos e antigos.
Por ora, podemos destacar um episódio contemporâneo, relacionado à exploração de Júpiter e Mercúrio.
Em 1973, os clarividentes Ingo Swan e Harold Sherman observaram os planetas e relataram suas características.
Somente anos mais tarde, através de sondas espaciais, a ciência confirmou os relatos que haviam sido feitos por meio da clarividência.
Apocalipse de João
Muita gente associa imediatamente a palavra apocalipse a acontecimentos negativos.
Mas a verdade é que essa é uma visão distorcida, já que o termo apenas se refere à revelação. Dessa forma, pode ser relacionada à clarividência.
No Novo Testamento, acompanhamos o apocalipse de João, um dos quatro evangelistas, que escreveu durante o seu exílio na ilha de Patmos.
Naquela época, assim como vivenciara João, as comunidades sofriam com a perseguição dos romanos. Na mensagem, ele fala sobre “as coisas que devem acontecer” e cita o futuro da Igreja.
Em determinado trecho da revelação, é dito:
“Portanto, escreve sobre tudo o que tens visto, tanto os eventos que se referem ao presente como aqueles que sucederão depois desses.” (Apocalipse 1:19).
O texto tinha, principalmente, o objetivo de apoiar os cristãos que estavam sendo perseguidos em nome de Cristo, para que não desistissem e continuassem firmes em suas jornadas.
Previsões de Nostradamus
Nostradamus, cujo nome verdadeiro é Michel de Nostredame, foi um dos clarividentes mais importantes da história, que viveu entre 1503 e 1566.
Suas visões apareciam frequentemente à noite, enquanto estava dormindo.
O astrólogo e médico francês fez grandes revelações que foram confirmadas quando ainda estava encarnado.
Uma delas foi a morte do rei Henrique II, da França.
Ele mencionou: “O jovem leão vencerá o mais velho. Duas feridas feitas uma, ele morrerá uma morte cruel.”
Henrique II morreu 10 dias depois por uma lança de duas pontas, acertada pelo conde de Montgomery, que era seis anos mais novo do que ele.
Em 1955, Nostradamus também previu a própria morte, da seguinte maneira: “Ele irá até Deus. Familiares, amigos e irmãos de sangue o encontrarão morto perto da cama e do assento”.
Um ano depois, ele foi encontrado morto por familiares em um lugar muito próximo ao descrito.
Após a sua morte, outras revelações continuaram sendo concretizadas, a exemplo da Revolução Francesa, em que disse: “Da população escravizada, canções, enquanto príncipes são mantidos em cativeiro. Estes serão no futuro por idiotas sem cabeça recebidos como orações divinas.”
Como sabemos, entre 1789 e 1799, na França, o povo se rebelou contra a nobreza, sendo a guilhotina o símbolo da revolução.
Essas e outras previsões foram publicadas no livro Centúrias.
Cuidado com interpretações e perigos com pessoas mal intencionadas
O apocalipse de João, do qual já citamos, é um exemplo clássico de interpretação equivocada.
O texto costuma ser alvo frequente de deturpação.
É fato que as descrições apostólicas costumam abordar questões obscuras, mas não é motivo para distorção dos fatos.
Infelizmente, há pessoas que utilizam as revelações para fazer associações alarmistas e terroristas sobre possíveis tragédias e catástrofes.
Devemos, portanto, tomar cuidado com as perspectivas que são geradas a partir de visões individuais.
Além de uma falha na interpretação, algumas previsões podem ser transmitidas com má intenção.
Há ainda os médiuns que não fazem bom uso de suas faculdades, e acabam sendo objeto de espíritos inferiores.
Esses espíritos, inclusive, são capazes de praticar a ludibriação, como explica Kardec em O Livro dos Médiuns:
“Dir-se-á, sem dúvida, que, se um Espírito pode imitar uma assinatura, também pode perfeitamente imitar a linguagem. É exato; alguns temos visto tomar atrevidamente o nome do Cristo e, para impingirem a mistificação, simulavam o estilo evangélico (…)”.