Os Cinco Pilares do Espiritismo
1. Existência de Deus
Deus existe. É a origem e o fim de tudo. É o criador, causa de todas as coisas. Deus é a suprema perfeição, com todos os atributos que a nossa imaginação lhe possa atribuir, e muito mais.
2. Imortalidade da Alma
Antes de sermos seres humanos, filhos de nossos pais, somos, na verdade, espíritos, filhos de Deus. O espírito é o princípio inteligente do universo, criado por Deus, simples e ignorante, para evoluir e realizar-se individualmente pelos seus próprios esforços.
Como espíritos, já existíamos antes de nascermos e continuaremos a existir, depois da morte física.
Quando o espírito está na vida do corpo, dizemos que é uma alma ou espírito encarnado. Quando nasce para este mundo, dizemos que reencarnou; quando morre, que desencarnou. Desencarnado, volta ao plano espiritual ou espiritualidade, de onde veio ao nascer.
Os espíritos são, portanto, pessoas desencarnadas que, presentemente, estão na espiritualidade.
3. Pluralidade das Existências
Criado simples e ignorante, o espírito é quem decide e cria o seu próprio destino. Para isso, ele é dotado de livre-arbítrio, ou seja, capacidade de escolher entre o bem e o mal. Desse modo, ele tem possibilidade de se desenvolver, evolucionar, aperfeiçoar-se, de tornar-se cada vez melhor, mais perfeito, como um aluno na escola, passando de uma série para outra, através dos diversos cursos. Essa evolução requer aprendizado, e o espírito só pode alcançá-la encarnando no mundo e desencarnando, quantas vezes necessárias, para adquirir mais conhecimentos, através das múltiplas experiências de vida.
A reencarnação, portanto, permite ao espírito viver inúmeras existências no mundo, adquirindo novas experiências, para se tornar melhor, não só intelectualmente, mas, sobretudo, moralmente, aproximando-se cada vez mais do que estabelecem as Leis de Deus.
Mas, assim como o aluno pode repetir o ano escolar – uma, duas ou mais vezes – o espírito que não aproveita bem sua existência na Terra, pode permanecer estacionário pelo tempo necessário, conhecendo maiores sofrimentos, e atrasando, assim, sua evolução, até que desperte para a necessidade de caminhar em direção ao progresso.
Não podemos precisar quantas encarnações já tivemos e quantas teremos pela frente. Sabemos, no entanto, que, como espíritos em evolução constante, reencarnaremos quantas vezes sejam necessárias, até alcançarmos o desenvolvimento moral exigido para nos tornamos espíritos puros.
Esquecimento do passado: não nos lembramos das vidas passadas e aí está também a sabedoria de Deus. Se lembrássemos do mal que praticamos ou dos sofrimentos pelos quais passamos, dos inimigos que nos prejudicaram ou daqueles a quem prejudicamos, teríamos infinitas dificuldades para viver em plenitude a vida atual. Ocorre que, frequentemente, os inimigos do passado, hoje são trazidos ao nosso convívio próximo, na condição de filhos, irmãos, pais, amigos, nos oferecendo a oportunidade do resgate, da reconciliação, do amparo mútuo: esta é uma das razões da reencarnação.
Certamente, hoje estamos corrigindo erros praticados contra alguém, sofrendo as consequências de crimes perpetrados, ou mesmo sendo amparados, auxiliados por aqueles que, no pretérito, nos prejudicaram. Daí a importância da família, onde se costumam reatar os laços cortados em existências anteriores.
A reencarnação, dessa forma, é uma oportunidade de reparação, como é também oportunidade de devotarmos nossos esforços pelo bem dos outros, apressando a própria evolução espiritual. Quando reencarnamos, trazemos um “plano de vida”, compromissos assumidos durante a espiritualidade, perante nós mesmos e nossos mentores espirituais, e que dizem respeito à reparação do mal e à prática de todo o bem possível. Dependendo de nossas condições espirituais, poderemos ter participado ou não dessas escolhas, optando por provas, sofrimentos, dificuldades ou facilidades, que propiciarão meios para nosso desenvolvimento espiritual.
A reencarnação, portanto, como mecanismo perfeito da Justiça Divina, explica-nos por que existe tanta desigualdade no destino das criaturas na Terra.
Pelos mecanismos da reencarnação, verificamos que Deus não premia ou castiga. Pela misericórdia divina, somos nós os articuladores do próprio destino, por vezes necessitando de sofrimentos que nos instigam à melhora e crescimento, pela lei da “ação e reação”.
4. Pluralidade dos Mundos Habitados
Nem todas as encarnações se verificam na Terra. Existem mundos superiores e mundos inferiores ao nosso. Quando evoluirmos, poderemos renascer num planeta de ordem elevada. O Universo é infinito e “na casa do Pai há muitas moradas”, já dizia Jesus.
A Terra é um mundo de categoria moral inferior, haja vista o panorama lamentável em que se encontra a humanidade. Contudo, ela está sujeita a se transformar numa esfera de regeneração, quando os homens se decidirem a praticar o bem e a fraternidade reinar entre eles.
“Deus povoou de seres vivos os mundos, concorrendo todos esses seres para o objetivo final da Providência. Acreditar que só os haja no planeta que habitamos fora duvidar da sabedoria de Deus, que não fez coisa alguma inútil. Certo, a esses mundos há de Ele ter dado uma destinação mais séria do que a de nos recrearem a vista. Aliás, nada há, nem na posição, nem no volume, nem na constituição física da Terra, que possa induzir à suposição de que ela goze do privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de milhões de mundos semelhantes.” (O Livro dos Espíritos, questão 55).
5. Comunicabilidade dos Espíritos
Os espíritos são seres humanos desencarnados. Eles são o que eram quando vivos; bons ou maus, sérios ou brincalhões, trabalhadores ou preguiçosos, cultos ou medíocres, verdadeiros ou mentirosos.
Eles estão por toda parte. Não estão ociosos. Pelo contrário, eles têm as suas ocupações, como nós, os encarnados, temos as nossas.
Não há lugar determinado para os espíritos. Geralmente os mais imperfeitos estão junto de nós, atraídos pela materialidade a qual estão ainda jungidos, e pela similaridade de sentimentos com as quais nos afinizamos. Não os vemos, pois se encontram numa dimensão diferente da nossa, mas eles podem ver-nos e até conhecer nossos pensamentos.
Os espíritos agem sobre nós, mas essa ação é quase que restrita ao pensamento, porque eles não conseguem agir diretamente sobre a matéria. Para isso, eles precisam de pessoas que lhes ofereçam recursos especiais: essas pessoas são chamadas médiuns.
Pelo médium, o espírito desencarnado pode comunicar-se, se puder e quiser. Essa comunicação depende do tipo de mediunidade ou de faculdade do médium: pode ser pela fala (psicofonia), pela escrita (psicografia), etc…
Mas, toda e qualquer comunicação não deve ser aceita cegamente; precisa ser encarada com reserva, examinada com o devido cuidado, para não sermos vítimas de espíritos enganadores. A comunicação depende da conduta moral do médium. Se for uma pessoa idônea, de bons princípios morais, oferece campo para a aproximação e manifestação de bons espíritos.
É preciso ficar alerta contra as mistificações e contra os falsos médiuns, que tentam iludir o público menos avisado em troca de vantagens materiais. Por isso, é importante que, antes de ouvir uma comunicação, a pessoa se esclareça a respeito do Espiritismo.
Fonte: “Iniciação ao Conhecimento da Doutrina Espírita”, livreto elaborado pelo CE “Caminho de Damasco” – Revista Espírita – dez/1868