Umbral e colônias espirituais
O presente artigo visa avaliar a coerência doutrinária dos conceitos de “umbral” e de “colônias ou cidades espirituais” presentes nos livros de André Luiz e de outros autores de obras subsidiárias da Doutrina Espírita. Analisam-se importantes questões de O Livro dos Espíritos, que frequentemente são citadas na discussão desse tema, em comparação com as informações exaradas na obra de André Luiz.
Observa-se, no Movimento Espírita, uma dificuldade de compreensão das realidades do chamado “umbral” e das “colônias ou cidades espirituais”, presentes em várias obras mediúnicas, com destaque para o texto de André Luiz, haja vista algumas informações da obra de Allan Kardec. Essa discussão não parece algo de importância secundária em nossos estudos doutrinários, uma vez que tais debates denotam as nossas limitações quanto ao entendimento da realidade espiritual como um todo. Nesse contexto, as discussões presentes nas questões 1012, 1012-a e 1013 de O Livro dos Espíritos têm sido levantadas, buscando avaliar a coerência doutrinária das descrições de “umbral” e “colônias espirituais”. Vejamos as questões:
Paraíso, inferno e purgatório
1012. Haverá no Universo lugares circunscritos para as penas e gozos dos Espíritos, segundo seus merecimentos?
- “As penas e gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado existe especialmente destinado a uma ou outra coisa. Quanto aos encarnados, esses são mais ou menos felizes ou desgraçados, conforme é mais ou menos adiantado o mundo em que habitam.”
1012-a. De acordo, então, com o que vindes de dizer, o inferno e o paraíso não existem, tais como o homem os imagina?
- “São simples alegorias; por toda parte há Espíritos ditosos e inditosos. Entretanto, os Espíritos de uma mesma ordem se reúnem por simpatia; mas podem reunir-se onde queiram, quando são perfeitos.”
A localização absoluta das regiões das penas e das recompensas só na imaginação do homem existe. Provém da sua tendência a materializar e circunscrever as coisas, cuja essência infinita não lhe é possível compreender. [Comentário de Kardec à questão 1012-a].
1013. Que se deve entender por purgatório?
- “Dores físicas e morais; o tempo da expiação. Quase sempre, na Terra é que fazeis o vosso purgatório e que Deus vos obriga a expiar as vossas faltas.”
O que o homem chama purgatório é igualmente uma alegoria, devendo-se entender como tal, não um lugar determinado, porém o estado dos Espíritos imperfeitos, que se acham em expiação até alcançarem a purificação completa, que os elevará à categoria dos Espíritos bem-aventurados. Operando-se essa purificação por meio das diversas encarnações, o purgatório consiste nas provas da vida corporal. [Comentário de Kardec à questão 1013].
Ao estudar essas importantes perguntas da Quarta Parte (Das esperanças e consolações) de O Livro dos Espíritos, nota-se que Allan Kardec está questionando a Falange do Espírito de Verdade sobre as crenças da tradição cristã em céu, inferno e purgatório, e não sobre as noções do Espiritismo nascente a respeito da realidade, mais materializada ou não, do Mundo Espiritual. Portanto, a discussão é focada sobre as noções religiosas tradicionais quanto à crença em uma destinação espiritual definitiva após uma única vida física, e se haveria um fundo de verdade nas percepções mais comuns de céu, inferno e purgatório.
A extrapolação dessas questões para a discussão sobre a realidade ou não do umbral e das colônias espirituais deveria ser feita com muito cuidado e parcimônia, pois esse não era exatamente o foco da questão. As colônias espirituais não são “lugares circunscritos para as penas e gozos dos Espíritos” e seus habitantes não ficam absolutamente “fechados” ou “circunscritos”. O cerne da questão levantada por Kardec também não foi o nível de materialidade das comunidades espirituais, o qual depende da materialidade do perispírito de seus habitantes e, portanto, poderia ser muito variável.
Os diversos níveis de evolução espiritual com suas respectivas coletividades e ambientes para a manifestação dessa espécie de “vida social” no Mundo Espiritual são, ao que tudo indica, incontáveis para o nosso patamar de compreensão atual. Admitir uma correlação direta entre inferno/purgatório e umbral, bem como céu e “Nosso Lar” seria ignorar a Lei do Progresso e a inimaginável evolução espiritual que nos cabe atingir. Ademais, esse raciocínio está em oposição ao que André Luiz esclarece em muitas ocasiões.
Colônia “Nosso Lar”: mesmo ambiente e diferentes condições espirituais
André Luiz frisa, várias e reiteradas vezes, que “Nosso Lar” não é uma cidade de Espíritos propriamente vencedores do ponto de vista espiritual, mas uma colônia de transição. De fato, “Nosso Lar” ainda é muito conectada à Terra e menos relacionada a esferas superiores, haja vista, por exemplo, a sua divisão de ministérios, na qual quatro são mais ligados à Terra (Regeneração, Auxílio, Comunicação e Esclarecimento), e apenas dois relacionados a esferas superiores (Elevação e União Divina).
Um detalhe importante é que André Luiz narra experiências vividas principalmente nos Ministérios do Auxílio e da Regeneração (Nosso Lar) e da Comunicação (Os Mensageiros). Muito pouco é comentado sobre os ministérios mais elevados. Aliás, quando André Luiz recebe uma autorização para um ano de estágio, essa liberação era concernente aos quatro ministérios menos evoluídos de “Nosso Lar”. Pouco sabemos sobre o cotidiano e o nível de materialidade de colônias superiores a “Nosso Lar” mencionadas na série “A Vida no Mundo Espiritual”, tais como Alvorada Nova.
A questão 1012-a de O Livro dos Espíritos ensina-nos que “os Espíritos de uma mesma ordem se reúnem por simpatia; mas podem reunir-se onde queiram, quando são perfeitos”. Ora, os Espíritos de “Nosso Lar” não são perfeitos, não podendo, portanto, fazer reuniões em qualquer lugar. Trata-se de Espíritos afins em termos de mentalidade e de objetivos, podendo desfrutar de um mesmo ambiente. Eles possuiriam pré-requisitos evolutivos em comum, mas com uma margem razoável de variação. Isso fica evidente ao analisarmos a amplitude de condições espirituais das personagens narradas por André Luiz.
São muito diferenciadas as cotas de “céu íntimo” de um assistido nas câmaras de retificação, tal como Francisco (XAVIER, 2020b, cap. 29 – A visão de Francisco); de uma mulher que já não estava como Francisco, mas que não decidia contribuir com o trabalho (que é o caso da mulher descrita em Nosso Lar, cap. 13 – No gabinete do ministro); de um trabalhador iniciante, como era, na ocasião, a situação de André Luiz (XAVIER, 2020b, cap. 27 – O trabalho, enfim); e de trabalhadores mais experientes como Tobias e Narcisa (vários capítulos de Nosso Lar, a partir do cap. 27 – O trabalho, e do cap. 28 – Em serviço). Todos eles eram habitantes de “Nosso Lar”, mas não estavam necessariamente em uma mesma condição espiritual.
Se ampliarmos nossa análise comparativa para avaliar Clarêncio (XAVIER, 2020b, cap. 2 – Clarêncio, cap. 6 – Precioso aviso, cap. 13 – No gabinete do ministro etc.), que socorreu André Luiz, e que era um dos Ministros do Auxílio; ou mesmo dos cidadãos do “Ministério da União Divina” (XAVIER, 2020b, cap. 11 – Notícias do plano), que dificilmente recebiam novos ingressantes oriundos de outros ministérios (somente quatro em dez anos adentraram o “Ministério da União Divina”); e até mesmo a situação do governador de “Nosso Lar” e da ministra Veneranda (XAVIER, 2020b, cap. 32 – Notícias de Veneranda), que já tinham desfrutado de um contato pessoal com Jesus de Nazaré no Mundo Espiritual, percebemos que a diferença entre condições espirituais dos mais atrasados para os mais adiantados de “Nosso Lar” poderia ser muito significativa, muito embora todos tenham que atingir condições mínimas para serem admitidos na cidade, mesmo como assistidos.
André Luiz só foi recebido em “Nosso Lar” quando orou de forma tão profunda que permitiu que seus horizontes espirituais se ampliassem. Ainda assim, André somente foi considerado cidadão de “Nosso Lar” após sua vitória espiritual ao visitar seu lar terreno, superando o ciúme e atuando como um irmão espiritual, sem esperar quaisquer recompensas ou reciprocidade. Veneranda, por sua vez, era ministra da Regeneração, o qual era considerado o ministério menos elevado de “Nosso Lar”. No entanto, a ministra Veneranda viveria, em seu mundo íntimo, em níveis espirituais muito acima de “Nosso Lar”. Portanto, ela atuava em “Nosso Lar” renunciando a condições mais elevadas, as quais, devido a seu mérito pessoal, há muito tempo ela já poderia usufruir. Por outro lado, na obra E a Vida Continua…, Ernesto Fantini desabafa com o instrutor Ribas porque não se sentia digno de estar sendo socorrido naquele Instituto devido a seus problemas conscienciais (XAVIER, 2020a, cap. 11 – Ernesto Fantini).
Em Os Mensageiros, Alfredo conta sua trajetória reencarnatória com muitos erros em relação a Ismália, mas destaca que, no que dependesse de Ismália, eles poderiam estar juntos no Posto de Socorro de Campo da Paz (colônia espiritual inferior a “Nosso Lar” e que somente apresentava ministérios correspondentes aos quatro menos evoluídos da colônia de André Luiz). No entanto, eles foram dissuadidos dessa ideia por recomendações de mentores espirituais. Supondo que os mentores autorizassem a presença constante de Ismália em Campo da Paz, de maneira alguma isso significaria uma regressão em sua evolução espiritual, mas uma renúncia de Ismália a uma morada superior para estar mais próxima a Alfredo e suas tarefas. E ela seria extremamente útil no auxílio espiritual aos assistidos do Posto de Socorro (XAVIER, 2020c, cap. 24 – A prece de Ismália e cap. 25 – Efeitos do coração).
Em suma, apesar de conviverem em espaços de manifestação física comum e desenvolverem tarefas como equipe, a situação espiritual de cada Espírito imortal é muito particular. A evolução espiritual é pessoal e intransferível, ou, como dizia nosso Mestre Jesus de Nazaré, “a cada um é dado conforme suas obras”. Mesmo em um ambiente elevado, um Espírito com mais dificuldades não se tornará evoluído e plenamente feliz só por desfrutar daquela convivência (vide a Parábola do Festim de Núpcias e o seu convidado sem a “veste nupcial”). Logo, a ambiência positiva auxilia em relação ao bem-estar e às atividades, mas não substitui o esforço evolutivo íntimo. Por outro lado, apesar de frequentemente atuarem em esferas espirituais permeadas por perturbações, as condições íntimas de elevação dos mentores não são afetadas pelo ambiente externo.
O Livro dos Espíritos sustenta a ideia de colônias espirituais?
O item “As relações do Além-Túmulo” (presente no cap. 6 – Da vida espírita da Segunda Parte de O Livro dos Espíritos) é muito informativo sobre esse tema, inclusive apresentando um comentário de Allan Kardec correlacionando as sociedades espirituais com as cidades da vida terrestre. Vejamos o que os Espíritos nos explicam nas questões 278 e 279:
278. Os Espíritos das diferentes ordens se acham misturados uns com os outros?
- “Sim e não. Quer dizer; eles se veem, mas se distinguem uns dos outros. Evitam-se ou se aproximam, conforme a simpatia ou a antipatia que reciprocamente uns inspiram aos outros, tal qual sucede entre vós. Constituem um mundo do qual o vosso é pálido reflexo. Os da mesma categoria se reúnem por uma espécie de afinidade e formam grupos ou famílias, unidos pelos laços da simpatia e pelos fins a que visam: os bons, pelo desejo de fazerem o bem; os maus, pelo de fazerem o mal, pela vergonha de suas faltas e pela necessidade de se acharem entre os que se lhes assemelham.”
Tal uma grande cidade onde os homens de todas as classes e de todas as condições se veem e encontram, sem se confundirem; onde as sociedades se formam pela analogia dos gostos; onde a virtude e o vício se acotovelam, sem trocarem palavra. [Comentário de Kardec à questão 278].
279. Todos os Espíritos têm reciprocamente acesso aos diferentes grupos ou sociedades que eles formam?
- “Os bons vão a toda parte e assim deve ser, para que possam influir sobre os maus. As regiões, porém, que os bons habitam estão interditadas aos Espíritos imperfeitos, a fim de que não as perturbem com suas paixões inferiores.”
O umbral seria um lugar fixo? Seria um ambiente circunscrito?
A localização do “umbral” próxima à superfície da crosta terrestre consiste, a priori, em realidade provisória. De fato, os Espíritos lentamente vão se transformando para o bem, e, considerando que o Espírito nunca regride, a tendência sempre será de minimização das tendências negativas e do número de Espíritos sofredores, exceto se novas entidades atrasadas chegarem à Terra oriundas de mundos inferiores. Todavia, esse não parece ser o caso, levando-se em conta a transição atual da Terra para a condição de Mundo de Regeneração.
Na obra Obreiros da Vida Eterna é constatada a ação do chamado “fogo purificador” (XAVIER, 2021, cap. 10 – Fogo purificador), que faria uma limpeza de determinadas regiões do umbral. Percebe-se, claramente, em concordância com a obra kardequiana, que o umbral apresenta características em geral negativas, como reflexos dos hábitos mentais, emocionais e comportamentais daqueles que o habitam. Esse cenário gera, por afinidade espiritual, um círculo vicioso que acaba retroalimentando o ambiente com fluidos mais densos e negativos, atraindo outros Espíritos que ainda vivenciam experiências desse nível. Todavia, isso ocorre até um certo ponto, não impedindo totalmente a transformação dos indivíduos que optam verdadeiramente pela transformação moral.
O umbral também não consiste em uma realidade absoluta, pois além de caravanas de socorristas, há vigilância constante por parte de mentores espirituais em relação a iniciativas sinceras de reforma íntima. Além disso, existiriam colônias espirituais e postos de socorro inseridos dentro e/ou justapostos ao umbral, demonstrando que a limitação de acesso seria muito mais em relação à atitude mental do que propriamente de caráter físico.
O sucesso editorial da obra de André Luiz, sobretudo de seu primeiro livro, Nosso Lar, atingindo, inclusive, um público não-espírita (o qual, mais recentemente, também assistiu ao filme baseado no livro) popularizou diversas expressões presentes na obra. Como consequência da popularização do termo “umbral”, em função de Nosso Lar ter se tornado o maior best-seller entre os livros psicografados por Chico Xavier, muitas pessoas menos esclarecidas doutrinariamente começaram a associar a situação umbralina ao inferno ou ao purgatório das religiões tradicionais. Obviamente, não é razoável criticar doutrinariamente André Luiz com base na repercussão e interpretação de conceitos emitidos por materialistas, adversários ou meros simpatizantes do Espiritismo. Aliás, nem o próprio Codificador passou ileso em relação a diversas análises simplistas que eram feitas a respeito de muitas discussões por ele elaboradas nas obras fundamentais do Espiritismo.
Qual seria a explicação alternativa? Como poderia ser a erraticidade?
Quando constatamos comentários críticos à existência do umbral e/ou das colônias espirituais, raramente percebemos uma proposta alternativa. Na maioria das vezes em que são questionadas as realidades apresentadas por André Luiz (pela mediunidade de Chico Xavier), Camilo C. Botelho (pela mediunidade de Yvonne Pereira) e Manoel P. de Miranda (pela mediunidade de Divaldo Franco), entre outros, não tem sido apresentada uma explicação minimamente razoável para o funcionamento do cotidiano do Mundo Espiritual.
Frequentemente, o questionamento à realidade do umbral e das colônias espirituais é justificada com a citação da questão 87 de O Livro dos Espíritos. Vejamos a questão:
87. Ocupam os Espíritos uma região determinada e circunscrita no Espaço?
- “Estão por toda parte. Povoam infinitamente os espaços infinitos. Tendes muitos deles de contínuo a vosso lado, observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes, pois que os Espíritos são uma das potências da Natureza e os instrumentos de que Deus se serve para execução de seus desígnios providenciais. Nem todos, porém, vão a toda parte, por isso há regiões interditas aos menos adiantados.”
Alguns afirmam que os Espíritos ficam em constante deslocamento, como andarilhos do Mundo Espiritual. Interessantemente, muitos Espíritos parecem preferir o sedentarismo, pois, historicamente, os casos de casas mal-assombradas e de Espíritos fixos em determinadas localidades é uma realidade incontestável.
Outros afirmam que os Espíritos desencarnados vivem em função dos encarnados, ou seja, em função do que está acontecendo na Terra. Será que o Mundo Espiritual representaria apenas uma dependência secundária em relação ao mundo físico?
Curiosamente, O Livro dos Espíritos ensina sobre a relação entre mundo espiritual e mundo físico justamente nas questões que antecedem à supracitada questão 87. E ensinam o oposto dessa suposta dependência secundária. Vejamos as questões 84, 85 e 86.
Mundo normal primitivo
84. Os Espíritos constituem um mundo à parte, fora daquele que vemos?
- “Sim, o mundo dos Espíritos ou das inteligências incorpóreas.”
85. Qual dos dois, o mundo espírita ou o mundo corpóreo, é o principal, na ordem das coisas?
- “O mundo espírita, que preexiste e sobrevive a tudo.”
86. O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que isso alterasse a essência do mundo espírita?
- “Decerto. Eles são independentes; contudo, é incessante a correlação entre ambos, porquanto um sobre o outro incessantemente reagem.”
Portanto, com base no texto kardequiano, não parece admissível conceber que o Mundo Espiritual seja apenas um apêndice totalmente dependente do mundo físico, sem nenhum nível de organização social e independência em relação às atividades dos Espíritos encarnados. Vale lembrar que André Luiz, em Anuário Espírita de 1964 (matéria republicada nos Anuários Espíritas de 1992 e de 2009) explica que a população de Espíritos desencarnados vinculados ao orbe terrestre é bem maior do que a população de Espíritos encarnados da Terra. Será que esse gigantesco número de Espíritos desencarnados ficaria atuando totalmente como coadjuvante e na dependência da ação dos Espíritos encarnados, esperando, apenas, por uma nova reencarnação?
O texto de Allan Kardec não parece se opor à ideia de colônias espirituais, uma vez que não são destinações absolutas e nem totalmente isoladas de contatos externos (o que corresponderia às noções de céu, inferno e purgatório e teria sido o foco principal das questões 1012, 1012-a e 1013 de O Livro dos Espíritos), tratando-se apenas de um parâmetro de manifestação física comum, por parte de Espíritos que apresentam afinidade e têm compromissos em tarefas e objetivos espirituais semelhantes. Kardec chega a fazer uma comparação direta entre as sociedades espirituais e as cidades do mundo físico (questão 278). Aliás, nessa mesma questão, os Espíritos afirmam que as coletividades de Espíritos desencarnados “[…] Constituem um mundo do qual o vosso é pálido reflexo […]”. Ademais, o fato de estarem vinculados a uma mesma colônia não quer dizer que se trata de Espíritos de mesma evolução, mas que atingiram um patamar mínimo de valores espirituais e educativos e que estão razoavelmente comprometidos com os objetivos gerais da comunidade espiritual, viabilizando o trabalho em conjunto por parte desses irmãos.