December 21, 2022

A refinada arte de detectar mentiras

Desde a adolescência eu tenho um interesse no estudo de falácias lógicas e adquiri um hábito de tentar identificá-las sempre que me deparo com um discurso suspeito.

"A refinada arte de detectar mentiras" é o título de um dos capítulos do livro O Mundo Assombrado Pelos Demônios, de Carl Sagan, escrito em 1998, um pouco antes de sua morte, mas que ainda permanece bem atual. Livro este que de vez em quando dou uma relida em algum capítulo. É um verdadeiro curso sobre a importância do ceticismo e defesa da racionalidade. Neste capítulo, nosso querido tio Sagan nos apresenta uma "caixa de ferramentas" para identificar mentiras e dá alguns exemplos de falácias lógicas, nos alertando sobre a importância de reconhecê-las para não ser enganado por argumentos fracos ou propaganda enganosa.

Vou listar aqui algumas falácias que ele cita no livro e acrescentarei outros tipos, obtive alguns dos exemplos a seguir com a ajuda do ChatGPT:

  1. Ad Hominem (Ataque pessoal): Este é um ataque ao caráter ou às qualidades pessoais de uma pessoa em vez de responder ao argumento dela. Por exemplo, "Você não pode acreditar no que ele está dizendo, ele é um mentiroso conhecido".
  2. Ad Populum (Ao gosto do povo): Esta falácia consiste em apelar para as emoções ou sentimentos das pessoas ao invés de apresentar fatos ou argumentos lógicos. Por exemplo, "Todos estão usando isso, então deve ser bom".
  3. Ad Ignorantiam (À ignorância): Esta falácia consiste em afirmar que algo é verdadeiro simplesmente porque não foi provado que não é verdadeiro. Por exemplo, "Não posso provar que extraterrestres existem, então eles devem existir".
  4. Bandwagon (O bonde): Esta falácia consiste em apelar para a pressão de grupo para convencer as pessoas a seguir a maioria. Por exemplo, "Todos os seus amigos estão fazendo isso, você não quer ficar de fora, certo?"
  5. Hasty Generalization (Generalização apressada): Esta falácia consiste em tirar conclusões baseadas em amostras muito pequenas ou incompletas. Por exemplo, "Eu conheci uma pessoa daquele país e ela era muito rude, então todas as pessoas daquele país são ruins".
  6. False Dilemma (Dilema falso): Esta falácia consiste em apresentar apenas duas opções como se fossem as únicas possíveis, quando na verdade há outras opções. Por exemplo, "Você pode escolher entre comprar nosso produto ou ficar com um produto inferior".
  7. Slippery Slope (Declive Escorregadio): Esta falácia consiste em sugerir que uma ação pequena levará a consequências graves sem apresentar evidências suficientes para apoiar essa suposição. Por exemplo, "Se permitirmos que essa lei seja aprovada, isso levará ao fim da sociedade como a conhecemos".
  8. Straw Man (Argumento espantalho): Esta falácia consiste em distorcer ou exagerar o argumento de outra pessoa para torná-lo mais fácil de atacar ou refutar. Por exemplo, "Você está sugerindo que devemos banir toda a tecnologia, o que é absurdo".
  9. Appeal to Authority (Apelo à autoridade): Esta falácia consiste em apelar para a autoridade de uma pessoa ou instituição sem fornecer evidências para apoiar o argumento. Por exemplo, "O presidente disse que isso é verdade, então deve ser".
  10. Red Herring (Peixe vermelho): Esta falácia consiste em desviar a atenção do assunto em questão para outro assunto irrelevante. Por exemplo, "Eu sei que você está preocupado com o aumento dos impostos, mas o que realmente importa é a segurança nacional".
  11. Begging the Question (Pedindo a pergunta): Esta falácia consiste em assumir o que está sendo questionado como verdadeiro no próprio argumento. Por exemplo, "O sol nasce todos os dias porque isso é o que a Bíblia diz".
  12. Non Sequitur (Não segue): Esta falácia consiste em concluir algo que não segue logicamente da premissa. Por exemplo, "Eu sei que você gosta de cachorros, então deve ser bom em matemática".
  13. False Analogy (Analogia falsa): Esta falácia consiste em comparar dois coisas como se fossem semelhantes quando na verdade são muito diferentes. Por exemplo, "O cérebro é como um computador, então deve funcionar da mesma maneira".
  14. Equivocation (Equivocação): Esta falácia consiste em usar a mesma palavra com dois significados diferentes em um argumento para enganar ou confundir as pessoas. Por exemplo, "O governo diz que está trabalhando para proteger a liberdade, mas muitas vezes restringe a liberdade das pessoas".
  15. False Cause (Causa falsa): Esta falácia consiste em sugerir que uma coisa é a causa de outra quando na verdade não há relação causal. Por exemplo, "Eu tomei esse remédio homeopático e melhorei dos sintomas da minha doença, então a melhora foi graças ao remédio".
  16. Circular Reasoning (Racionalização circular): Esta falácia consiste em usar o mesmo argumento para apoiar a conclusão e a premissa. Por exemplo, "Esse produto é o melhor porque é o mais vendido, e é o mais vendido porque é o melhor".
  17. False Dichotomy (Dicotomia falsa): Esta falácia consiste em apresentar duas opções como se fossem excludentes quando na verdade há mais opções possíveis. Por exemplo, "Ou você está conosco ou contra nós".
  18. Guilt by Association (Culpa pelo associação): Esta falácia consiste em atribuir as qualidades de uma pessoa ou coisa para outra simplesmente porque estão associadas. Por exemplo, "Ele é amigo de um ladrão, então deve ser um ladrão também".
  19. Misleading Vividness (Vividude enganosa): Esta falácia consiste em usar exemplos ou histórias poderosas ou chocantes para persuadir as pessoas, mesmo que não tenham relação com o assunto em questão. Por exemplo, "Eu sei que você não quer que isso aconteça com seus filhos, então você deve apoiar essa lei".
  20. Personal Incredulity (Incredulidade pessoal): Esta falácia consiste em negar a verdade de algo simplesmente porque não consegue entender ou acreditar nisso. Por exemplo, "Eu não posso acreditar que isso é verdade, então deve ser falso".
  21. Appeal to Pity (Apelo à pena): Esta falácia consiste em apelar para as emoções das pessoas, especialmente a pena, para persuadi-las a aceitar um argumento. Por exemplo, "Se você não me ajudar, vou ficar sem casa e sem comida".
  22. Scare Tactics (Táticas de medo): Esta falácia consiste em usar medo ou ameaças para persuadir as pessoas a aceitar um argumento. Por exemplo, "Se você não comprar o seguro de saúde, vai ficar sem proteção em caso de doença grave".
  23. Special Pleading (Rogo especial): Esta falácia consiste em fazer exceções para si próprio ou para alguém sem fornecer razões suficientes para isso. Por exemplo, "Eu sei que você disse que não pode fazer exceções, mas essa é uma situação especial".
  24. Thought-Terminating Cliché (Lugar-comum finalizador de pensamento): Esta falácia consiste em usar frases prontas ou slogans para terminar o pensamento crítico e evitar questionamentos. Por exemplo, "É assim que as coisas são feitas".
  25. Tu Quoque (Você também): Esta falácia consiste em acusar o oponente de fazer o mesmo que está sendo acusado, ao invés de responder ao argumento. Por exemplo, "Você está me acusando de ser egoísta, mas você é egoísta também".
  26. Composition (Composição): Esta falácia consiste em assumir que as qualidades de uma parte se aplicam a todo o todo. Por exemplo, "Cada peça desse quebra-cabeça é perfeita, então o quebra-cabeça inteiro deve ser perfeito também".

E lembre-se:

"O ceticismo não é sinônimo de negação ou descrença, mas sim de questionamento e busca pelo conhecimento."