POV - audição, Ryu Minseo
Quando o nome de Ryu Minseo foi lido, foi como se pudesse sentir todo o peso dos olhares julgadores dos avaliadores e dos colegas de audição. Quase podia ouvir os pensamentos de cada um. Alguns, deviam pensar no seu recente passado como idol, o final trágico de um sonho promissor enterrado pelo escândalo de bullying escolar, namoros e direção sob influência de álcool das próprias colegas mais velhas, outros, músicos mais clássicos, deveriam reconhecer seu nome como a da filha mais nova do renomado professor de piano clássico, os mais aficionados por artes cênicas reconheceriam aqueles olhos, herança direta da mãe atriz de TV, em qualquer lugar, os apaixonados por maquiagem lembrariam daquele nome em qualquer lugar, a irmã mais nova do famoso maquiador de FX.
Apesar de toda pressão que sentia, como se fosse obrigada a ultrapassar todas as expectativas que sentia sob si, Minseo caminhou, sentindo o frio do chão subir pelos pés descalços. Havia se apresentado inúmeras vezes antes, sob luzes, câmeras, e aplausos, coreografias que incluiam até seus sorrisos, mas nada na carreira de idol a preparara para aquele tipo de silêncio. Era diferente dançar para uma banca, sem coreografia pré-fabricada, sem figurino planejado, sem refrão pronto, sem a perfeição ensaiada que começara a treinar antes mesmo do fim de sua primeira década de vida.
A mão se moveu com leveza para frente do corpo antes mesmo que a primeira batida fosse ouvida. Na verdade, as primeiras batidas demoraram um bom tempo antes de se integrarem ao movimento. Uma clara homage ao irmão mais velho, com perda auditiva. Cada batida de perna, cada movimento calculado, cada olhar e respiração tentando imitar como imaginava que o familiar amado percebia o mundo.
Apesar do nervosismo, da expectativa de ser só mais um movimento perfeito ensaiado até a exaustão, a performance de Minseo parecia... leve, real, genuína.
Um sorriso se formou nos lábios ao fim da apresentação e foi capaz de pensar consigo mesma que estava orgulhosa. Não importava o resultado. Mesmo que fosse um não gigante em sua cara, estava feliz de ter sido capaz de pelo menos ter tentado ao invés de apenas aceitar o que a maré lhe entregava.