yeun 'piper' simi, molanhub-hq
[+] tolerante, focada e zelosa. [-] tímida, egoísta e indecisa.
trigger warning para: morte, negligência familiar, problemas psicológicos.
Terceira e mais jovem filha da união entre Minji e Juwon, foi uma criança grudada aos pais e nas irmãs mais velhas, embora tivessem lá todas as suas diferenças um tanto latentes. Enquanto Minsi e Sieun possuíam personalidades brilhantes e expansivas, Simi se tornara o contrário das duas - e não por acaso, afinal, dera o azar de ter vindo de uma gravidez um tanto quanto conturbada para a família -, um tanto quieta em razão da timidez, passou a apreciar objetos ao invés de pessoas. Em especial, a bombinha que carrega consigo até os dias de hoje devido à asma. A princípio, todas as diferenças não eram um problema para si; pelo contrário, a apreciava. Cada uma era composta de suas individualidades e desabrochavam no lar cheio de afeto como se, no final de contas, realmente fossem flores. Um dos traços que carrega até os dias de hoje é comparar as pessoas que a cerceiam com seres - ou objetos - inanimados.
Sieun certamente se equiparava à orquídeas, Minsi à lírios, a mãe rosas e o pai cosmos. Quanto à Simi, seria um goivo-amarelo.
Era só um pingo de gente quando os olhos se iluminaram pela primeira vez diante de uma telinha de TV. Bem, naquela época, a televisão de tubo era comum em todas as casas e talvez uma das maiores aquisições quais alguém poderia fazer - não foi muito diferente dentro da residência dos Yeun. Tendo nascido em Taebaek, uma cidade com inexpressivos quarenta mil habitantes - ou menos -, sempre foi habituada ao ritmo da comunidade pequena e acolhedora: tudo ali, por mais ínfimo que fosse, acabava por se tornar uma novidade e tanto. Não foi muito diferente quando teve o seu primeiro contato com aquilo que seria responsável por moldar uma carreira repleta de muitos altos e baixos.
Sua vida tomou um gancho diferente em decorrência do emprego do pai, um programador autônomo que passava por trancos e barrancos para conseguir sustentar a família, somada à curta renda da esposa, que trabalhava como atendente de uma pequena clínica odontológica na cidade. Apesar daquilo tudo não ser um problema grande sob a ótica de Simi, sonhar não era algo encorajado dentro de casa, afinal, por mais alto que os sonhos fossem, pior era a sua queda. Isto é, até arranjar emprego em uma fintech emergente em Auckland. Mudar-se de país significava abandonar tudo o que haviam construído ali, os amigos e a vida da forma que a conheciam. Naquele determinado momento, nenhum dos cinco sequer sabiam falar o mínimo de inglês, no entanto, pareceu um esforço que valia a pena.
Pisar os pés na Nova Zelândia pela primeira vez foi assustador. Principalmente quando tudo ao que era acostumada era tão restrito e pequeno. Foram bom meses estagnada num processo que não parecia ter fim. Não tinha amigos, não entendia bem a língua falada e sequer se conformava com a mudança drástica da família. Enquanto as irmãs pareciam se adaptar bem ao novo lar, Simi se sentia presa - ainda mais quando o pai passou a ficar mais tempo no trabalho do que em casa.
Botou as mãos pela primeira vez num console aos dez anos, em outubro de 2010. Se lembra bem do contexto da virada de chave da sua vida: já faziam dois anos naquela cidade e traçava o caminho tão bem conhecido de bicicleta. O que era para ser uma breve passada na lan house para imprimir um trabalho escolar acabou se tornando mais do que isso ao se deparar com garotos aos montes ao redor de uma televisão. O jogo desconhecido passou a ter um nome e quando se deu conta, voltava para casa eufórica para partilhar a descoberta com as irmãs e a mãe. Naquela época, a família conseguia se sustentar com pouco, embora a virada de carreira do pai não tivesse sido instantânea. O que se sabe é que sete meses depois, no aniversário de onze anos de Simi, tinha um console de PSP em mãos.
O que já era uma adolescência fechada piorou ao dedicar a maior parte do tempo aos jogos. Quando não estava na rua gastando a própria sanidade em jogos de terror, os passava em casa em frente à tela de computador. O que era somente um hobby acabou por se tornar uma promessa: algum dia acabaria trabalhando na Phantomcraft e conheceria os criadores da sua primeira obsessão, não importasse como. Era daquilo que gostava e, embora não tivesse muito apoio da família, era o que fazia o seu cotidiano fazer sentido. Ao mesmo tempo em que mantinha-se presa numa telinha, ignorava o que acontecia ao seu redor. A família Yeun ruía de pouquinho em pouquinho. Minsi constantemente brigava com a mãe à medida em que crescia, questionando as ordens da progenitora. Os sumiços frequentes do pai passavam a se tornar preocupantes ao mesmo tempo em que Sieun preparava-se para sair de casa rumo à universidade. Quando olha para trás, Simi pensa que talvez tenha sido uma forma de fechar-se para evitar o sofrimento, embora as suas ferramentas para evitar a dor não tenham sido nada saudáveis. O que já era ruim piorava ao que os conflitos dentro de casa se tornavam cada vez mais constantes.
Assim como a primeira alegria, se lembraria do dia em que Sieun faleceu para sempre. Voltava da escola quando encontrou Minsi debruçada sob o colo da mãe, inconsolável. O olhar que a progenitora lançou sobre si foi algo que ficou cravado na memória - e algo qual evita falar até os dias de hoje. Existem muitas coisas quais não gosta de discutir sobre, em específico o motivo de tal e tudo o que havia levado a sua irmã mais velha a fazer o que fez. Foram anos ponderando sobre ao que o silêncio sepulcral se fazia presente na residência e não muito tempo depois foi a vez de Minsi partir para a faculdade, assim como Sieun. O ambiente feliz da infância foi substituído por o que quer que aquilo fosse qual partilhava com a mãe. Eram duas estranhas e Simi jamais ousaria questionar a mulher, por mais que a cabeça fosse inundada das mesmas. O que quer que Juwon tivesse significado um dia, agora era somente um fantasma a assombrar a família, já que praticamente havia as abandonado.
Ao atingir a sua maioridade, Simi decidiu retornar à Taebaek. Sem um tostão no bolso e com pouca experiência em qualquer coisa, aprendeu da pior forma a se virar na cidade de infância. Usava o nome adquirido na Nova Zelândia e aceitava qualquer coisa que fosse suficiente para garantir o café da manhã do dia seguinte. Por mais triste que tenha sido a realidade naquele instante, acomodou-se àquele modo terrível de se viver. Três anos depois, ingressou na universidade de Gangwon para cursar design ao mesmo tempo em que tentava conciliá-lo com o seu estilo de vida. Fez dívidas aqui e ali à medida em que se esforçava para finalmente completá-lo.
Por muito tempo, a Phantomcraft sequer passava pela sua cabeça enquanto envelhecia, mas saber que a responsável por grande parte das memórias da sua adolescência estava prestes a abrir as portas mais uma vez endireitou algo na cabeça de Simi. Com pouco dinheiro, aplicou para uma vaga como designer ali, embora as esperanças não fossem muito altas - e foi uma surpresa e tanto quando recebeu o e-mail a parabenizando por ter passado para a segunda fase.
Se mudar para a cidade grande não era algo que estava nos seus planos, ainda mais quando essa em questão se trata de Busan. Endividada e sem ter onde cair dura, acabou parando no Molanhub, onde reside há algum tempo. Apesar de não viver propriamente o sonho aos vinte e seis anos, está tentando endireitar o seu próprio caminho à medida em que tenta lidar com a sua inaptidão a interações com pessoas e o relacionamento em frangalhos do que restou da sua família. Bom… Pelo menos não se considera uma total fracassada.