TW: excesso de trabalho, saúde mental, tentativa de suicídio, transtornos que afetam a alimentação, dissociação.
Nascido em uma manhã de outono de 1998, Noori viveu a maior parte de sua infância e adolescência acompanhado do pai, uma vez que a mãe havia falecido pouco tempo depois do parto do rapaz. Descendente de um profissional da música que mantinha sua renda através de comissões, não era surpresa que o libriano tivesse descoberto uma aptidão na área desde muito cedo, tendo a rara oportunidade de desenvolver estas habilidades ainda prematuramente e contando sempre com o apoio paterno, que celebrava cada avanço do jovem.
Ingressando na vida escolar, o Kim nunca sentiu uma união muito grande ao se comunicar em grupo. A maioria das crianças no ambiente sempre falavam em um tom hostil com o garoto, que não chegava a uma conclusão sobre a motivação daquilo tudo ㅡ não sabia se era por conta de suas origens, dinâmica familiar, seu atraso de um ano escolar, ou todas as anteriores.
Anos depois, em uma manhã ensolarada, quando Noori entrou na oficina do pai na intenção de comunicar a conclusão do desjejum, ele encontrou uma figura frustrada com uma obra que estava produzindo para um concurso de prestígio, insistente que alguma coisa estava faltando. O mais novo ofereceu sua ajuda dando alguns cliques na tela, pegando facilmente o jeito de mexer no programa utilizado, e suas alterações acabaram sendo aceitas pelo pai. Eventualmente, o artista ganhou o concurso. No entanto, o fator de decisão para tal veredito foi a interferência do filho, o que foi comprovado quando, ao reunir diversos clientes novos, todos pediam que criasse músicas semelhantes à vencedora da competição. Mesmo dando tudo de si e colocando seus melhores esforços, o senhor Kim não conseguia produzir obra nenhuma que se igualasse à produção do rapaz. Ocasionalmente, o homem acabou se sobrecarregando ao ponto de colapsar, e quem se deparou com a cena do pai desacordado foi ninguém menos que um Noori de 14 anos, que imediatamente chamou uma ambulância e acompanhou o mais velho até o hospital mais próximo. Foi dito que o pai se encontrava em um burnout extremo, de modo que sua memória e até mesmo sua saúde física estavam sendo afetados; não se chegou em uma conclusão exata de quando ele seria capaz de recuperar sua consciência, sendo necessário que permanecesse internado na clínica por tempo indeterminado.
Voltando para casa sozinho e em clima de derrota, o jovem Kim acabou encontrando o diário do pai, onde ele mantinha os registros de seu progresso profissional, e se chocou ao ter consciência do quanto aquela simples ajuda, ao seu ver, tinha impactado a vida do maior. Noori foi preenchido pela sensação amarga da culpa, e tomou para si toda a responsabilidade pela condição do pai. Por um breve período, o estudante do fundamental considerou deixar de se cuidar e até mesmo de se alimentar, simplesmente aguardando que desaparecesse do mundo.
Viveu os anos que se seguiram em plena dissociação, e só deixava sua casa para seguir sua rotina de estudos ou visitar o pai no hospital. Não se lembrava mais o que era sentir algo, ter o carinho de alguém, ou mesmo ter uma simples conversa. Encontrava-se simplesmente sem rumo.
Sua rotina seguiu daquela forma por anos após a conclusão do ensino médio. No fim de seus 19 anos, como se o universo não aguentasse mais ver alguém viver daquela maneira, o garoto encontrou uma obra empoeirada que o pai havia feito para sua finada mãe anos atrás, e aquilo o tocou da forma que precisava no momento. Tudo veio de volta para ele, o amor que seu pai sentia pela esposa, e todos os bons sentimentos e mensagens que o senhor procurava transmitir em suas obras. Daquele acontecimento em diante, o Kim havia decidido: seja de uma forma ou de outra, seu objetivo de vida era levar felicidade e conforto para os outros ㅡ se conseguisse ajudar uma pessoa sequer, seu propósito estaria completo. E, se possível, gostaria de recuperar o tempo perdido socialmente no meio do caminho.
Estudando incessantemente para atingir seu objetivo, não era de se surpreender que, de todas as universidades que aplicou e passou, Noori escolhesse ingressar na Kyungsan University: além de ser uma das melhores da época, a proposta alternativa da instituição sempre o chamou a atenção, por ser alguém que nunca sentiu que se encaixava no meio das pessoas. Evidentemente que, por isso, tinha expectativas altas quanto à socialização no local ㅡ expectativas essas que foram quebradas já no primeiro dia, quando não conseguiu fazer nada além de trocar olhares com outros estudantes. Nos primeiros anos, limitou a comunicação com os colegas para apenas assuntos acadêmicos, dedicando-se ao máximo a estes, contando todo o progresso para o pai ainda desacordado em ocasionais visitas ao hospital. O Kim se identificava cada vez mais com o curso ao longo dos semestres, e as dificuldades nunca foram um obstáculo para o jovem, visto que a paixão pela música sempre se sobressaía.
O que não esperava era que, em uma das poucas festas universitárias que compareceu, conhecesse alguém disposto a jogar conversa fora consigo, o que mais tarde se tornou uma amizade forte. Disso saíram algumas outras, sem que perdesse a concentração nos estudos, é claro: participou de diversos projetos da sua área de foco e também além dela, incluindo a participação no clube de performance, escolhido pela sua compatibilidade com a música, e colecionando experiências que foram importantes tanto para o seu desenvolvimento acadêmico quanto para o desenvolvimento pessoal, o que, de certa forma, amadureceu mais ainda a certeza da especialização que queria fazer, a musicoterapia. Concluiu o curso com uma média superior a 85% e frequência superior a 90%, buscando iniciar a pós-graduação na mesma universidade assim que possível, visto que era algo importante para si: gostaria de ajudar as pessoas com sua música, e não desencadear acontecimentos ruins, como no passado.
Inspirado fortemente no background de Yoisaki Kanade (Project Sekai).
Personalidade: Introvertido e com baixa bateria social, não é difícil e muito menos raro não notar Kim Noori. Durante os anos de graduação, não costumava comparecer a festas e eventos que não fossem obrigatórios, tendo a frequência aumentada apenas por conta das poucas amizades que construiu ao longo dos anos ㅡ não negava que se sentia mil vezes mais confortável quando acompanhado, podendo inclusive se soltar um pouco, revelando um lado engraçado e levemente atrevido nessas ocasiões. Não tendo descoberto o poder da amizade até os vinte e poucos anos, não é de se estranhar que o jovem aja meio esquisito e desengonçado em situações sociais, preferindo sair de casa somente para o necessário. Por mais que não admita publicamente, Noori também é alguém meio carente, que deseja afeição mas não sabe bem como conseguir, mas acabou se abrindo mais ao longo do tempo, sendo um grande fã do contato físico com os amigos. Além disso, por causa do ocorrido com o pai, o jovem se tornou alguém altruísta e atento às necessidades dos outros, sendo solícito e buscando ajudar sempre que disponível.