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July 18, 2021

Erros de Francis Collins

Francis Collins

Francis Collins é famoso.

Me interessei em ler seu Best Seller chamado 📖 "A Linguagem de Deus" em que Collins, que foi diretor do Projeto Genoma Humano, expressa opiniões e argumentos ora científicos, ora filosóficos e, obviamente, genéticos para respaldar sua fé... cristã. Collins é um cientista que fora antes ateu.

Até a página 90, apesar de adotar a datação evolucionista para a idade do universo, o conteúdo do livro é bastante interessante, especialmente quando Collins aborda a questão da improbabilidade do universo ter vindo do acaso, pois Collins também é um amante de exatas e física teórica, como ele mesmo confessa em seu livro. O problema é o que vem da página 91 em diante...

Ignorando totalmente os próprios argumentos para o surgimento de eventos cumulativa e gradativamente complexos ao acaso, Collins adota a cosmovisão evolucionista para falar da origem da vida biológica. Qual o problema nisso? O problema é que Collins é TEÍSTA e esse argumento é incompatível com o teísmo, embora não seja incompatível com o DEÍSMO.

Acompanhem meu raciocínio...

O DEÍSMO diz que:

  1. Existe uma divindade que é a causa inicial do universo e da vida;
  2. Essa primeira causa é inteligente, mas não se comunica nem interfere nos eventos do universo;
  3. Deu origem ao cosmos ou por um processo automático ou de tentativa e erro, sendo seu idealizador, mas abandonou o experimento após concluí-lo.

Como é possível notar em 3, o DEÍSMO não contradiz o evolucionismo: mesmo se a evolução fosse verdade científica (e não é por não ser passível de demonstração experimental na escala de tempo proposta em milhões/bilhões de anos), ainda restaria o problema da primeira-causa, abrindo a possibilidade, embora não necessidade absoluta, de um Deus. Apesar disso o deísmo cria uma imagem de Deus distante, não necessariamente divino nem todo-poderoso, pois teve de criar o universo (ou universos) num processo de tentativa e erro, aumentando as perfeições gradativamente num tempo incomensuravelmente longo, o que abre margem para se imaginar a possibilidade de Deus ser apenas uma outra forma de vida inteligente superior, uma máquina cósmica, uma simulação de computador como em Matrix, um ser de outra dimensão ou mesmo um "alien super-poderoso". Mas o que diz o Teísmo?

TEÍSMO:

  1. Existe uma divindade que é a causa inicial do universo e da vida;
  2. Essa primeira causa é inteligente, se comunica e interfere nos eventos do universo;
  3. A divindade engloba todas as perfeições possíveis intelectivas e de poder, portanto não pode errar, logo, criou o universo subitamente pronto e perfeito.

Como podem ver, teísmo e deísmo se excluem mutuamente da mesma forma que a evolução exclui a revelação bíblica das origens como verdadeira.

Não creio na evolução, nem poderia. Assim como o argumento cardecista para a reencarnação, a evolução é uma petição de princípio sem evidências suficientes, portanto é explicação ex machina: já que a ideia não pode se sustentar, utiliza-se de argumentos que não podem ser verificados como base para evitar sua possível negação.

Mas esse é o grosso do livro. Ainda não concluí a leitura do livro e, mesmo sendo leigo, achei DIVERSOS erros de coerência e argumentos falaciosos que esboço abaixo para quem leu o livro:

Argumento de Collins nas Págs. 87-88:

Capa do livro "A Linguagem de Deus", de Francis Collins

A) "Se Deus existe, é sobrenatural.
Se Ele é sobrenatural, não é limitado pelas leis naturais. Se não é limitado pelas leis naturais, não há motivo para que seja limitado pelo tempo.
Logo,
Se não é limitado pelo tempo, ele está no passado, no presente e no futuro.

B) As conseqüências dessas conclusões seriam:

  1. Ele poderia existir antes do Big Bang e depois que o universo sumisse, caso isso viesse a acontecer.
  2. Ele poderia saber o resultado exato da formação do universo mesmo antes de este ter começado.
  3. Ele saberia de antemão se um planeta próximo das margens externas de uma galáxia espiral comum poderia ter as características certas para permitir a vida.
  4. Ele saberia por antecipação que tal planeta levaria ao desenvolvimento de criaturas conscientes, por meio do mecanismo de evolução pela seleção natural.
  5. Ele poderia também saber, antecipadamente, os pensamentos e as ações dessas criaturas, mesmo se estas tivessem livre-arbítrio.

REFUTAÇÃO: O raciocínio de Collins forma uma falácia Non Sequitur no item 4 (grifo do Proibido Pensar) que não é uma conclusão decorrente das condições estabelecidas em A.

Argumento de Collins, Pág. 89:

"Nem todas as interpretações cristãs, porém, deram tanto respaldo a essa visão científica do universo. Os que interpretam o Gênesis em termos completamente literais concluem que a Terra tem apenas 6 mil anos de existência e, portanto, rejeitam a maior parte das conclusões já citadas. A postura deles é, de certa forma, compreensível como um apelo à verdade: os que professam uma religião que se encontra escorada por textos sagrados fazem objeção diretamente a interpretações imprecisas de seus significados. Textos que parecem narrar eventos históricos devem ser interpretados como alegorias somente se evidências fortes exigirem isso.
Mas o livro do Gênesis encontra-se nessa categoria? Sem dúvida alguma, a linguagem é poética."

REFUTAÇÃO: A não historicidade do Gênesis implicaria que não houve pecado original, logo não há necessidade de perdão de pecados nem de sacrifícios, logo o judaísmo seria uma piada, profecias seriam delírios e Cristo não era o Filho de Deus. Logo, Collins não poderia ser nem cristão (pois Cristo não seria filho de Deus) nem judeu (porque crêem nas profecias do Antigo Testamento) nem muçulmano (porque crêem que o mundo é uma criação direta de um Deus perfeito não deixando margem para longos períodos de tempo na criação nem processo de tentativa e erro¹), mas adotou a religião cristã, o que é muito incoerente.

Argumento de Collins, Págs. 92-93: "Paley, filósofo moral e pastor anglicano, proclamou a famosa analogia do fabricante de relógios:

'Ao cruzar um pântano, imagine que eu acertei meu pé contra uma pedra, e perguntaram-me como a pedra chegou até lá; talvez eu respondesse que, até onde eu sabia, caso prova em contrário, ela sempre estivera ali. Talvez não fosse tão fácil mostrar o absurdo dessa resposta. Suponha, porém, que eu tenha encontrado um relógio de pulso no chão, e me perguntassem como ele teria aparecido ali; nem pensaria em dar a resposta anterior, a de que até onde eu sabia, caso prova em contrário, ele sempre estivera ali [...] alguém deve ter feito o relógio: deve ter existido, em algum tempo e em algum lugar, ou o que quer que seja, um fabricante (ou fabricantes), que o montou com a finalidade para a qual o empregamos, para responder de fato; quem entendeu sua montagem e planejou seu uso [...] cada indicação de dispositivos, cada manifestação do planejamento, que existiam no relógio, existem nos trabalhos da natureza; com a diferença, na natureza, de ser maior ou mais. E isso num nível que excede qualquer cálculo.'
A evidência de um planejamento na natureza tem sido atraente para a humanidade durante boa parte de sua existência.
Mesmo Darwin, antes de sua viagem a bordo do HMS Beagle, era admirador dos trabalhos de Paley e declarava estar convencido desse ponto de vista. Contudo, mesmo de uma maneira simples como um problema de lógica, existe uma falha no argumento de Paley. Sua tese pode ser resumida como se segue:

1. Um relógio de pulso é complexo.

2. Um relógio de pulso teve um planejador inteligente.

3. A vida é complexa.

4. Portanto, a vida também teve um planejador inteligente.

No entanto, o fato de dois objetos partilharem uma característica (complexidade) não significa que compartilhem todas. Considere, por exemplo, o argumento paralelo a seguir:

  1. A corrente elétrica na minha casa é formada por um fluxo de elétrons.
  2. A corrente elétrica vem da empresa de energia elétrica.
  3. Relâmpagos são formados por um fluxo de elétrons.
  4. Portanto, os relâmpagos vêm da empresa de energia elétrica.

Embora pareça interessante, o argumento de Paley não pode ser considerado como a história completa."

REFUTAÇÃO: Ao tentar fazer parecer ilógico o argumento de William Paley em "As Evidências da Existência e os Atributos da Divindade Agrupadas com Base nas Aparências da Natureza"² Collins comete vários erros simultâneos:

  1. Supor que a conclusão de Paley estava errada, porque não há nem falha lógica nem evidencial no argumento de Paley. Qualquer pessoa consideraria absurdo encontrar uma máquina complexa em algum lugar aleatório e imaginar mesmo que apenas a possibilidade de a máquina ter surgido espontaneamente pela ação de forças naturais. Não fosse a filosofia/hipótese evolutiva ser útil para a exclusão da possibilidade de um criador divino, tais argumentos levariam qualquer pessoa que os usasse a uma casa para tratamento de doenças mentais, hospício, sanatório, CAPS, etc.
  2. Collins erra ao basear seu argumento na premissa 2 em vagueza de linguagem (falácia de definição) quanto ao uso do verbo "VIR". Paley usa o verbo "planejar" como sinônimo de "criar" e "inventar" afinal, está advogando motivos para se crer num Deus criador arquiteto de todas as coisas. Por outro lado, Collins usa o verbo "vir", ou seja, "ser proveniente de" como sinônimo de "criar". Para melhor entendermos o erro, a afirmação de Collins equivale a dizer que o criador do telefone não foi Alexander Graham Bell, mas a Motorola. Compreendem a baixeza do erro?
  3. A vagueza de linguagem no uso do verbo "vir" gera uma situação de falsa analogia tornando falsa a premissa 2 usada por Collins; logo, a conclusão de Collins ao final do argumento é falsa.

Argumento de Collins, Págs. 94, 100-101: Nessas páginas Collins toma como verdade absoluta as datações longuíssimas para idade da Terra e origem da vida baseadas em isótopos radioativos.

REFUTAÇÃO: Collins não especificou COMO os cientistas chegaram à conclusão de que os métodos de datação por isótopos radioativos funcionam nem tão pouco COMO são datados. Sabendo que o evolucionismo é a principal corrente filosófica naturalista (em aliança com o materialismo) empregada pela ciência desde o século XIX para acabar com a necessidade de uma causa inteligente para a vida, os métodos de datação foram concebidos tendo essa tese por base e não apenas a evidência empírica. Por conseguinte, como saber se os números não estariam equivocados em algumas casas decimais? É uma pergunta válida em termos metodológicos, pois os números estão sendo interpretados por uma lupa ideológica que não tem base experimental comprobatória (nem poderia, dado o tamanho das unidades de tempo supostas em milhões e bilhões de anos). Para saber mais sobre essa controvérsia recomendo o blog http://darwinismo.wordpress.com.

Argumento de Collins, Pág 102: "Existem boas evidências das formas de transição de répteis para aves e de répteis para mamíferos."

REFUTAÇÃO: Em primeiro lugar, as supostas evidências não são citadas; em segundo lugar, mantenho a crítica da lupa ideológica guiando a interpretação quase sempre tendenciosa nas descobertas fósseis (quem não se lembra de fiascos como o homem de Nebraska, ou o Homem de Neanderthal?). Além disso, a suposta evidência de transição entre réptil e ave se mostrou falsa.

Fontes: http://pt.harunyahya.com/pt/artigos/8197/archaeopteryx-%E2%80%93-espece-extinta-de

http://criacionismoevidencias.blogspot.com.br/2009_06_01_archive.html

Argumento de Collins, Pág. 106: (falando do darwinismo):

"Hoje, nenhum biólogo sério duvida de que a teoria da evolução explique a complexidade e a diversidade maravilhosas da vida".

REFUTAÇÃO: Trata-se de falácia tripla por "petição de princípio", "apelo a autoridade" (de Darwin) e "ataque pessoal" (argumentum ad hominem) contra qualquer biólogo que DUVIDE (e apenas duvide) da hipótese evolucionista. Para saber mais sobre falácias (argumentos inválidos, falsos e sem lógica), clique aqui.

Argumento de Collins, Pág 127:

"Se, conforme alguns podem argumentar, esses genomas foram desenvolvidos por atos isolados de criação especial, por que semelhante característica apareceria?"

(Francis Collins falando sobre as similaridades genéticas entre as espécies).

REFUTAÇÃO: A semelhança no design das espécies se dá por FUNCIONALIDADE! Uma mesma função de um órgão supõe design similar. Isso vale, para máquinas, produtos e, de certo, para a esfera biológica quando se admite um criador inteligente. A pergunta de Collins sendo ele geneticista e cristão chega a ser absurda.

Argumento de Collins, Pág 128:

"O genoma humano é extremamente similar ao de um chimpanzé e isso deve indicar evidência da evolução ou ancestralidade comum dos 2 seres".

REFUTAÇÃO: A suposta similaridade de 99% entre os genes humanos e os de um chimpanzé como argumento para ancestralidade comum das espécies mostrou-se um mito posteriormente.³

Fonte:

http://pos-darwinista.blogspot.com.br/2007/06/bomba-bomba-semelhana-gentica-de-99-de.html

Eu termino esta rápida análise aqui (por enquanto). Infelizmente, espero encontrar MAIS ERROS no livro de Collins daqui até o término da leitura... afinal, ele me deu motivos pra isso. Mas o principal erro de Collins (e do evolucionismo), creio eu, é justamente retroceder a ciência ao pensamento medieval em tentar fazer pessoas racionais voltarem a acreditar que coisas inanimadas podem produzir seres vivos complexos, não respeitando um dos conceitos empíricos provados mais básicos das ciências biológicas: a lei da Biogênese. Eu definitivamente não posso chamar tal feito de "evolução".

Referências:
¹ - http://pt.wikipedia.org/wiki/Noventa_e_nove_nomes_de_Al%C3%A1

² - PALEY, W. The Works of William Paley. Ed. Victor Nuovo, Carl Keene. New York: Thoemmes Continuum, 1988. ³ - Jon Cohen, News Focus on Evolutionary Biology, “Relative Differences: The Myth of 1%,” Science.

http://www.sciencemag.org/cgi/content/full/316/5833/1836, 29 June 2007: Vol. 316. no. 5833, p. 1836, DOI: 10.1126/science.316.5833.1836.