O Lado Cristão de Full Metal Alchemist
É curioso o quanto Full Metal Alchemist surpreende em como um anime, um desenho japonês, pode ser tão, mas tão metaforicamente, cristão! Fala-se muito de Neon Genesis Evangelion por ter introduzido na história alguns temas bíblicos (Adão e Eva, anjos, etc) mas, cá entre nós, Neon Genesis Evangelion é muito chato...
Ao contrário do lenga-lenga de Neon Genesis Evangelion, que não deixa claros nem o início nem o desfecho de seu universo mitológico, em Full Metal Alchemist há algo que define a realidade, e é chamado "Lei da Troca Equivalente", que consiste basicamente no que a maioria de nós chama de "lei da causa e efeito", o que os orientais chamam de "karma", que pode ser entendido tanto como "toda ação implica uma reação igual e oposta", quanto "nada pode ser obtido sem alguma espécie de sacrifício".
Resumindo: "Não existe almoço grátis"; "Nada no mundo é de graça" e; É preciso oferecer algo de valor equivalente ao que se pretende em troca.
Dois pulos do gato, logo nos últimos episódios, é que:
- Se você doa algo e recebe outra coisa... não há uma doação real e sim uma troca!
- Algumas coisas não se submetem a essa lei porque são imensuráveis (não se pode "desfazer a morte" ou "engolir Deus).
Este equilíbrio de causa e efeito é como terminar um jogo no zero a zero e os personagens querem mudar essa realidade para que as pessoas possam receber algo sem ter que pagar por isso. Senhoras e senhores, isso se chama Graça!
Não merecemos nem podemos ser salvos se somos naturalmente pecadores (portanto, maus): por estarmos afastados de Deus não temos nada para oferecer em troca; só podemos gerar o que conhecemos como "mal" (uma consequência de se estar "longe" de Deus).
...E o que Deus faz? Intervém nas próprias regras de causa e efeito, que norteiam o universo, se tornando humano e, por ser Deus (logo, perfeito) e, ao mesmo tempo, humano, Deus dá um calote em si mesmo "apertando meia lua pra trás e x bolinha" pra poder nos livrar do mal e desfazer a morte! Um Deus-Homem, um salvador transcendente e imanente ao mesmo tempo. Um inocente que se sacrifica para purificar o culpado.
Entendem a genialidade disto? Haja vista que o mal é a inevitável consequência da liberdade, essa era a única possibilidade de consertar as coisas. Uma vez feito isso resta à pessoa aceitar aquilo que Cristo fez por nós.