Teologia
January 19, 2022

"As Visões Bíblica, Filosófica E Histórica de 'Poder' E 'Autoridade'

Introdução:

As 48 Leis do Poder

A partir do vídeo resumo do livro 📖"As 48 Leis do Poder", a matéria a seguir se desenrola sendo composta de alguns comentários presentes no grupo "Ágora de Filosofia E Afins" a respeito do tema "Estado E Poder".

Acredito que a origem das violências se dá pelo excesso de proximidade entre pessoas incompatíveis, assim como na história da Torre de Babel. Como eu mesmo venho de uma cidade cuja fundação não envolveu nenhuma espécie de violência nem exploração, mas simplesmente pelo ajuntamento de pessoas, não me seria racional acreditar universalmente que "o homem é o lobo do homem" ou vivendo numa "eterna" luta de classes onde só o poder importa como nas teorias sociais hobbesiana, marxista e foucaultiana, respectivamente.

Disputas de poder não são universais e sim localizadas no tempo e no espaço como resultado de pessoas ruins, mais perversas que a média.

De toda forma, não há como negar que, em alguns locais há situações de conflito em que essas visões de mundo podem ser parcialmente verdadeiras.

Retenha o que é bom!

1.O Que É "Poder"?

Um pastoril humano? Não, isso apenas cabe a mentes doutrinadas pela religião, que também é uma espécie de poder, influência.
O poder é controle, por meio do medo, influência, satisfação, credo e organização.
O Estado é sua manifestação eterna onde, equivocadamente, é controlada uma minoria corrompida por outra minoria mais poderosa.
Mas não é disso que estou falando, o Estado é necessário. Necessário pois mantém o homem no controle de seus instintos e naturezas, por meio de dogmas e doutrinas, como leis divinas ou humanas, pois os líderes e sábios que as fizeram eram e são cientes do homem sem inibições.
O Estado é uma máquina má mas necessária para manter a civilização."
Fonte: FilosofiaEAfins
"Se você acredita em definições metafísicas de "liberdade", então poder é como descreveu. Entretanto, no meu ponto de vista, a "vontade de poder" é maior e precede qualquer conceito, logo, idealizar ou defender um Estado humano de não-poder, é só um delírio metafísico, perda de tempo."
Fonte: FilosofiaEAfins
"O Poder talvez seja a única verdade que se pode apreender do outro, e sempre apontará à violência física. A violência verbal, por exemplo, é um estágio pré-violência física, ou uma emulação civilizatória da mesma."
Fonte: FilosofiaEAfins
"Um Estado de "não-poder" ou de "não-violência", é um Estado capaz de emular a violência física; quando este Estado deixa de existir, ele passa a ser o próprio sujeito que violenta fisicamente, e quando este também deixa de existir, a barbárie se instaura através da violência física exercida por grupos menores (milícias), ou por entes individuais. Resumindo: o melhor ESTADO é aquele que EMULA a violência física por outros meios, principalmente o verbal (diplomático)."
Fonte: FilosofiaEAfins

A Visão 📖 Bíblica:

"Mais importa obedecer a Deus do que aos homens." (Atos 5:29 - ACF)
"Do SENHOR é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os seus habitantes." (1 Coríntios 10:26)
"Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui." (João 18:36 - ACF)
"Respondeu-lhe Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fora dado;" (João 19:11 - JFA)
"Porquanto não me envergonho do Evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que nele crê; primeiro do judeu, assim como do grego; visto que a justiça de Deus se revela no Evangelho, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: 'O justo viverá pela fé'." (Romanos 1:16-17)

2. Política, Simbologia & Linguagem

Política, Simbologia e Linguagem

Resumo do vídeo:

"Para Steven Lukes, é possível encontrar um cimento substantivo entre as esquerdas entre as direitas que separa as duas famílias: o princípio de retificação, à esquerda, mediante o qual o poder político procura corrigir as desigualdades naturais ou artificiais entre os indivíduos da sociedade; enquanto a direita tende a opor-se à retificação valorizando mais a liberdade individual e as inevitáveis desigualdades que emergem no processo.
Ou você privilegia a liberdade e as pessoas podem ser mais criativas e fazer o que elas quiserem e se diferenciar naturalmente do jeito que elas preferirem, ou você garante que as coisas não são injustas por causa do fato de que as pessoas são diferentes: ordem versus liberdade."
Rodrigo Mormillo Ferrari (Platinho), filósofo e sociólogo.
Fonte: 📖 Boris Bazhanov
“Memórias de um Secretário de Stalin”🤔💭

Você já parou pra pensar se o voto lida com "meios e fins" ou apenas com um "conflito simbólico" nas urnas? Em outras palavras: Vale votar pelo simbolismo das ideias defendidas (por mais que a prática das mesmas não se consolide) ao invés de entender a política como um jogo pragmático em que cada indivíduo decide participar ou não?

Não tenho certeza se "o homem é um animal político" dentro do Estado Moderno porque a balança de poder nunca pende para o indivíduo. Por exemplo: democracia é um engodo uma vez que a maioria das pessoas nem sabe no que (ou em quem) de fato está votando nem o que será defendido em última análise; e quem acha que sabe decide através de um viés ideológico limitado e não racional ou praxiológico, mas através de uma lente que distorce os fatos e o nome dessa lente é "ideologia".

Eleições lidam mais com um duelo simbólico que político. Ou seja, não importa de fato em quem você vota porque o status quo sempre permanece na mão de oligarquias/oligopólios e, portanto, eleições seriam apenas um termômetro simbólico de pra quais valores a sociedade pende. Daí o embate político pragmático de fato seria entre a percepção apolítica daqueles que não reconhecem o poder do Estado sobre si e os centralizadores, em maior ou menor grau, que acreditam na necessidade do Estado como uma ferramenta de planejamento central de um projeto de poder sobre a sociedade.

Por conseguinte, sendo as eleições um termômetro simbólico de para quais valores sociedade pende, indicariam apenas sobre quais metas quem assume os cargos de poder deve se debruçar a fim de mudar a opinião popular e os valores sociais conforme seu próprio projeto de poder e interesse.

Responda com sinceridade, quantos amigos você perdeu por causa de política?

Não muito tempo atrás questionei a meu irmão qual a necessidade da existência do Estado (entenda aqui "Estado" como governos coercitivos, impositivos e não voluntários em geral).

- Pense bem - dizia eu - qual a necessidade da existência de um Estado/governo se nós já vivemos a maior parte do tempo como se ele não existisse?

Meu irmão e eu discutíamos o monopólio da violência legítima que, juntamente com a cobrança de impostos, é o que caracteriza qualquer governo estatal de qualquer lugar ou qualquer época independentemente de a qual lado do espectro político ele se encontra.

Obs.: "Segundo Quintaneiro (2009), Max Weber entendia o Estado como uma instituição política, direcionado por um governo soberano, que detém o monopólio legítimo da força responsável por direcionar as regras e leis evidenciado pelo aparato administrativo. Além disso, quando uma regra não é cumprida a violência utilizada é considerada legítima pelo Estado para sua própria preservação."

Fonte: QUINTANEIRO, T. Um toque de Clássico: Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2009.

"O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância." (João 10:10 - ARA)

Note: Quaisquer semelhanças entre as duas citações não é mera coincidência!

- Quantas pessoas um pequeno exército consegue matar? Mais ou menos que o número de soldados que o compõem?
- Mais. - respondeu meu irmão.
- Nesse caso, a maioria é pacífica e só pode ser dominada por um governo estatal através do medo ou do desarmamento. O homem não é lobo do homem. Hobbes não poderia estar mais errado.

3. Um Pouco de História

Como Platão e Aristóteles definiam os regimes políticos?

Resumo do vídeo:

A visão política de Platão
"A gente compreende melhor os sistemas (de governo) quando a gente pensa geometricamente num losango cuja a ponta de cima é o governo justo de um só, a ponta de baixo é o governo injusto de um só, e o meio do triângulo de cima é representado pela aristocracia (um governo exercido por poucos que governam para o bem de todos), o meio do triângulo apontando para baixo é representado pela oligarquia e o grupo daqueles poucos que governam para seus próprios interesses e, aí sim, as bases dos triângulos que se tocam para formar um losango são a democracia, a boa e a ruim. A Democracia boa era o pior regime dos bons, mas a democracia era entre os piores regimes o menos mal."
Prof. Rafael Nogueira, Historiador.
A visão política de Aristóteles
"Aristóteles não tinha a mesma ojeriza que Platão em relação à democracia, ele distingue os regimes pela quantidade de governantes e pelo fim a que ele se volta. Então, o governo de um, poucos ou muitos. respectivamente, na sua forma virtuosa: a monarquia, aristocracia e a república, todas são legítimas se ordenarem a sociedade e se voltarem ao bem comum. O sistema degenerado é a tirania - um se impõe sobre os demais para o seu próprio bem; quando poucos governam para o bem de todos, é uma aristocracia; quando poucos governam para o bem de si mesmos você tem uma oligarquia; agora, se muitos governam pelo bem de si mesmos você tem uma demagogia ou uma democracia."
Prof. Victor Salles, filósofo.

4. Poder x Autoridade

A diferença entre poder e autoridade | Olavo de Carvalho | #shorts

Há uma certa corrente ideológica conhecida como Anarquismo Cristão. Alguns poderiam conjecturar que todo governo é instituído por Deus baseado em Romanos 13:1,2, mas tenho minhas dúvidas. Primeiramente porque o termo usado não é "governo" e sim "autoridade":

"Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência." (Romanos 13:1-5 ARA)

"'Autoridade vem da palavra 'autor': o sujeito que decidiu, que é autor de suas ações e é responsável por elas".

Segundo, se toda autoridade vem de Deus a mesma deve estar moralmente de acordo com Deus e, se não está, não deve ser procedente de Deus. Mesmo sabendo que Deus usa o mal, ele não o gera e o exemplo moral deixado por Cristo é o Norte que conduz o cristão a uma série de condutas que visa nos aproximar de Deus sendo benéfica para a sociedade, em última análise.

"A primeira cidade foi uma criação de Caim (Gênesis 4:17), enquanto que Seth e sua geração vivia em tendas. A criação de cidades exigia antes de tudo, a demarcação de território fértil para cultivo renovável do solo (exigindo com isso uma técnica agrícola – lembrando que Caim foi agricultor) e alimentação dos animais, tal demarcação exigia a construção de muralhas, exército, armas para a defesa do território. A guerra nasce com a origem das cidades, na defesa em que seus moradores fazem de seus territórios contra invasões, nascendo daí a noção de povo, língua, religião e raça própria, de uniformização da cultura. Com o aumento da população se diminui o espaço por habitante, surge a necessidade de expandir territórios – ocasião para uma nova guerra, dentro e fora do espaço urbano, origem da criminalidade e das campanhas militares (que na época era oriunda da posse ilegal de terras, fonte de toda a riqueza). O bandido é o soldado que luta contra o seu próprio país ou ainda, o soldado é o bandido que luta contra o país dos outros, nesse aspecto, ambos são moralmente idênticos, e se condenamos a ação do bandido, devemos condenar também a ação do soldado." (SANTANA, 2007)
Extraído de: disturbiossociais.blogspot

Esta citação já seria o suficiente para ao menos nos fazer refletir mas, como não é bom ter outras pessoas pensando no meu lugar, quero começar uma argumentação minha a partir da exigência do povo de Israel por um rei nos tempos do Profeta Samuel.

Deus é anarcocapitalista?

Para quem por acaso não conhece a história, vou resumir:

O povo de Israel não possuía rei desde a chegada em Canaã, tendo líderes apenas em casos de extrema necessidade, como em ocasiões de guerra. Estes líderes nem eram eleitos pelo povo nem obtinham poder por herança familiar (embora alguns esperassem que assim fosse, como se nota nos primeiros versículos de 1 Samuel 8). A escolha era totalmente aleatória do ponto de vista humano e feita por Deus como é explícito nos livros de Josué, Juízes e 1 Samuel (dos quais Samuel foi o último). Este já é um motivo forte o bastante para notarmos que Deus é o patrão. A escolha era feita de modo que alguém fosse um mediador entre Deus e o povo. Sem manipulação ou falha humana. Se Deus é O Rei, não deveria haver rei entre os homens. Desde que você creia em Deus, claro. Assim sendo...

1 - O povo pede um rei (1 Samuel 8)

2 - Deus fica "P" da vida (1 Samuel 8:7: “Não foi a você que rejeitaram; foi a mim que rejeitaram como rei.)

3 - Deus diz o que vai NECESSARIAMENTE ACONTECER DE RUIM se eles se tornarem um reinado (1 Samuel 8:11-20).

4 - O povo insiste querendo um rei e Deus diz algo que hoje soaria como: "Ok, mas depois que vocês se ferrarem legal, não digam que eu não avisei!" (1 Samuel 8:19-22)

5 - Israel se ferrou... várias vezes... por causa de reis ruins! Os relatos disso estão de 1 Samuel 9 até o Novo Testamento... Quem quiser ver os exemplos é só ler o que acontece depois disso na Bíblia.

Leia também: OLIVEIRA, Jean Paolo Martins de. Anarquismo Cristão. 18 de julho de 2021. Disponível em: <https://telegra.ph/Proibido-Pensar-07-18-7>. Acesso em: 12 ago. 2022.

Pensa um pouquinho comigo e vamos voltar no tempo: em alguma época o governo não existia e foi criado por alguma sociedade; então, se nós pararmos para pensar, uma sociedade "desorganizada" pode sim gerar formas de organização. Outra coisa: A maioria de nós não vive por política nem por fazer política, por checar política, por conhecer e ler sobre política nem por atuar politicamente... a maioria de nós simplesmente cuida da própria vida. Então, a menos que o governo desça às esferas inferiores para poder nos abordar diretamente no nosso cotidiano nós já vivemos como uma sociedade libertária em certo sentido. É desse raciocínio que eu tiro a noção de que esse é o arranjo natural de sempre da sociedade e o governo estatal que seria o "bug" no sistema.

5. A Origem dos Termos "Direita" & "Esquerda" na Política

Os autores contratualistas clássicos
"A origem desses termos, vocês sabem, é a revolução francesa. A revolução francesa iniciou-se porque o país estava quebrado economicamente, com o rei Louis XVI incapaz de minimamente fazer qualquer coisa. Em determinado ponto, grande parte da sociedade francesa sabia que as coisas precisavam mudar. A assembléia nacional uma espécie de parlamento paralelo ao parlamento oficial francês, tomou em suas mãos a ideia de resolver os problemas estruturais do país. Essa assembléia naturalmente se dividia com os girondinos, mais moderados e conservadores, sentando-se à direita e os jacobinos, mais radicais e revolucionários, à esquerda.
Mas mesmo aqui a visão direita-esquerda é uma simplificação da coisa. Havia, de fato, várias correntes. Haviam as pessoas leais ao rei, que queriam continuar a monarquia tal como estava e apenas passar reformas pontuais. Eram os legalistas. A maior parte dos girondinos defendia uma transição para um modelo como o inglês, uma monarquia parlamentarista. O rei continuaria como chefe de estado, mas não teria mais poder real, a assembléia tomaria o controle. Os jacobinos também não eram uma força única. A maior parte advogava pela república, a extinção da monarquia. Mas havia discordância sobre o destino do rei. Exílio? execução? Até que ponto a nobreza deveria ser extirpada? Fora da assembléia nacional, haviam ainda os sans-cullotes, que eram ainda mais radicais e pregavam o estabelecimento de comunas autônomas auto-governadas, ou seja, o enceramento completo do governo. Não é por outro motivo que o termo libertário hoje, na frança, ainda é associado a esquerda. Foram os primeiros que queriam sua liberdade
Veja que, desde aquela época, esquerda e direita eram simplificações grosseiras. Havia ideias bastante distintas em cada caso. Como toda política existem múltiplas facetas. Você pode dizer que a direita no caso referia-se ao conservadorismo a manter o que funciona atualmente, ao passo que a esquerda seria a revolução mudar tudo que está aí. Mas não é assim, porque embora jacobinos fossem revolucionários quanto ao sistema de governo, em outras áreas queriam manter controles autoritários. Direitos das mulheres e escravidão eram pontos de discussão constantes em que, muitas vezes, os papéis se invertiam.
Mas é importante destacar um ponto: tanto os jacobinos, como os girondinos e até os sans-cullotes todos faziam absoluta questão da propriedade privada. A constituição francesa destacava que homens nasciam livres e iguais e tinham direitos básicos como a propriedade privada. Porque, entendiam eles de forma correta, que abrir mão da propriedade privada era permitir ao rei, ao governo, o domínio sobre suas vidas. Lembre-se, todos se fiavam no mesmo lema Liberté, Equalité, Fratenité, ou, liberdade, igualdade e fraternidade. Eles brigavam contra a nobreza, porque era uma classe especial hereditária, que tinha direitos especiais acima do homem comum. Criticavam inclusive a propriedade privada da nobreza, posto que era imposta pelo rei, não necessariamente adquirida de forma ética. Mas não eram contra a propriedade privada em si, porque entendiam, corretamente, que isso é a garantia da liberdade.
Sabemos que a facção ganhadora dessa disputa foram os jacobinos mais radicais e que isso mostrou uma das falhas intrínsecas de revoluções absolutas. Começaram guilhotinando o rei e a nobreza. No final, estavam guilhotinando qualquer um que meramente não mostrasse entusiasmo absoluto pela revolução, e finalmente guilhotinaram o líder dos jacobinos o Robespierre. Se abrirmos mão do devido processo legal, um instrumento de justiça construído a duras penas em nossa história, se passarmos a aceitar mera acusação como suficiente para justificar execução, caça as bruxas inevitavelmente acontece. Mas essa foi só a origem dos termos, eles já eram imprecisos, mas ainda guardavam alguma lógica.
A primeira grande confusão dos termos esquerda e direita veio mesmo no início do século XX. Marx e a revolução russa introduziram novas ideias revolucionárias. Justamente porque Marx, dentro de sua visão do materialismo histórico, pregava o fim da propriedade privada. Pior, quando a revolução proletária natural, preconizada por Marx, nunca aconteceu, Lenin acabou inventando a revolução política mesmo, o Socialismo. Vamos tomar a propriedade de tudo para o estado, porque acabando com a propriedade privada dos meios de produção, acaba a mais valia e acabando a mais valia, na visão de Marx mesmo, o comunismo se seguiria. Esse pessoal gostava de se chamar de esquerda. Mas note, eles querem o contrário absoluto da esquerda revolucionária francesa. Enquanto os franceses queriam mais direito de propriedade privada, para protegê-los do estado, essa "nova esquerda" queria acabar com a propriedade privada entregando tudo na mão do estado. É quase que uma curva de 180 graus na posição.
Nova grande confusão entre os termos aconteceu na década de 1950, no pós-guerra, nos Estados Unidos, com a visão dos direitos humanos. Pela primeira vez na história, cogitou-se uma norma jurídica global, que todos os países deveriam obedecer".
Fonte: Peter Turguniev, em visaolibertaria.com
"Uma vez o Bertrand Russell disse que 'a premissa errada na mão de pessoas inteligentes se torna algo perigoso' porque elas acabam transformando mentiras em verdades. Não acho que 'o homem seja lobo do homem' nem que as pessoas sejam ruins por natureza, acho que elas podem tomar escolhas ruins. Os mitos geralmente estabelecidos pela esquerda é que a sociedade precisa de uma força superior como um Estado para poder se controlar e regular. Mas essa força acaba se tornando o que nos engole, substitui o papel de Deus, finge ser um pai populista e nos faz existencialmente irresponsáveis. Isso é nocivo. As únicas teses que valem à pena ser discutidas são aquelas baseadas na própria realidade e que podem ser verificadas."
Jean de Oliveira, Psicólogo.

6. Criação de Partidos Políticos no Brasil

1) Produção de programa partidário ou projeto de partido (pautas ideológicas)/estatuto;

2) Coleta da assinatura de 101 fundadores (eleitores residentes no Brasil com direitos políticos em dia);

3) Registro em cartório político do Distrito Federal;

4) Publicação do Estatuto no Diário Oficial da União - DOU;

5) Prazo de 100 dias para registro no Tribunal Superior Eleitoral - TSE após publicação do estatuto no DOU.

6) Coleta de assinaturas a nível nacional: Até 2019 exigia um mínino de 491.967 assinaturas por ao menos 9 estados (1/3) ou 0,1% do eleitorado por estado ou 0,5% dos votos válidos da eleição passada, tendo liberado também a coleta de assinaturas online desde então.

7) Aguardar julgamento no TSE.

Obs.1: Até 2015, a participação de um novo partido nas eleições só estava autorizada após 1 ano de seu registro.

Obs.2: Um partido recém-criado recebe de 2% a 5% do estipulado para fundo eleitoral. Partidos com maior número de congressistas eleitos recebem uma quantia maior de verba igualmente (95%), perpetuando famílias oligárquicas no poder desde 1988.*

6.1 - Legislação

Criação de Partido Político - Profº Omar Chamon. YouTube, 26 mar. 2015.

Um partido político é uma pessoa jurídica de direito privado.

A lei que rege a criação de partidos políticos no Brasil é a LEI Nº 9.096, DE 19 DE SETEMBRO DE 1995 que:

Dispõe sobre partidos políticos, regulamenta os arts. 17 e 14, § 3º, inciso V, da Constituição Federal.

Ao contrário dos Estados Unidos, no Brasil nós não podemos lançar "candidaturas avulsas" (individuais). As únicas candidaturas válidas são aquelas que ocorrem dentro de algum dos mais de 30 partidos existentes. A ausência de fidelidade partidária no Brasil acaba sendo vista como um dos mecanismos do "toma-lá-dá-cá" já que o Poder Executivo precisa do Poder Legislativo para aprovar pautas partidárias como leis a serem cumpridas e acaba conseguindo o convencimento dos senadores e deputados nas votações através da compra de votos e cargos.

6.2 - Um Pouco de História

O que são partidos políticos? | Brasil Escola (Prof. João Gabriel, 2020).

Os partidos políticos como conhecemos foram inventados no século XIX na Europa Ocidental e nos Estados Unidos no intuito de que determinados segmentos ideológicos pudessem representar parcelas da sociedade no processo de eleições.

Ao desassociar a candidatura de personalidades notáveis ou interesse na região pelo voto em legendas (partidos de massa), criou-se a possibilidade de carreiristas políticos, mais interessados em perpetuar seu poder piramidal dentro das estruturas parlamentares do que necessariamente representar a população, o que também implica num distanciamento do povo da vida política.

Antes do último de nossos processos de redemocratização (houve vários na História do Brasil) que culminou na Constituição de 1988, as eleições do Brasil eram bipartidárias entre os partidos MDB e Arena. Após 1979 e, oficialmente, na Constituição de 1988 o sistema se tornou multipartidário.

Aliás, supostamente, quem "representa" o povo no Brasil é o partido e não o candidato e sempre em caráter Nacional, e nunca Regional (apesar de partidos regionais terem sido comuns no período da "República Velha").

Consulte as referências em:

OLIVEIRA, Jean Paolo Martins de. Criação de partidos políticos no Brasil. 24 de agosto de 2021. Disponível em: <https://telegra.ph/no-title-08-24-10>. Acesso em 11 ago. 2022.

Como funciona o sistema proporcional que elege os deputados?
Resumo do vídeo: "Em 2018 apenas 27 deputados dos 513 deputados foram eleitos dependendo do voto direto. Isso significa que um deputado que ganhou 128 mil votos não é eleito, às vezes, em detrimento de um deputado com somente 200 votos.
No Brasil, na eleição de 2018, 95% dos deputados eleitos não se elegeram através de voto, mas da redistribuição de cadeiras pelos partidos, ou seja, a gente não escolheu essas pessoas! É legal? É legal: esse sistema se chama "voto proporcional", mas eu desconfio que os "eleitos" são ilegítimos - o deputado não precisa de voto para ser eleito, ele só precisa... do quê? De uma boa aliança, um bom arranjo partidário, porque se ele estiver um partido em que vai ter um deputado como o Tiririca, que puxa 1 milhão de votos, significa que ele vai botar mais 16 candidatos na posse, junto com ele, que não precisaram de votos!
Não conseguem votos mas estão lá dentro governando, votando pautas, escolhendo pela população e escolhendo "Fundão Eleitoral" que eles mesmos usarão para fazer propaganda de si mesmos. Mas pra conseguir vetar um quorum de impeachment tem que ter aprovação de pelo menos 25% desses caras. Não dá para votar/vetar nada com 5%, inviabilizando qualquer governo, porque quem veta ou aprova são os 95% que governam das sombras.
Não, não há interesse de representar a população porque não é necessário: não existe vínculo entre o voto e o candidato, só é preciso que existam os puxadores de voto."
Lucas Ferrugem, Brasil Paralelo.
"A população nunca teve poder nenhum sobre nada a não ser sobre a própria vida. Qualquer tentativa de fazer a população pensar que tem algum poder sobre as decisões do todo social é uma ilusão.
Aquilo que o candidato diz não necessariamente está relacionado com que ele vai fazer. Esse é o problema: você pode votar em uma pessoa e não saber se ela vai cumprir aquilo que disse que vai, ou se ela vai mudar de opinião e trair seus preceitos. Pessoas, em sua maioria, não votam pensando em 'projetos de poder', mas porque são obrigadas a votar. Você não tem garantia nenhuma de que a pessoa está entendendo o processo político nem que o próprio processo político seja legítimo. Entenda, se alguém vota em um candidato e não tem certeza do que vai ser feito e de como vai ser feito, e se não tem participação direta no que vai ser feito a democracia acaba se demonstrando como um engodo. A maioria de nós já vive como se o governo não existisse, por que não continuar e deixar isso para trás? As pessoas que têm vocação para o cuidado social vão manifestar isso em suas profissões ou na luta do dia-a-dia. Se isso não fosse verdade não haveria instituições de caridade, igrejas, nem ONGs."
Jean de Oliveira, Psicólogo.

Nas palavras de uma colega da Ágora de Filosofia & Afins:

"Eu não posso garantir que meu dinheiro vai ser bem usado... e normalmente não é... nenhuma forma de governo cria controles eficientes CONTRA o Estado, porque todos querem usufruir (roubar) o/do Estado!!! Isso tem q ser repensado... porque o imposto de hoje deve vir dos hábitos da monarquia feudal, idade média (mesmo que haja exploração do homem pelo homem desde... sempre?), imagino que na antiguidade as teocracias escravistas recolhiam impostos... enfim, imposto não volta para a sociedade, fica com os privilegiados que a sociedade doutrinada (porque não gosta de política), coloca no poder..."
Fonte: FilosofiaEAfins

Livros usados como base para este ensaio:

📖 "A Anatomia do Estado", de Murray Rothbard.

📖 "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", de Max Weber.

📖 "A Política", de Aristóteles.

📖 "A República", de Platão.

📖 "As 48 Leis do Poder", de Robert Greene.

📖 "Ciência & Política: Duas Vocações", de Max Weber.

📖 "Democracia, O Deus que Falhou", de Hans Hermann Hoppe.

📖 "Ética a Nicômaco", de Aristóteles.

📖 “Memórias de um Secretário de Stalin”, de Boris Bazhanov.

📖 "Microfísica do Poder", Michel Foulcault.

📖 "Nosso Inimigo, O Estado", de Albert J. Nock.

📖 "O Reino de Deus Está em Vós", de Leon Tólstoi.

📝Textos publicados originalmente no canal:

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