Um pequeno compilado sobre testes de inteligência e o desenvolvimento de inteligências artificiais...
Testes de inteligência! Você sabia que o tipo de inteligência medida neles é apenas lógico-matemática? E boa parte destes testes se parece com um quebra-cabeças justamente porque podemos usar imagens para sondar identificação de padrões, posição e até fazer cálculos aritméticos sem usar números ou escrita (já que muitas pessoas são analfabetas, surdas-mudas ou sofrem de discalculia).
Mas o que é inteligência? Normalmente associamos inteligência à capacidade de fazer coisas complicadas e é por isso que hoje trago a vocês a pergunta base para o chamado "Paradoxo de Moravec": por que inteligências artificiais conseguem resolver equações complexas, lembrar, evocar e trabalhar com uma enormidade de dados numa velocidade que nenhum ser humano poderia e, mesmo assim, robôs não conseguem ser programados suficientemente bem para desviar de obstáculos móveis como qualquer criança de 2 anos faz? Isto inclusive desafia nossas definições do que seja fácil ou difícil.
Muita gente considera este paradoxo resultado de os seres humanos terem evoluído ao longo de milhões de anos se especializando lentamente em tarefas motoras enquanto que inteligências artificiais, mesmo aprendendo exponencialmente mais rápido que nós à medida que as alimentamos com bilhões de dados, estas mesmas inteligências artificiais não detém do análogo desenvolvimento que tivemos no quesito movimento.
...Aliás, se uma máquina consegue evoluir cognitivamente o equivalente a milhões de anos em pouco tempo sendo alimentada por bilhões de dados, por que tem gente que acha impossível uma mente com bilhões de dados ter projetado em pouco tempo a existência das coisas? Taí uma coisa que eu nunca vou entender.
Mas, voltando ao assunto, se inteligência é normalmente vista como "o que nem todos conseguimos fazer, o que não vemos todo dia, o ser capaz de fazer facilmente coisas que são difíceis para outros... Seria possível que estejamos de fato enganados já que o fácil pra máquina nos é difícil e o difícil pra nós é fácil pra máquina?
Muito do que foi desenvolvido pela ciência da computação foi retirado de modelos psicológicos de como o cérebro percebe sons, imagens e como trabalha com o input e o output de dados a ponto de escritores como Isaac Asimov terem escrito trabalhos notáveis de ficção científica com direito até a "psicólogos de robôs" (o que não está tão longe da realidade se você for trabalhar em áreas como aprendizado de máquina ou redes neurais).
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Apesar de todos os avanços, ainda tem um probleminha com as inteligências artificiais: se ninguém consegue competir com uma máquina e não há nada além dela mesma que garanta que o cálculo por ela realizado esteja certo (como acreditamos estar) como teremos certeza de que a máquina não está enganada?
Para outras questões problemáticas envolvendo inteligências artificiais há um Documentário da IBM transmitido pela Discovery Brasil chamado "Por Trás da Inteligência Artificial" que é bastante esclarecedor.
Aliás, para entender a diferença entre a inteligência humana e a inteligência artificial, vale usar uma breve referência ao filósofo Bertrand Russell:
"No universo de Russell não existem verdadeiramente objetos tais como livros ou casas, nem pessoas como Churchill ou Marxis, mas apenas dados sensoriais, que são os elementos dessas construções simbólicas ou lógicas. Se digo, por exemplo, "O autor de Waverley era escocês", devo traduzir a frase numa sequência de sentenças logicamente depuradas, o que resultaria em:
1 - "X escreveu Waverley" não é sempre falsa;
2 - Se X e Y escreveram Waverley, X e Y são idênticos;
3 - "Se X escreveu Waverley, X era escocês é sempre verdadeira.
Isso, em linguagem ordinária, significa que ao menos uma pessoa escreveu Waverley; que no máximo uma pessoa escreveu Waverley e que quem quer que tem escrito Waverley era escocês. Essas proposições atômicas esclarecem o sentido da frase original, que é de uma complexidade lógica que só se revela na análise.¹"
¹ - Fonte: Coleção "OS PENSADORES" - História da Filosofia. Organizado e redigido por Bernadette Siqueira Abrão8 Revisto por Mirtes Ugeda Coscoda. São Paulo, 1999. Editora Nova Cultural.