strike one;
— Duas semanas. Fazem duas semanas que você está aqui e já está levando sua primeira advertência. Quer bater algum tipo de recorde, Jo Kyuhwan?
As palavras ríspidas vinda do homem que tanto admirava faziam o sangue de Axel ferver, as unhas se afundando um pouco mais no braço da cadeira com cada frase. Odiava cada segundo daquilo tudo. Odiava ter sido deixado esperando por dezenas de minutos por essa conversa sem saber se Theo estava bem. Odiava ser punido por ter a atitude mais racional que já teve desde que pisou naquele complexo. Se soubesse que acabaria ali, teria se juntado a Duckhwan, e não tentado pará-lo.
— Quando recebi sua sua inscrição, sabia que não te queria no meu time. — Shuu continuou, sentado de braços cruzados na cadeira, parecendo ainda mais irritado que o de costume. — Já te vi na pista. Você é irresponsável. Um idiota arrogante que se acha melhor do que realmente é. Se está aqui, é porque o diretor insistiu em te dar uma chance.
— Eu sou bom. — Retrucou, as palavras escapando por entre os dentes serrados antes que pudesse segurá-las. — Pode dizer o que quiser, mas nenhum outro cara aqui faz o que eu faço.
O pensamento pareceu divertir o Yamaguchi acima de tudo, a sobrancelha erguida sendo um golpe pior no ego de Axel do que qualquer ofensa que já havia ouvido durante os treinos, pior até do que a insinuação de que não merecia estar ali.
— Não, não fazem. Diferente de você, eles sabem se portar como os adultos que são.
Abriu a boca para rebater, mas uma mão levantada o calou. Shuu respirou fundo, pondo-se de pé para apoiar-se na mesa entre eles.
— Essa foi a primeira de três chances. Comece a andar na linha ou saia da minha equipe, entendido?
Sustentou o olhar do treinador, o queixo permanecendo firmemente erguido, o maxilar trancado no lugar. Não era de ceder tão fácil, principalmente quando não era o errado da situação.
As mãos tremiam na cadeira, a garganta ardendo com todas as palavras que queria gritar contra seu antigo ídolo. Mas lembrou do pânico que sentiu ao ver Theo caído junto aos armários do vestiário, dos olhos vazios de Duckhwan enquanto disparava soco atrás de soco no culpado por aquilo tudo, que já mal respondia. Lembrou da dor de cada um deles que recebeu quando colocou-se entre os dois para separá-los antes que o atleta saísse de mais da linha e acabasse se encrencando também. Naquele momento, tinha mais coisas com que se importar.
Engoliu tudo o que queria dizer, as palavras deixando um gosto amargo em sua língua, e, lentamente, assentiu.
— Ótimo. Está dispensado. Não apareça mais na minha frente hoje.
Pôs-se de pé imediatamente, sem se importar com qualquer palavra ou gesto de reverência antes de sair da sala em passos largos, pronto para fazer o que deveria ter feito desde o início e correr direto para a enfermaria. Teria chances mais que suficientes de fazê-lo se arrepender do que disse nos amistosos, e não pretendia decepcionar.