Legado & Sina
June 16, 2023

CAPÍTULO XXXIX: VINTE ANOS DE EMPRÉSTIMO

Matheus

– Está na hora de acordar.

Disse sorrindo e sussurrando, tentando ao máximo não acordar o Roman.

– Ollie? O que está fazendo aqui?

Killian perguntou abrindo os olhos devagar, me encontrando de joelhos, na cabeceira da sua cama encarando seu rosto sonolento.

– Vim te trazer seu cupcake de aniversário.

Disse mostrando a ele o cupcake de veludo vermelho com creme de manteiga e uma vela acesa.

– Hoje é o meu aniversário? – comentou ainda sem mexer mais do que suas têmporas – Pois acho que esqueci.

– Meio que eu também, então vai ter que deixar para receber seu presente depois, pois eu ainda nem pensei em qual vai ser ele.

Acrescentei.

– Está tudo bem, vamos só dizer que eu o recebi na semana passada.

Comentou com um sorriso malicioso que quase fez a raiva que ainda estava dentro de mim se apaziguar. Pois parte de mim ainda remoía o que tinha acontecido com meu pai, mesmo que eu tentasse ignorar, para o bem do meu relacionamento.

Contudo todo o medo estampado no rosto dele, como se eu quisesse invadir seus mais íntimos segredos por prazer, me deixava com raiva e me fazia querer chorar, ao mesmo tempo.

– Como foi com o seu pai?

Perguntou como se lê-se a minha mente, percebi segundos depois que ele estava lendo a minha expressão e o meu silêncio em vez disso.

– Confuso. Ele falou muita besteira, mas não quero falar disso. Não quero mais saber dele, estou bem não estando bem.

Esclareci.

– Tudo bem então. Tentei esperar vocês, mas quando voltou você não saiu do quarto, Joshua disse que você não queria conversar com ninguém, então esperei acordado, pensando que talvez fosse me chamar alguma hora.

Comentou brincando com o meu cabelo.

– Que horas você dormiu então, Killian?

Perguntei confuso.

– Não sei, as quatro, quatro e meia da madrugada.

– Isso foi há um pouco mais de meia hora atrás, não deveria ter ficado acordado.

– Está tudo bem, agora você poderia subir aqui e deitar comigo. Prefiro isso ao cupcake.

Comentou agora já de olhos fechados.

– Adoraria me enroscar do seu lado e fingir que o Roman não está na cama ao lado...

– Então vem.

Interrompeu agarrando meu ombro.

– Me deixa terminar – comentei sorrindo – Mas eu não posso, pois acho que se eu entrar ai não vamos sair hoje e eu não vou ser pego transando com você quando as luzes acenderem, não mesmo. E de qualquer maneira você precisa dormir, vamos sair à noite.

– Não... Fica comigo a noite. Posso dispensar o Roman para algum lugar, qualquer lugar.

Comentou entre um bocejo.

– Estou ouvindo tudo isso, só para constar.

Roman comentou com uma voz rouca de sono, pondo um travesseiro sobre a cabeça.

– Bom que esteja Roman – respondi rindo – A diretora me entregou convites para uma suposta festa na Arcádia hoje à noite, e eu sei que não somos os maiores fãs de lá, mas acho que ela quer fazer disso o presente do Killian, então devemos ir. Todos os seis, e a Lexa não vai nos dar muita escolha. Vamos rapidinho, bebemos um gole de vodka e voltamos, okay?

– Okay.

Disseram os dois.

– Agora vou deixá-los dormir.

Completei deixando o cupcake na escrivaninha do Killian, sem me preocupar se a vela acesa fosse causar um incêndio.

Lexa

Era inacreditável como nosso pai tinha o dom para estragar tudo em tão pouco tempo. Se era hereditário eu não sei.

Depois do episódio no restaurante eu ainda não sabia bem como processar as coisas em relação a meu pai. De um lado eu queria tentar entender o seu lado e apaziguar toda essa confusão, mas de outro eu não poderia mais negar as coisas obvias e gritantes que viviam sempre acontecendo. Contudo ainda tínhamos o aniversário do Killian para lidar e era nisso que eu iria focar, e meu irmão também.

– Vocês estão calados.

Amora comentou do meu lado, fitando a professora MiMi.

– Só pensando – disse com aquele sorriso plástico no rosto – Mas o que acha de irmos hoje, para lá?

– Uma péssima ideia, tenho uma sensação estranha na boca do estômago. Mas não sei dizer se é pelo bolinho que eu comi ou por que não gosto daquele lugar.

– Isso é verdade, mas pode ser legal, é algum tipo de festa particular.

Disse pegando o meu convite de dentro do meu livro das sombras.

Era um convite padrão, menor que a palma da minha mão com o emblema da Arcádia de um lado, aquela flor estranha, e as informações da festa ao estilo V.I.P., o que poderia ser qualquer coisa.

Quem sabe pudesse ser realmente interessante.

– Prestem atenção, senhoritas.

Disse a professora então deixei tudo aquilo ir embora.

Matheus

– Temos certeza disso?

Joshua perguntou enquanto arrumava o cabelo.

– É só uma festa Josh, mas você pode ficar se quiser.

Respondi mordendo os lábios.

– Ha ha. Você fala como se realmente tivéssemos opção, ou vamos todos ou ninguém vai, ou qualquer coisa do gênero que a Lexa pudesse dizer. E nesse caso, eu acho que concordo com ela. E também não seria justo com o Killian, ele é meu amigo também.

Peguei minha jaqueta roxa e a coloquei, verificando minha pulseira de prata, o relógio de bolso, a carteira e o celular. Tudo estava pronto, mas minha vontade era de deixar o relógio jogado em qualquer canto, porém, lá fora poderia ser necessário, e isso me irritava.

Já estão prontas?

Perguntei a Lexa.

Sim, já estamos indo para garagem.

Disse ela cortando a ligação.

– Até a Lexa parece desanimada.

Comentei me virando para o espelho.

Eu também não estava animado, nem um pouco, mas era necessário. E talvez fosse até bom para nos distrair.

– Ela não quer ir?

Josh perguntou.

– Não é isso, acho que foi por causa de ontem.

Esclareci.

– Você ainda não me explicou o que aconteceu lá.

– Vamos deixar para ter essa conversa quando voltarmos dessa noite, okay?

– Certo, vamos festejar então.

Disse ele fazendo um movimento de levantar os braços fingindo animação, atravessamos a porta logo em seguida, encontrando Killian e Roman parados nos esperando.

Josh vestia o colete preto que usou no meu aniversário, e uma gravata borboleta preta comum, por cima da gola da camisa branca de botões com pequenos flocos de neve negros. Killian usava o seu sobretudo de couro gasto e Roman uma simples camisa de manga longa cinza.

– Roubando as cores da Amora?

Perguntei em direção a Roman fazendo piada. Joshua riu.

– Só experimentando o estilo, só experimentando.

Respondeu.

– Vamos logo, antes que as garotas comecem a nos chamar. Elas já estão esperando.

Joshua acrescentou.

Lexa

Como uma bússola apontada para o norte, nós viramos automaticamente para a porta da garagem quando os rapazes surgiram.

– Feliz aniversário, você está oficialmente na casa do dígito dois.

Disse parabenizando o aniversariante, Amora só sorriu.

– Oficialmente, e sem dúvidas, o mais velho de todos.

Killian respondeu, e isso era verdade, já que a diferença entre ele e a mais nova de nós, Amora, era de quatro anos. Com Killian com vinte anos e Amora com dezesseis.

– Já podemos ir agora?

Amora perguntou impaciente, ela estava com um humor estranho hoje.

– Claro.

Roman respondeu balançando as chaves e destrancando as portas.

– Vocês são um casal agora?

Perguntei sarcasticamente para ele movendo meu olhar na direção da Amora, que como sempre estava vestida de cinza como ele.

– Minha blusa é branca, dessa vez.

Comentou ela sorrindo, só o seu cardigã, sapatos com adornos de metal, e short jeans curtos eram cinza. Só.

//

Diferente das outras vezes, foi necessário mostrar os convites para conseguir entrar na boate, e não só fazer meus olhos cintilarem.

– Como a diretora conseguiu esses convites?

Perguntei antes de ficar chocada.

A boate parecia tudo, menos com a Arcádia. Estava cheia, literalmente cheia dos mais estranhos tipos de pessoas que eu já vi em toda minha vida. Como uma mulher quase três vezes maior que eu usando somente um espartilho e minissaia, duas dragsqueens bronzeadas vestidas de unicórnios-bailarinas cor de rosa ou o cara de moicano verde florescente com dentes avermelhados.

– Acho que não vamos querer saber.

Math me respondeu depois de uns minutos

– Vamos nos misturar então.

Disse Roman começando a dançar.

Math pegou Killian pelos braços e começou a puxá-lo para pista de dança, e eu nunca o tinha visto iniciar esse tipo de comportamento antes. A visita do nosso pai tinha mexido com ele com certeza, ele só não estava pronto para dizer em voz alta.

– Vão dançar também.

Disse para Amora e Joshua, que encaravam alguma coisa.

– O que aconteceu com aqueles caras ali?

Joshua perguntou confuso.

– Íris.

Respondi reconhecendo a visão turva e as emoções totalmente dopadas que eu recebia dos rapazes em questão.

Dentro desse lugar eu tinha que me concentrar para não ficar anestesiada somente pelas emoções alheias, porém, ficar tanto tempo bloqueando o senhor Garrett tinha me dado mais experiência nisso do que eu imaginava. Parecia quase intencional, mas no caso dele era difícil entender o que se passava naquela mente perversa.

– Um último lembrete – disse Joshua pegando Amora pelo pulso – Não me deixem beber.

Matheus

Agarrei o rosto de Killian e o beijei, tentando focar minha mente na sensação mais do que conhecida e adorada da pele quente dele e da sua língua. Era como se um líquido ardente descesse pela minha garganta e aquecesse meu estômago.

– Você está bem?

Perguntou ele, pela décima vez hoje.

– Vodka. Preciso de vodka.

Respondi sem acreditar como era fácil mentir para mim mesmo.

– Achei que o aniversário fosse meu.

Disse ele sorrindo.

– E é, e você vai conseguir vodka.

Disse mais uma vez me virando, e esbarrando diretamente com Samir.

– O que está fazendo aqui? – perguntei esquecendo a educação – Quer dizer, está aqui sozinho?

– Ah... Aparentemente sim, Zander deveria me encontrar aqui.

Disse ele totalmente perdido, seus olhos eram de um verde escuro penetrante. Fiquei curioso ao perceber que não sabia muita coisa sobre ele. O escuro dos olhos, o preto dos cabelos. Até mesmo o significado do seu nome e o país de onde vinha, mas fora isso, nada realmente pertinente.

– Pode ficar conosco, se quiser.

Killian sugeriu.

– É. Josh, Roman e as meninas também estão aí. Pode dançar com a gente.

Completei sorrindo em tom afetado.

– Vou continuar procurando, talvez ele esteja aqui em algum lugar. Mas obrigado.

– Se não encontrá-lo, nos procure. Okay?

Perguntei.

– Sim, pode deixar. Até depois.

Então ele se virou e desaparecendo entre uma sereiana de longos cabelos cacheados e escamas douradas nos braços e parte do rosto.

– Sabia que ele veio de Israel?

Perguntei, sei saber o porquê de ter dito aquilo, mas Killian não chegou a ouvir.

– Ele não é o único.

Killian comentou apontando com o queixo para trás do meu ombro.

Me virei até encontrá-los.

Rex e Skandar estavam aqui também.

– Isso é estranho, quem mais recebeu esses convites?

Perguntei agora realmente curioso.

– Quem sabe, mas Evangeline deve estar tramando alguma coisa.

Acrescentou intrigado.

Lexa

– Tem algo estranho em vocês dois hoje.

Disse Roman perto do meu ouvido, tínhamos nos aproximado ainda mais do DJ e a música tinha ficado incrivelmente alta.

– Nada demais, juro.

– Vou acreditar então.

Comentou e aquela sensação de que alguém me observava surgiu.

Me virei no automático procurando quem fosse essa pessoa, e foi rápido na verdade encontrá-la. Ela tentou desviar o olhar, mas eu a reconheci rapidamente.

– Katerina Yorke está aqui.

Comentei a Roman quando finalmente a música abaixou.

– A que fica paquerando você?

– Não paquerando, mas olhando quando eu não estou supostamente vendo.

Esclareci sorrindo, aquilo até parecia ciúme na voz dele, mas não era, ele estava era mexendo comigo.

– Você nunca... Er...

– Quis experimentar? É isso que quer perguntar?

– É.

Confessou.

– Não, nunca. Sei do que gosto, e gosto bastante.

– Não me faça te levar para o banheiro escondido.

Disse ele cínico.

– Talvez devesse. Sou uma garota má, e preciso ser punida por falar demais.

Disse tentando ao máximo imitar uma voz sensual e pervertida, mas foi inútil por causa dos movimentos involuntários que meu corpo causava, tentando rir.

– Você não disse isso...

Respondeu abafando uma risada com os dentes.

– Eu sei...

Comentei já o beijando.

Matheus

– Prepare-se.

Disse Killian me puxando para o lado, quase me fazendo esbarrar em um rapaz fantasiado de Homen-Aranha.

– Para o que?

Perguntei, mas ele só teve tempo de abrir um grande sorriso.

– PELOS MEUS SANTOS APLIQUES!

Gritou alguém atrás de mim quase fazendo o chão tremer, mesmo isso sendo efeito das batidas da música.

Um braço gigante surgiu por detrás de mim e agarrou Killian, fiquei parado sem reação ao perceber que ele retribuiu o abraço naturalmente.

– Pela Deusa, você continua ainda tão lindo como sempre foi – disse ela novamente – E quem é esse coelhinho bonitinho?

Perguntou.

– Coelhinho?

Repeti surpreso.

– Matheus Herveaux – disse Killian ainda com o sorriso no rosto – Meu namorado.

– Não acredito – gritou novamente – Você encontrou um dos bons dessa vez. Nada como Ritchie James de novo, num é? Ele era um horror, uma péssima drag, aliás. Madonna teria mais sucesso que ele, se tivesse nascido homem. Não que ela não tenha.

Comentou por fim rindo da própria piada ambígua.

– Você já namorou uma dragqueen?

Perguntei um pouco surpreso.

– Não durou muito.

Ele tentou dizer, mas foi cortado.

– É claro que ele já namorou uma drag, fui eu que os apresentei, e eu sou a rainha delas. Como pode ver.

E ela tinha razão.

– Fortelucy é o nome dela, aliás. Uma amiga antiga.

Killian acrescentou esclarecendo.

Fortelucy era enorme, mas muito bonita. Estava trajando um vestido verde funil, com uma peruca longa e esverdeada, com batom, maquiagem e todo tipo de adereço na mesma cor. Isso me lembrava muito a Amora.

– Não diga antiga, amorzinho. Me faz parecer velha, e eu não tenho mais do que vinte aninhos, como você.

– Você se lembra?

Perguntou surpreso.

– Do seu aniversário? Claro que sim. Foi no dia que a Kiara Dinamite teve aquele probleminha no palco, e todo mundo teve que trocar de roupa depois do jato de vomito dela. Claro que usar íris ruim dá nisso.

– Íris causa esse tipo de efeito?

Perguntei surpreso.

– Todo tipo de efeito, mas muda para cada ser místico. Mas para nós bruxos, é um alucinógeno. Para feéricos pode causar alguns efeitos diferentes.

– Bom saber.

Disse antes que alguém me agarrasse pelo braço.

Agradeci mentalmente por sempre usar roupas com manga longa, pois aquele toque surpresa teria me deixado tonto, abri a boca para reclamar ou xingar alguém, mas fui tomado pelo susto ao ver que era Skandar, junto de Lexa e Rex.

– Olha só, mais gente nova e bonita.

Disse Fortelucy, mas a expressão nos rostos deles era de outra coisa. O que em teoria deveria explicar por que minha irmã estava com eles e mais importante ainda, tinha os levado até mim e Killian.

– O que aconteceu?

Killian perguntou fitando Rex com raiva reprimida, algo que ainda pesava em mim.

– Birdy ligou – disse Skandar assustador – A academia está sobre ataque.

Lexa

Matheus e Killian tomaram a notícia em um baque só, como eu e Roman, que tinha ido procurar Amora e Joshua.

– Precisamos ir então.

Math comentou pasmo.

– Tem outros de nós aqui, temos que avisá-los.

Rex acrescentou.

– Eu vi Katerina há alguns minutos.

Completei.

– Math e eu encontramos Samir, ele estava perdido procurando pelo Zander.

Killian acrescentou.

– Vi Jawantz na portaria antes de entramos, ele ainda deve estar aqui.

Skandar comentou olhando ao redor.

– Onde está o Roman?

Math perguntou.

– Aqui.

Respondeu ele surgindo por de trás da dragqueen sobre tons de verde, com Amora e Joshua.

– Roman e eu vamos procurar os outros – disse Killian em tom sério, ele estava se posicionando como um líder novamente – Todos vocês esperem lá fora.

– Não demorem, por favor. Birdy está com medo.

Skandar comentou apavorado pela segurança da namorada, então nos dividimos.

Agarrei meu irmão por uma mão e começamos a correr para o lado de fora, junto dos outros, esbarrando em qualquer um que pudesse aparecer, sem nos preocupar.

Atravessamos a rua e paramos na frente do jipe do Roman, tentando escapar dos ruídos da boate.

– O que ela disse exatamente?

Amora perguntou a Skandar.

– Ela disse que bolas de fogo caíram do céu e que tudo começou a tremer, depois a ligação caiu e eu não consegui retornar. Ou ligar para mais ninguém.

– Está acontecendo hoje, nessa noite?

Joshua perguntou olhando para mim e a namorada, mas não sabíamos a resposta.

– Sente alguma coisa, Amora?

Perguntei, Rex me encarou confuso, ele estava prestando atenção minuciosamente.

– Estou confusa. Está tudo confuso. Não consigo me concentrar.

Respondeu.

– Qualquer sensação nova ou estranha, nos avise. Vamos precisar de toda informação.

Disse Math com a voz tremida.

– Ali estão eles.

Disse Rex apontando para Killian do outro lado, Roman e ele tinham encontrado Jawantz, Katerina e Samir, e também Tate.

– Tate também veio?

Perguntei confusa, por que todos eles estavam aqui, eu não fazia ideia.

– Faz diferença?

Skandar perguntou, mas não o respondi, não sabia o que responder.

– Temos que ir para lá agora.

Jawantz disse com sua voz grossa. Havia purpurina em metade do seu blackpower, obviamente transferido de alguém que ele esbarrou na boate.

– Então nos separamos e vamos – disse Killian pegando a chave da sua moto – Vocês vieram como para cá?

– Na moto do Skandar.

Rex respondeu.

– Eu peguei o ônibus.

Disse Samir amedrontado.

– Nos dois pegamos um taxi.

Katerina respondeu apontando para si e Tate sem sequer me perceber.

– E você?

Perguntei a Jawantz.

– Eu vim de carona com alguns amigos que fiz na cidade. Mas eles estão lá dentro.

– Roubem um carro e dirijam até a academia, sabem o caminho?

Killian perguntou diretamente para Jawantz.

– Acho que sim.

– Siga um de nós por via das dúvidas – disse Roman apontando para seu jipe e a moto de Killian – E não se percam, agora vamos.

Matheus

E finalmente o frenesi da batalha havia se iniciado.

Meu coração batia a mais de mil por hora, e o da minha irmã também. Dava para ouvi-lo como da primeira vez que nos encontramos no aeroporto, aquele som ritmado ao meu. Porém, não era só esse que eu ouvia, eu conseguia, bem no fundo, indicar outros. Mais quatro.

Agarrei com toda força que pude a cintura de Killian, não porque estava com medo de cair da moto, mas em uma tentativa infantil de conseguir me sentir seguro. Mas não funcionou.

Killian parou a moto em um movimento que eu nunca vi, arrastando os pneus criando aquele som de queda que guinchava.

Pulamos da moto e a deixamos cair sobre o asfalto sem nos importar e corremos na direção dos portões. Tudo estava completamente diferente.

O som de mais uma moto e um carro parando ocorreu em seguida. Contudo, não tinha nada mais para se fazer além de observar.

– O que aconteceu?

Skandar perguntou com seu celular no ouvido, mas a pergunta era para nós.

– Modo de Defesa Cofre.

Disse Killian.

– Explique-se.

Rex o questionou, outro carro parou de qualquer maneira, uma caminhonete laranja. Estávamos reunidos agora.

– Um modo de proteção da academia, ela literalmente se lacrou. Nada entra, nada sai. Estamos presos desse lado e eles do lado de lá.

Esclareceu.

– Presos?

Lexa perguntou pasma.

– Por que fariam isso conosco do lado de fora?

Josh perguntou.

– Não fizeram, a academia entra em modo automático para situações diversas. Não teriam como adivinhar.

Killian tratou de responder.

– Teriam sim, não veem? É óbvio.

Amora comentou com os olhos vermelhos.

– O que é óbvio, Amora?

Lexa perguntou.

– Os convites, é claro. Ficamos aqui de propósito. Eles sabiam que ficariam presos, nos deixaram aqui para proteger o selo.

E isso fazia completo sentido.

– Mas por que os outros?

Roman perguntou fitando a academia, que estava encoberta por uma névoa negra que nos impossibilitava de enxergar o outro lado.

– Deve ter um motivo...

Lexa sussurrou antes de saltar na minha frente e enfiar as mãos dentro do bolso da minha jaqueta.

– Cuidado.

Disse, mas ela ignorou.

– Quem deu um desses para vocês?

Perguntou ela aos outros, mostrando o convite.

– O professor Siegfried me deu um hoje – Tate respondeu – disse que seria bom para mim ficar perto dos vivos de novo, por causa... Da Lly.

– Você contou a ele?

Amora perguntou surpresa.

– Fora vocês eu precisava contar a alguém, ele sempre me deu mais atenção, por causa do meu dom.

– Okay, e vocês?

Perguntei.

– A professora MiMi, nos deu os nossos – disse Rex – Disse que encontrou mais cedo nas ruelas do perigo, literalmente foram essas suas palavras.

– A professora Moraes, me deu esse – Jawantz foi o próximo – Ela gosta de mim, sou bom nas aulas práticas, muito bom. Disse que era uma recompensa, e eu combinei com esses meus amigos.

– Katerina?

Killian perguntou.

– A diretora deu o meu, ela só disse para eu ir sozinha e com minha melhor joia.

Respondeu balançando uma pulseira cheia de pequenos pingentes de prata.

– Eles mandaram vocês conosco por um motivo – disse Killian – Vamos ter que descobrir esse motivo, mas agora temos que ir para um lugar seguro.

Comentou olhando para Roman.

– É o único local que temos, deve servir.

Roman respondeu entendendo exatamente o que ele queria dizer.

– Espera, por que eles nos mandaram para vocês e o que está acontecendo?

Rex perguntou.

– Estamos sobre ataque Rex – Lexa respondeu sem nenhuma paciência – Ataque dos demônios, e nós somos sua única chance, como vocês aparentemente são as nossas. Mas nós seis treinamos para esse dia, não vocês, então sigam nossas ordens e continuem vivos, okay?

– Vocês estão completamente loucos!

Retrucou gritando.

– Rex, por favor, nos escute.

Supliquei e ele parou de gritar.

– O que tem de especial em vocês afinal de contas?

Perguntou em tom baixo, se acalmando... Por minha causa?

– Isso.

Disse Lexa levantando a palma da mão direita e todos a imitamos, mostrando as marcas desenhadas em fogo e magia que não se escondiam fora dos muros da academia.

– Vocês completam um círculo.

Exclamou totalmente atônito.

– Agora precisam nos ouvir, temos um lugar seguro que pode nos proteger, mas temos que ir logo – Roman ressaltou com seu olhar girando em todas as direções – Eles podem voltar, e não queremos enfrentá-los em céu aberto. Ninguém mais deve estar vendo isso fora nós, então temos que ir. Vamos lutar e vamos tentar ajudar, mas não aqui. Agora me sigam, certo?

– Okay!

Responderam em uníssono.

Lexa

E aquilo estava realmente acontecendo. Mesmo que fosse loucura demais imaginar, era verdade.

Roman dirigiu como um louco passando direito por todo sinal amarelo e vermelho que viu sem se importar. Amora usou seus poderes para nos disfarçar de carros de polícia e uma ambulância para nos impedir de sermos parados pelos policiais. Não perguntei como ela conseguia manter tantas ilusões em velocidade diferentes ao mesmo tempo, mas não parecia ser uma tarefa fácil já que ela estava franzindo a testa e Joshua segurava sua mão fornecendo mais energia e talvez foco para concentração.

Quem sabe todos estivéssemos.

Chegamos vinte e cinco minutos depois, em minutos que se arrastaram como horas. Minha vontade foi de perguntar por que os pais de Roman escolheram uma casa tão afastada, só então percebi que se ela fosse perto demais da academia poderia levantar suspeita, e se estivéssemos fora daqui, como estamos na situação atual, as proximidades da academia seriam os primeiros lugares onde estariam procurando por nós. Um lugar nem perto nem longe era mais adequado.

– É aqui?

Joshua perguntou assim que saímos do jipe.

O lugar onde o endereço nos levou era uma casinha pequena e simples de alvenaria, totalmente destruída pelo tempo e intempéries no geral. Totalmente abandonada.

– Talvez você tenha se confundido.

Disse me voltando para Roman, mas ele já estava perto da caixa de correio meio destruída da casa.

– É aqui, olha – disse apontando para um símbolo sinuoso entalhado no metal – É a marca da união, é o local.

– Então vamos entrar.

Amora entoou.

Escondemos o jipe atrás da casa, junto das duas motos que chegaram ao mesmo tempo. Jawantz deu a volta e escondeu a caminhonete laranja dentro de um terreno abandonado com um feitiço de disfarce.

Esperamos ele voltar com os outros e abrimos a porta.

– Deus...

Disse surpresa, a casa por dentro não era nada do que eu imaginei. Era imensa. Limpa, e cheia de... Prata.

– Isso são armas?

Samir perguntou assim que entrou.

A casa parecia na verdade um armazém de metal.

Tínhamos uma pequena cozinha no canto e uma entrada escrita banheiro, camas alojadas na parede e colchonetes. Alguns alvos para tiro, e por todos os lugares, sem deixar nem mesmo um espaço vazio, havia armas de todos os tipos.

– Meus pais não nos deram só um refúgio caso as coisas fiquem feias, eles me deram um arsenal inteiro para nos proteger.

Roman comentou com um sorriso de orgulho no rosto.

– Precisa nos mostrar como usar essas coisas, presumo que saiba pelo menos.

Rex comentou apontando para as espingardas.

– Sei como usar todas as armas de tiro, só não sou bom com as facas e os arcos.

Roman o respondeu.

– Eu sou boa com as facas.

Disse Katerina tão chocada quanto todos.

Isso é sério, não é?

Perguntei ao meu irmão mentalmente.

Sim mana, é.

– Precisamos de um plano – disse Killian pegando uma cadeira e arrastando no chão – Mas antes temos que descobrir o porquê de vocês estarem aqui.

– Não sabemos, nenhum de nós sabe.

Jawantz respondeu.

– Está implícito neles, só precisa ficar óbvio.

Joshua acrescentou.

– Mas por onde começamos?

Amora perguntou.

– Pelos dons, é a primeira coisa que aprendemos a controlar na academia. É por aí.

Math respondeu.

– Então, Samir o que você pode fazer?

Perguntei focada.

– Você não sabe? Somos da mesma classe.

Disse ele agora mostrando algum sentimento sem ser medo, irritação.

– Ele provoca azar, certo?

Roman perguntou.

– Não só azar – respondeu – Posso criar completo e absoluto caos, é bem destrutivo.

– Como assim?

Skandar perguntou dessa vez.

– Se eu tocar em algo ou alguém, ou disparar uma rajada de energia nele – suas mãos brilharam em verde por um instante, como névoa – Tudo ao redor da pessoa ou da coisa começa a desmoronar e se autodestruir. Dependendo da intensidade que eu utilize pode ser um azar bobo a um completo apocalipse pessoal.

– Certo, Mago do Caos, esse poder seu funciona em demônios?

Perguntei.

– Sim, a professora MiMi disse que funciona em qualquer criatura desse mundo ou não. Eu só preciso estar perto para atacar, e também sou incapaz de ser afetado pelo meu poder e seus efeitos colaterais.

– Pessoas ao seu lado, bem próximas, também?

Joshua perguntou.

– Sim, se ficarem muito próximas mesmo, é um raio pequeno.

Esclareceu.

– Irônico ou não, ele vai ser bem útil. Você pode causar uma distração para nós, certo, Killian?

Perguntei.

– Exato Lexa, agora Tate eu já sei o que pode fazer – comentou, todos olhavam para ele fora nos seis, Tate parecia extremamente desconfortável – Então se algum deles aparecer, nos conte. Pode servir de alguma coisa.

– Certo, mas eu não vejo nenhum fantasma por aqui. Ou sinto presença alguma. Eles parecem ter sumido do ar. Devem estar com medo, pelo que me contaram.

Completou.

– Até entendo a mim – disse Rex pegando a vez – Mas por que trazer Skandar para cá? Ele não é um lutador como eu ou você.

Aparentemente a declaração não tinha ofendido o amigo que parecia acostumado à sinceridade cortante.

– Deve haver um motivo a mais.

Amora comentou tentando encará-lo.

– Eu só mudo de forma, nada mais.

Disse Skandar, mas havia uma coisa nova nele. Não era nada demais, passaria despercebido por qualquer pessoa, menos eu. Era bonito, elegante e de prata.

Saltei na sua direção e o segurei nas mãos para ter completa certeza

– As mãos garotas, as mãos.

Disse Skandar se afastando.

– Por que você tem esse colar?

Perguntei.

– Lexa, não é hora.

Matheus comentou.

– Responde.

Killian ordenou.

– É uma rodocrosita, a professora MiMi me deu uma logo após a aula sobre cristais, disse que eu deveria ir a um joalheiro e pedir que ele fizesse dois pingentes do cristal que ela me deu, e eu fiz. Pedi até que pusesse em um colar de prata também. Birdy e eu temos um igual, é a pedra da paixão, sabe?

– Pelos deuses, eles pensaram em tudo mesmo.

Exclamei.

– O que isso tem a ver?

Roman perguntou.

– Não percebe? Skandar e Birdy partilham de um objeto feito do mesmo cristal, há uma ligação mística inquebrável entre os dois, seus sentimentos, e os colares.

Esclareci.

– Esse tipo de ligação pode nos permitir fazer um feitiço, como uma vídeo conferência. É BRILHANTE LEXA.

Joshua exclamou mais do que surpreso.

– Então façam isso – disse Killian delegando – Joshua, Skandar e Samir vocês três se concentrem nisso por enquanto.

– Por que você dá as ordens, mesmo?

Rex perguntou ofendido por tirarem seu melhor amigo tão facilmente de perto de si.

– Por que é o que ele faz – Math respondeu se pondo entre os dois – Ele morou aqui a vida toda, treinou e ouviu histórias sobre essas criaturas desde que nasceu. Rex, não é hora. Eu juro. Ele é o mais habilidoso de nós, e vai ser imparcial também, não é Killian?

– É uma promessa para você, Ollie.

Respondeu encarando Rex com raiva.

Matheus

– Ainda faltam vocês dois.

Disse encarando Katerina e Jawantz.

– Eu não sei por que estou aqui.

Katerina acrescentou.

– Mas eu sei sobre mim, é por isso.

Disse Jawantz.

Ele estendeu o braço e depois ele mudou. Não era mais pele, era outra coisa. Ele era feito de cristal.

– Diamante.

Amora entoou hipnotizada.

– Meu corpo todo se transforma em diamante, o professor Siegfried ficou bastante impressionado com isso, ele disse que posso ser usado como arma viva também. Meu corpo age do mesmo jeito, como amplificador, e sabemos como feri-los.

Completou.

– O feitiço de fogo-branco.

Rex sussurrou sem perceber.

– Falta você Katerina.

Disse Lexa com um sorriso torto e estranho.

– Espera, talvez seja por isso.

Ela estendeu o braço na direção contrária a todos nós e se focou em ponto fixo, uma corrente elétrica surgiu do seu ombro e percorreu seu braço até atingir o chão criando um buraco raso.

– Eletricidade, também os machuca, não é?

Amora perguntou a Killian.

– Não mata, mas fere. Vai ter que servir. Todos sabemos nossos lugares, agora temos que nos armar. Roman mostre e ensine os outros como usar as armas, eu ensino os nossos.

– Pode deixar.

Respondeu fazendo sinal com a cabeça para que Rex, Tate, Jawantz e Katerina os seguisse.

– Não sabia que atirava também.

Comentei perto do ouvido dele.

– Os pais do Roman me ensinaram enquanto eu estava lá. Sou só melhor que ele usando a telecinese, fora isso ele é bem melhor que eu, mas posso ensinar a segurar, mirar e destravar.

– Vamos mesmo usar tudo isso?

Amora perguntou com medo, olhando para Joshua que também a encarava do outro lado do armazém.

– Precisamos Amora, não estamos unidos ainda e nem sabemos como, temos que usar tudo que tivermos.

Killian a respondeu.

– Vamos aprender então. Mal posso esperar.

Lexa comentou com uma expressão que eu não reconheci. Era mista demais para mim.

– Venham comigo.

Killian locomoveu seu corpo até o canto sul do cômodo e começou a pegar revolveres e armas automáticas da parede e distribuiu para nós.

Consegui ver pelo canto do olho Katerina escolhendo facas e Rex na dúvida entre dois rifles.

– Você Amora, fica com essa menor, dá menos recuo, então vai te machucar menos – disse Killian dando a Amora a arma de cabo branco – Vocês dois usam essa, é um pouco maior, vai dar menos trabalho também. Mas o importante e que a de vocês é automática, então o gatilho é mais sensível, cuidado com isso. Só destravem a arma se tiverem certeza que vão atirar, e só atirem se tiverem certeza de qual é o alvo. Entendido?

Fizemos sim com a cabeça, mas não foi o suficiente.

– Eu quero ouvir, ouvir dos três.

– Sim, entendemos.

Respondemos os três juntos.

– Vamos treinar o tiro então, depois vamos comer e dormir.

– Tem certeza disso?

Lexa perguntou.

– Até que Joshua e Skandar consigam comunicação, sim. Vamos descansar, temos que esperar um aviso.

– Eles já podem estar lá, na igreja.

Amora sussurrou.

– Não, a cidade estaria em alerta, vamos descobrir quando isso ocorrer, por que eles não serão sutis. Por ora temos que guardar nossas energias até vocês descobrirem como essas belezinhas letais funcionam.

Comentou por fim.

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Havia dois estandes para treinar tiro, mais dois bonecos de madeira para treinar lançamento de facas. Katerina ficou sozinha nisso por um tempo.

Formamos uma fila e começamos a atirar. Toda a munição era de prata. Até mesmo alguma das armas era feitam do material, junto das flechas e das próprias facas. O que não deveria me impressionar. Era uma guerra e tínhamos que nos preparar.

Uma hora se passou assim, com sons de tiros preenchendo todo o ar, e com Skandar, Samir e Joshua se concentrando no feitiço, porém, nenhum de nós conhecia um, então eles estavam tendo que improvisar tudo.

Percebi também que todos os outros repetiam um mesmo movimento que eu fazia, pressionar a palma direita com o dedo. Ela não machucava de verdade, mas estava começando a arder mais do que o normal. Quase como se sentisse o que ia acontecer logo.

– Já comeu alguma coisa?

Killian perguntou deixando Amora e Lexa atirando sozinhas.

– Já, um sanduíche. Não estou com muita fome.

– Tempo está passando, será que vão conseguir?

Perguntei olhando nos olhos dele.

– Não sei, mas vão ter que abandonar logo. Eles precisam treinar com as armas também.

– Quer que eu os chame?

– Vamos os dois.

Respondeu.

Joshua foi o primeiro a nos notar, Samir foi em seguida, mas Skandar parecia perdido, fitando o seu próprio colar com ódio.

– Precisam deixar isso para depois.

Disse Killian com aquele seu tom sério.

– Temos que saber o que aconteceu lá dentro, se estão bem...

Skandar repetiu, ele falava isso a cada cinco minutos.

– Ela está viva, todos estão. Nada entrou, mas vocês precisam aprender a atirar se vão levar uma arma.

Killian o respondeu em tom grosso.

– Não vou levar uma.

– Você não vai conosco?

Perguntei surpreso.

– Vou, claro. Mas não gosto de armas. Não quero usar.

– Você não tem que gostar, você tem que aprender.

Lexa retrucou se intrometendo.

Lexa, calma...

Disse na sua mente, ela me ignorou.

– Não vou e pronto. Vocês podem ser o círculo todo poderoso em andamento, mas eu não respondo a vocês.

– É só uma arma!

Lexa gritou.

– Se acalme gata, não adianta gritar.

Roman completou a segurando pela cintura.

– Meu irmão mais novo foi morto por uma dessas, não é só uma arma, é letal sua idiota.

Skandar retrucou furioso.

– Um bruxo morto por uma arma, como isso aconteceu?

Lexa perguntou perplexa.

– Nossos pais não estavam perto, e aconteceu.

Skandar a respondeu com os olhos vermelhos e cheios d'agua.

– Katerina, pode ensiná-lo a usar as facas?

Killian perguntou cortando a briga.

– Claro.

Respondeu ela.

– Roman mostre a ele e a Samir como usar as granadas também. Joshua você vem comigo procurar uma arma. Lexa você vai para o outro canto e nada mais de brigas, certo?

Killian ordenou, havia fogo no seu olhar.

– Certo.

Respondemos todos e nos separamos.