Legado & Sina
June 10, 2023

CAPÍTULO XXXVI: NOVE EM PONTO.

Matheus

– Ollie... Ollie, acorde.

Disse Killian na minha cabeça, mas eu não queria ouvir, estava bem onde estava. No mundo dos sonhos.

– Ollie, acorde. Por favor!

– Só mais cinco minutos, não quero sair dos seus braços agora. São tão quentinhos.

Completei, mais do que confortável.

– Ollie, você não está nos meus braços.

Acrescentou.

– Claro que estou.

– Abra os olhos!

– Para quê? Disse forçando meus olhos a se abrirem por completo e lá estava eu flutuando acima da cabeça de Killian.

– O QUE EU ESTOU FAZENDO AQUI? Perguntei confuso, ainda flutuando.

– O que NÓS estamos fazendo aqui...

Disse Joshua perto de mim.

Virei minha cabeça para achá-lo e o encontrei flutuando acima de Roman que também estava acordado, então caímos.

– Argh.

Arfei.

– Tudo bem?

Killian perguntou embaixo de mim.

– Sim, sim.

Respondi procurando Josh com o olhar, mas Roman tinha saído da direção da queda antes que ele o atingisse. Se sentando na cama logo em seguida.

– Como vim parar aqui?

Perguntei confuso.

– Se a minha pesquisa estiver certa, como integrantes do mesmo círculo nós compartilhamos não só uma conexão mística, mas telepática, e juntando com as suas habilidades que já são desse ramo, essa conexão deve ser mais sensível, mesmo sem o círculo está realmente unido.

– Então deixa eu ver se entendi – disse Roman – O Math queria vir aqui, os pensamentos dele viajaram até você e trouxe os dois para cá?

– É possível, mesmo com o feitiço para estabilizar nossas energias, quanto mais íntimos, mais a conexão ficará forte até ele não ser capaz de intervir. E como vocês voltaram a ficar juntos, nós provavelmente estamos em equilíbrio de novo.

– Certo, certo. Mas não tem nada acontecendo. Eu juro.

Comentei rapidamente tentando fugir do assunto que não poderia ser dito.

– Vocês vão fazer sexo hoje, eu sei disso.

Josh acrescentou totalmente tranquilo.

– Como?

Roman perguntou surpreso.

– Math pesquisou sobre algumas posições sexuais no meu celular antes de vocês dois brigarem – disse ele olhando para nós – E ontem ele me disse que iria treinar com o Killian a noite – acrescentou fazendo aspas com os dedos – e Lexa fez que eu e Amora fossemos estudar na biblioteca no mesmo horário, e bem, eu só juntei os pontos e fiz algumas suposições sobre as conversas que tivemos nas últimas semanas.

– Você realmente pesquisou sobre isso?

Killian perguntou a mim com um sorriso malicioso e pretensioso.

– Não encontrava meu celular então tive que usar o dele...

Adiantei logo de uma vez.

– Acho que nosso segredinho foi descoberto então.

Roman acrescentou batendo os dedos na cama.

– Não se preocupe, Amora não sabe. Então vou fingir que também não sei. Agora, podemos ir dormir nas nossas respectivas camas? Por favor...

Josh respondeu ainda sonolento.

– Claro.

Disse já me levantando.

– Espera – disse Killian me segurando pelo braço – Você pode dormir aqui, comigo.

– Adoraria.

Respondi por fim, mas fui cortado por Roman.

– Oh, Josh, não vá também – disse ele imitando a voz de Killian de forma cômica – Fique comigo, e deite-se sobre meu corpo nu, meu eterno amor.

O encarei de forma feia, mas Josh entrou na brincadeira.

– Claro, Roman, meu cavaleiro de armadura dourada. Me deitarei sobre seus enormes braços, e me acolherei sobre a chama de nossa paixão ardente.

– Parem – disse tacando um travesseiro em ambos – Eu não falo desse jeito.

Mas eles não me responderam só começaram a rir, o máximo que conseguiam.

– Me desculpem se eu me esqueci de acrescentar um arco-íris na história.

Joshua comentou abafando uma risada com as mãos.

– Isso é um comentário homofóbico. E o Killian tem a sua própria bandeira se querem saber. Vocês também, mas isso é um assunto completamente diferente.

Disse irritado.

– Tá bom, tá bom!

Joshua acrescentou com Roman caindo para trás de tanto rir, fazendo meu rosto ir de vermelho para roxo de vergonha e raiva.

– Você pode dar uma surra neles, se quiser.

Comentei olhando para Killian.

– Foi engraçado, na verdade.

Completou.

– Foi engraçado, é? Bom saber. Vai ser engraçado também quando eu não aparecer hoje à noite.

Respondi agora irritado de verdade.

Joshua pulou da cama e me abraçou pelos ombros.

– Não fique bravo Ollie – sussurrou – Nós vamos parar, e de qualquer jeito nós te amamos, e bem, eu já beijei você uma vez, então... Sei lá...

Lexa

Acordei mais nervosa do que achei que fosse estar. E bem mais desarrumada do que poderia presumir também.

Killian havia acertado tudo, Roman preparado tudo, Matheus se acertado com Killian, e Amora e Joshua estavam fora de cena graças a mim, então tudo parecia mais concreto e real agora e até então eu não tinha parado para perceber que talvez fosse um pouco assustador. Mas só um pouco.

Contudo eu não iria me importar com isso agora, não agora. Então abandonei os pensamentos preocupados para trás.

– Vamos?

Amora perguntou parada na frente da porta. Terminei de passar o batom e sai da frente do espelho sorrindo.

– Agora sim.

– Por que tanta maquiagem a essa hora da manhã em pleno sábado?

– Porque nunca é cedo demais para estar bonita e porque eu acordei com paciência.

– Garota estranha.

– Sempre, mas você por outro lado está precisando de uma corzinha, que cara é essa?

Perguntei, Amora parecia abatida.

– Tive um pesadelo essa noite.

– Um pesadelo, pesadelo ou um P-E-S-A-D-E-L-O?

Soletrei nervosa.

– Nem imaginava que você era capaz de soletrar algo tão extenso, e não. Sonhei com a minha mãe.

Respondeu ela por fim fitando o chão.

– Isso é estranho. O que foi que aconteceu nele?

– Lembranças que eu achei que tinha esquecido, na verdade.

Respondeu em tom brando e triste.

– Você nunca fala dela direito...

– Só deixa para lá. Por ora ela não é a minha preocupação primária.

Respondeu.

– Quando quiser conversar...

– Como se eu fosse perder meu tempo se abrindo para você.

Desdenhou sorrindo.

– Aham, ria o quanto quiser. Um dia eu posso não estar mais aqui, sabia?

– E vai estar onde, no quarto ao lado?

Perguntou cinicamente.

– Você sentiria a minha falta, admita Amora.

– Nunca.

– Nunca sentiria, ou nunca admitiria?

– Nunca, é só nunca.

Comentou atravessando porta a fora, me fazendo segui-la com uma expressão interrogativa.

Como ocorria todos os dias os rapazes estavam nos esperando na nossa mesa do refeitório. Consegui avistar Rex encarando Matheus da forma mais disfarçada que conseguia, e ele até fazia um bom trabalho, aliás. Mas era outra coisa que me chamava atenção ali.

Skandar como sempre estava ao lado dele, como o companheiro fiel, e Birdy também estava lá, sentada sorridente, junto de Onika.

Procurei por Tate logo depois, mas ele não estava por aqui, em lugar nenhum.

Desde que contamos a verdade a ele, Tate estava levemente diferente. Não era tão emocionalmente imparcial como antes, e ainda estava sempre usando um dos seus cardigãs masculinos, mas também nem tão feliz como tinha se tornado. Ficando num estranho estado no meio disso.

Não deveria ser nada fácil entender tudo aquilo e perceber que uma força misteriosa tinha apagado sua memória de um evento tão importante.

Claro que ele não sabia exatamente quem era Pippa ou o que nós tínhamos a ver com tudo aquilo, mas com as habilidades de Joshua foi possível montar uma história convincente que o deixou praticamente convencido, mas ele ainda não era capaz de recordar, e por isso se mantinha longe de nós.

Era saudável até, devo admitir.

O que também me fez pensar se o Rex se recordava do dia que teve sua cabeça bagunçada pela interferência da Pippa.

//

– Sem querer reclamar, mas já comentando, vocês todos parecem quietos hoje. Quietos de mais.

Amora comentou logo depois de terminar seu café da manhã.

– Nós? Nunca.

Math respondeu com um sorriso idiota no rosto, quase pedindo para ser descoberto.

– Mais alguém ainda está pensando no que aconteceu essa madrugada?

Perguntei mudando de assunto, péssima escolha, aliás.

– Sério Lexa, esse assunto?

Math reclamou mordendo sua maçã.

– Estou apta a mudá-lo se alguém sugerir um melhor.

Respondi me ajeitando na cadeira.

– Acho que não tem muito o que falar.

Joshua respondeu brincando com a comida.

– Fico imaginando como vamos nos sentir depois da união, em questão de força e poder.

Roman comentou fitando as mãos.

– Juntos seremos incrivelmente mais poderosos. A proximidade nos dará poder, mas realmente, não sabemos como isso funciona de verdade. Existem tão poucos círculos, e os mais conhecidos são os que regem nosso governo e eles são cheios de segredos.

Killian comentou, dessa vez ele tinha comido um sanduíche de geleia mais cedo, com uma careta estranha, comendo por pura obrigação.

– Quanto mais poder um bruxo tem, mais difícil é para controlar. Isso provavelmente vai ser um problema para nós – Amora comentou – Se agora não podemos ficar juntos sem um feitiço que regule nossas explosões de energia, imaginem depois...

– Sinto que teremos mais sessões na Sala circular depois disso. Contudo, tem coisas boas também – Joshua acrescentou realmente animado – Bruxos que se unem a um círculo costumam desenvolver dons secundários com mais frequência que bruxos comuns. Então imagem isso, podemos acordar um dia e ser capazes de fazer coisas completamente novas.

– Talvez até mesmo um dom ofensivo.

Completei, o que seria ótimo.

Mesmo adorando minha capacidade de ver auras, ela era somente o complemento da minha capacidade de manipulação emocional com um upgrade. Seria bom poder explodir coisas.

– Eu não iria reclamar de algumas habilidades defensivas.

Disse Math, o único aqui que parecia querer um escudo aos invés de uma espada.

– E você Amora? – Perguntei – Nunca se colocou nessa briga. Seu dom é a ilusão além das habilidades premonitórias da sua magia feérica – disse em tom baixo – Nenhuma das duas é magia ofensiva propriamente dita. Você gostaria de um dom novo, um de ataque?

A pergunta fez todos voltarem a atenção para ela, era realmente uma boa questão.

– Não sei. Não estou nem um pouco ansiosa para sair por ai lutando contra criaturas que querem nós matar, mas banshees possuem habilidades ofensivas também, mas não há como prever o que eu posso ou não desenvolver dessa parte de mim.

Esclareceu.

– Nunca é ruim saber se defender.

Completei.

– Eu sei me defender.

Disse ela antes de tudo começar a sumir.

Todos eles, a um a um, começaram a desaparecer em fumaça e logo todos do refeitório, até eu estar sozinha no meio de várias cadeiras vazias.

– Maldição. Amora me tira daqui.

Gritei, mas nada ocorreu.

Tentei tatear as coisas, os lugares vazios, andar e correr. Mas nada fez efeito.

– Como está fazendo isso? Não pode ter tirado todo mundo.

Disse chutando uma cadeira até me lembrar que suas ilusões ocorriam tanto dentro quanto fora da mente da pessoa. Nesse caso eu estava presa dentro de uma ilusão que ocorria dentro da minha mente.

– Já entendi, você pode se defender sozinha. Agora posso sair querida?

Pedi educadamente, então tudo voltou e eu estava sentada como antes. Só que agora todos me encaravam.

– Como foi?

Matheus perguntou curioso.

– Ela é boa.

Respondi a contragosto.

– Estou bem com o que tenho, por enquanto.

Amora completou sorrindo.

Matheus

– Já está quase na hora.

Josh acrescentou fitando o relógio.

Respirei fundo e desabotoei um botão da camisa e me esqueci de tudo.

Nervosa?

Perguntei a Lexa.

Não, e você?

Respondeu. E eu sabia que era mentira, dava para sentir em mim.

Também não.

Respondi mentindo também mas fui pego de surpresa por Joshua rindo.

– Por que está rindo?

Perguntei confuso, me sentando na cama e pegando seu celular pela última vez, para regravar algumas das novas informações que eu tinha conseguido a base do Google. Minha única fonte de informação disponível no momento.

– Nada demais.

– Fale logo Joshua.

– Eu só estava pensando no porquê de ficar tão animado para algo que vai doer tanto.

Comentou se levantando e virando para mim para poder rir, já que os movimentos dos seus ombros o delatavam.

– Meu Deus!

Exclamei sem conseguir pensar em outra coisa.

– Desculpe, foi engraçado. Acho que é curiosidade heterossexual, universal.

Completou por fim voltando a olhar para mim ainda tentando não rir.

– Você e Roman são ridículos.

Acrescentei me levantando e fitando meu reflexo.

– Eu juro que foi a última piada, mas você parece bem. Calmo demais até, para situação.

– Daniel é passado. O trauma é passado. Tudo que aconteceu com ele e sobre ele não interfere mais em mim. É simples assim. Estou bem, nervoso de modo comum e normal e perfeitamente controlado.

– Isso é bom, e um controle maior sobre si mesmo.

Disse ele me segurando pelos ombros e pondo seu queixo perto da minha cabeça.

Nove meses atrás se alguém se aproximasse tanto de mim seria como dar um soco no meu estômago e eu mal conseguiria disfarçar o desconforto que isso me causaria, mas agora tudo era diferente. Pois eu era uma pessoa diferente também em alguns aspectos. Não só o rapaz assustado, mas algo a mais também.

Era um bruxo, um membro de um futuro círculo, um irmão, um amigo... Uma pessoa quase melhor do que eu já fui a vida toda. E eu não iria parar, não agora que eu poderia ser mais.

– Nove em ponto.

Disse Josh e eu soltei o ar preso nos pulmões.

Lexa

– Já são nove.

Disse Amora tirando os fones de ouvido.

– Obrigada.

Respondi, terminando de passar a sombra rosa nos olhos.

– Estou bonita?

Perguntei mais nervosa que gostaria de afirmar, e isso era novidade para mim. Não que hoje fosse a minha primeira vez, mas era diferente.

– Você está linda – disse ela já fora da cama – Só não sei por que minha opinião importa. Roman já te acha linda e sempre vai achar e você sempre vai saber o que ele acha também.

– É.

Respondi revirando os olhos em um movimento que não consegui refrear. Amora não sabia da importância disso tudo, para ela eu só iria sair com ele para passear. Não poderia imaginar, porém, aquelas palavras sempre me irritavam.

– O que foi?

Perguntou sendo mais receptiva a mim do que eu gostaria.

– Nada.

Respondi sorrindo.

– Não sou sua irmã gêmea, mas sabe que somos mais conectadas do que a maioria, tem algo errado. O que é?

– É só que você não sabe o que eu daria para ter o que o meu irmão tem com Killian. Parte de gostar de alguém é isso, a incerteza. Isso te deixa sempre com aquela sensação na boca do estômago, e as vezes sempre saber tudo tira parte disso, e tira também o que eu sinto.

Esclareci soando mais triste que gostaria.

– Saber o que ele sente não muda o que você sente Lexa. Gostar de alguém não é só saber que essa pessoa gosta de você de volta. A diferença é que você só tem uma certeza de que poucos podem ter, que o seu amor é verdadeiro. Use isso a seu favor. Faça essa habilidade fluir além do que ela teoricamente pode ser.

– Eu vou me lembrar disso, mas você não está atrasada para encontrar o Joshua?

– Verdade. Acho que sim. Então tchau.

Disse ela se lançando porta a fora.

Matheus

Inspira e expira. Inspira e expira. Inspira e exper...

– Vai ficar aí o tempo todo?

Disse Killian para mim me forçando a abrir os olhos e quase me fazendo engasgar com a minha saliva.

– Como...

– Sua respiração é alta.

Respondeu ele estendendo a mão para mim, então a peguei sem dizer nada, e entrei.

– Está escuro.

Disse bobamente, me arrependo meio segundo depois.

Killian acendeu seu isqueiro entre o meu corpo e o dele e sorriu, dezenas de fagulhas saltaram das chamas como pequenas flechas, e tudo se iluminou com as dezenas de velas espalhadas pelo quarto.

Era... Era incrível.

– Você fez isso tudo?

Perguntei.

– Não queria que parecesse com o quarto de sempre.

Disse ele poupando comentários.

Cada centímetro do quarto, incluindo a cama, estava decorado com velas ou pétalas rosas e também violetas, minha flor favorita. Todas espalhadas e arrumadas de forma que a minha mente se perdia na luz e no brilho. Era...

– ...perfeito.

– Só que as velas não vão poder ficar acesas o tempo todo, porque se eu me empolgar demais posso nos queimar vivos. Tecnicamente só você, para ser mais preciso.

Disse ele ainda segurando a minha mão.

– Eu sei. Mas está perfeito assim mesmo.

Completei, sentindo sua outra mão subir pelas minhas costas até chegar a minha nuca.

– Senti falta disso.

Entoou com seu rosto tão próximo do meu que eu respirava o ar que ele exalava pela boca.

– Não mais que eu.

Respondi o agarrando e o beijando.

Sua pele. Seus lábios. Seu sabor. Tudo era quente. Era convidativo. Era meu. Insuportavelmente meu e eu não queria nada mais.

– Você quer beber alguma coisa antes?

Perguntou rompendo nosso beijo.

– Não.

Respondi agarrando a gola da sua camisa de flanela quadriculada e a rasgando pelos botões deixando seu tórax para fora.

Lexa

– Para onde está me levando? – perguntei a Roman, mas ele não respondeu – Silêncio não é atraente.

Comentei o fazendo olhar para mim.

– Você se lembra quando me disse que tinha perdido sua virgindade com aquele rapaz do internato vizinho?

– Lembro. Não é uma história tão legal assim para falar agora. Encontramos um ninho de ratos dentro daquele galpão, sabia? Eu provavelmente teria ficado traumatizada se não tivesse sido realmente bom. Mas por que lembrar isso agora?

– Porque como você, eu perdi minha virgindade em um lugar escuro e abafado e estranho.

– O sótão dos seus pais me parece uma masmorra agora.

Respondi rindo.

– Mais ou menos, já que ninguém nunca limpa. Mas voltando para história, eu pensei que talvez, dessa vez fossemos querer algo mais claro, mais limpo, mais livre.

Disse ele levando sua mão ao ar.

Seus olhos castanhos cintilaram e a construção apareceu, como se estivesse sobre um feitiço de invisibilidade.

Um pequeno palanque de madeira circular, com quatro pilastras e um teto em formato de cogumelo, com um forrado de almofadas e rodeado de pequenas luminárias de led emitindo uma luz amarela por todo lugar, com algumas lâmpadas maiores caindo do teto.

– Você gostou?

Perguntou e eu tive que ser forte para não chorar.

Um movimento involuntário que eu não queria exercer porque não poderia, não agora. Eu era a forte, não a frágil.

– Você pode sorrir se quiser.

Disse ele e só então percebi que meu rosto estava petrificado em uma expressão sem emoções.

– Eu posso mostrar a você o quanto eu gostei.

Disse decidida, pois eu sabia o que queria.

– O que...

Tentou perguntar me vendo dar cinco passos a frente e subindo o primeiro dos três degraus, e inclinando o ombro para que uma das alças do vestido caísse.

Matheus

Ele me agarrou pelas coxas e me jogou contra a escrivaninha do Roman, fazendo tudo cair ao chão, e as velas apagadas sendo empurradas para o canto com a minha telecinese.

Seus dedos pressionavam minha coxa com força enquanto os meus tateavam seu abdômen e sua boca mordia o meu pescoço e a minha tentava respirar em meio a toda a excitação.

O empurrei para frente para conseguir tirar minha blusa, já Killian começava a tirar o cinto da própria calça. Então o puxei com minha mente e voltamos a nos beijar.

Novamente ele me agarrou com os braços e me moveu no ar. Dessa vez, contornei seu corpo com minhas pernas e ele me pôs na outra escrivaninha batendo meu corpo contra o móvel. Não reclamei.

Abaixei sua calça com uma das mãos e agarrei seu ombro com a outra, fazendo meu corpo se levantar da escrivaninha o suficiente para que ele agarrasse o meu short e o puxasse para baixo.

– Me leva para cama.

Disse rompendo nosso beijo tempo o suficiente para pronunciar somente as palavras certas.

Seus braços me agarraram de forma brusca e me jogaram com tudo sobre o colchão da cama, fazendo as pétalas voarem no ar.

Juntei as pernas e levantei os joelhos, fazendo o short escorregar pela minha pele e sair, e ele saltou contra mim, já sem a calça parando seu corpo tão próximo e colado ao meu que eu já não fazia ideia de quem éramos.

– Eu te amo.

Exclamei enquanto ainda conseguia pensar.

Lexa

Roman me agarrou pela cintura e me virou tão rápido que eu quase não percebi, puxando a outra alça do meu vestido. Meu corpo por outro lado trabalhava a favor dele, sibilando de forma a ajudá-lo, e logo eu estava sem ele.

– Me beija.

Ele disse, mas eu não fiz.

Me virei tão rápido quanto ele me virou.

Lancei meus braços para cima e desci meu corpo se arrastando pelo dele até ficar quase de joelhos, então virei mais vez agarrando sua calça e a baixando ao mesmo tempo que meu corpo subia.

Agarrei a barra da sua camisa e a tirei, arranhando sua pele com minhas unhas. Logo estávamos os dois seminus.

Ele agarrou a parte superior da minha coxa com as mãos e forçou o meu corpo ao dele.

Deixei minha cabeça cair para trás e ele lançou a sua para frente. Minha coluna, aliás, era mais flexível do que eu imaginava, então nos pus em ângulo de vinte graus forçando seus lábios a ficarem pertos dos meus, mas sem poder tocá-los.

Agarrei o braço que me segurava e o forcei a me largar, escorregando pelas almofadas até conseguir me deitar ao chão, o puxando com outro braço, e finalmente nos beijamos.

O som do clique do meu sutiã se abrindo estalou no ar. Joguei seu corpo para o lado e subi em cima dele. Agarrei seu pescoço com força e o beijei mais uma vez, sem deixar que ele respirasse.

Suas mãos agarraram os travesseiros e meus dentes a sua bochecha e por fim ele levantou se sentando e me agarrando pelas costas, cravando seu olhar no meu.

– Eu te amo.

Sussurrei e ele sorriu, sem precisar fazer mais nada.