Fumaça & Cinzas
May 9, 2022

CAPÍTULO XXXVI: RAPAZ DE FASES, O QUE FAZES COMIGO?

Matheus

Os dias passavam e a cada minuto minha meta ficava longe de ser realizada. As pistas estavam esfriando em um ritmo tão rápido que já não fazia a menor ideia de onde ir para procurar respostas específicas.

Aquilo que estava tentando entrar em nossas mentes poderia ser qualquer coisa, de um bruxo, a qualquer ser místico vivo ou morto, então era como procurar uma agulha em palheiro sobrenatural.

E com o baile se aproximando a cada dia, todos começaram a ficar atarefados demais. E há uma semana do natal tudo parecia girar em torno do reencontro com os pais.

Joshua era de longe o que demonstrava menos animação com o baile, mas não ousei perguntar, ele não havia tocado mais no assunto dos pais desde que nos explicou sobre a sua família e a maldição, e o pouco que disse não era favorável a eles.

Roman parecia eufórico com a possibilidade de rever os pais – e talvez apresentá-los a Lexa – Eu e minha irmã por outro lado tentávamos controlar nossas emoções. Mesmo que nosso pai tenha dado sua confirmação ainda era muito relativa sua presença. E de algum modo isso parecia estar chateando Killian também.

Não o relapso paterno que é nosso pai, mas o baile em si. Ele estava estranho desde o dia no lago. E nem mesmo Roman sabia o que estava se passando na mente dele agora. Era um completo mistério para todos nós.

Então o que me restava fazer era concentrar minha mente em algo que eu sabia ser construtivo e de fácil entendimento. Nesse caso a aula de magia lunar, em Teoria e Conceito Básico de Magia.

– Já terminou?

Josh perguntou com seu livro das sombras nos braços.

– Sim – respondi já me virando para porta e pensando na sala de aula do senhor Garrett e a porta se desfez – Vamos lá.

Fomos os últimos a entrar em sala, porque eu simplesmente não conseguia achar meu relógio de bolso, ele tinha o estranho costume de se esgueirar pelos bolsos de alguma roupa minha e se perder lá, ou talvez fosse minha memória, que nesses dias estava conturbada de pensamentos.

O professor Garrett estava atrasado, o que não era raro, ele sempre enrolava uns minutinhos, só para demonstrar o quanto não éramos assim tão importantes no final das contas para ele, ou talvez só para irritar a gente, ou acabar a aula mais cedo, quem sabe?

Levei meu olhar até Killian, mas o próprio tinha o olhar enterrado dentro do seu livro das sombras – de propósito? Não sei dizer – Os voltei a Roman que conversava com Lexa, que tinha que virar todo seu pescoço para cima para poder manter algum contanto visual com ele.

Sentei com um sorriso casual, e mandei um aceno de cabeça para Amora que devolveu com um sorriso educado. Ela era engraçada – engraçada do tipo não estou a fim de ser amigo de vocês – e quando pisquei o professor já estava parado em seu grande trono de ensino, pois era assim que chamávamos. Ele tinha de longe a poltrona mais luxuosa e pretensiosa de nossos quatro professores, e pretensão parecia ser a palavra que fazia jus a ele corretamente.

Ele arrumou a gravata roxa rapidamente e depois criou seu sorriso inconfundível no rosto, e foi como sentir um caminhão batendo contra nós.

Lexa segurou minha mão, e de alguma forma aliviou o esforço de repelir a personalidade magnética do professo em mim.

Ainda não entendíamos essa conexão dos gêmeos, mas a professora MiMi já tinha ensinado que ela era a mesma conexão que integrantes de um círculo possuem. Por isso somos poderosos, pelo mesmo princípio de aumentarmos o poder um do outro que um círculo possui. O que também nos fazia o único tipo de bruxo com esse tipo de habilidade natural. A maioria dos bruxos nunca formaria um círculo, pois era necessário nascer com essa conexão para se formar o pacto. Todos os Conselhos dos Clãs eram círculos de bruxos, os mais fortes e habilidosos de seus países. Mas não era só força bruta, tinha muito mais envolvido. Mas isso dependia de cada país.

– Ele está fazendo com muita força dessa vez, não é?

Perguntei em tom baixo, voltando a prestar atenção.

– Está – acrescentou ela o encarando de modo arrogante – Ele sabe que estou bloqueando, por isso fica brincando com a gente.

– Ele é doido.

Joshua completou pegando seu trabalho sobre as fases lunar de dentro de uma pasta.

– Preparados para o teste?

Perguntou o professor agora olhando para um espelho retangular que surgiu no ar, no caso ele estava totalmente de costa para gente.

– Que teste, senhor Garrett?

Samir perguntou totalmente assustado.

– Eu não contei? Que descuido meu... então, teste surpresa! Simples. Eu tenho catorze perguntas sobre magia lunar, farei uma pergunta e o primeiro a levantar responde. Não há mistério. Entendidos?

– Sim.

Respondemos em uníssono, então ele fez a primeira pergunta.

– Lua cheia...

E antes que ele terminasse Samir estava de pé deixando tudo a sua frente cair aos pés.

O professor ficou o encarando esperando uma resposta, mas ele não entendeu a deixa.

– Então...

– Claro, desculpe senhor. Na lua cheia temos a lua com energia total. Pode se fazer qualquer tipo de feitiço nessa época, e usar a lua simplesmente como potencializador de poder. Deste modo é a melhor fase da lua para se lançar um feitiço que precise de muita energia, principalmente se você não sabe qual a especialidade das outras fases lunares. Também é conhecida como a melhor época para feitiços de fertilidade, se esse for o foco.

– Muito bem, senhor... Pelo santíssimo, por que não consigo gravar seu sobrenome?

Perguntou ele mais para si mesmo do que para turma. Então voltou a falar.

– Próxima pergunta, qual a magia utilizada na lua corcunda?

Houve uma pequena confusão, e um grande barulho de papeis sendo amassados e jogados ao mesmo tempo então Rex se levantou, transbordando um olhar de ódio na direção de Samir, que não percebeu. Rex não gostava quando alguém era o primeiro em alguma coisa, independente de quem fosse. E principalmente se esse fosse eu, que no caso não foi.

– É a fase da lua onde maximizamos a paciência, senhor. Feitiços demorados, e que precisam de muito cuidado e grande tempo de preparo e controle. É uma das fases mais específicas, se diferenciando totalmente da lua cheia.

– Exato senhor Holt, deveria tentar qualquer dia, potencializar esse poder em si.

– Sim, quem sabe...

Retrucou de forma sutil.

– Próximo, que feitiços se realizam quando a lua está se movendo entre diferentes signos?

Dessa vez o que ocorreu foi um grande silêncio, nem eu sabia essa resposta. E bem, estava meio sem saber qual deveria responder, já que duas que tinham ido eu sabia a resposta, porém, essa era novidade para mim. E depois de um longo minuto Birdy levantou cabisbaixa e sem aparentar certeza no que iria dizer.

– Nenhuma.

Respondeu em tom baixo, e uma risada saiu da boca de Rex, carregada de cinismo.

– Pode elaborar isso, senhorita Cleawater?

Perguntei.

– A energia causada nessa época é confusa demais, difícil de controlar. Então não se deve canalizar a lua de forma alguma, pelo menos eu acho que é isso. Não sei se está certo, mas...

– Sim, sim. Perfeitamente certo, indo de contrapartida para sua autoestima pelo visto.

O professor comentou cortando ela, e como sempre ele raramente se importava em quem atacava com palavras, isso de certo modo era até melhor do que eu poderia imaginar. Já que ele tratava todos assim, e não um grupo seleto de excluídos.

– Continuando, agora me digam, o que é a Lua Azul?

E Lexa quase se jogou da cadeira para responder.

– Essa eu sei.

Comentou exageradamente entusiasmada.

A ida as comprar a tinha deixado exageradamente mais feliz do que antes.

– Então senhorita Herveaux nos ilumine com o aparentemente único pedaço de sua inteligência compartilhada.

Ela o encarou de modo debochado e começou a falar.

– A Lua azul é a segunda lua cheia em um único mês, então essa carrega um poder dobrado de uma lua cheia convencional. É conhecida como provavelmente a mais poderosa fase da lua, e como na lua cheia esse poder pode ser usado para qualquer coisa. Mas é geralmente escolhida para feitiços que precisam de uma energia descomunal, como no exemplo mais simples, um feitiço que transcenda realidades.

– E como disse antes, aparentemente o único pedaço de inteligência, muito bem senhorita Herveaux, talvez seu irmão queira nos mostrar alguma parte do restante da inteligência de vocês logo. Agora, próximo, expliquem-me sobre a fase da lua balsâmica.

Joshua se colocou de pé sem parecer muito animado para responder, mas sim para se livrar de alguma outra pergunta mais difícil, e se esse não fosse o raciocínio dele, seria logo o meu.

– É a lua responsável por feitiços de separação em um âmbito mais emocional do que realmente místico. Serve para ajudar alguém a superar algum obstáculo e desvinculá-lo de algo, ruim ou não. É uma lua que ao ser canalizada atinge o ser de uma forma menos direta que as outras, por não ser tão drástica e mágica.

– Interessante explicação senhor Strider, mas esperava que respondesse a próxima, então quem será que me dirá sobre a Lua Negra?

Então eu levantei, quase sem processar o que tinha sido perguntando. Então demorei alguns segundos para agrupar as informações que sabia sobre aquela fase da lua.

– É uma ocorrência rara senhor, que acontece a cada treze anos, normalmente como uma segunda Lua nova de um mesmo mês. Tem grande poder e serve para fazer feitiços com benefícios próprios, esses que tentem retirar algo de ruim dentro de si mesmo para lhe trazer algum tipo de conforto pessoal. Geralmente usado... – comecei a dizer no automático, só então me dando conta da espetada que ele tinha dado em Joshua sobre essa lua – Seu poder é geralmente canalizado por um bruxo que quer retirar uma maldição de si mesmo. Não funciona muito bem se for feita para quebrar algo de um terceiro.

Comentei por fim me sentando o mais rápido que pude, dando um olhar de desculpa a Josh.

– Melhor você do que outro.

Comentou ele, perto do meu ombro, para que só eu ouvisse.

– Sempre um irmão é mais inteligente que o outro – acrescentou por fim voltando a falar – E para próxima vamos manter o assunto. Lua Nova, que tal?

Roman se levantou e começou a falar sem esperar um convite.

– Seu poder não é geralmente usado para se canalizar feitiços propriamente ditos, por ser o período mais fraco da lua e existi no período de declínio da lua. Porém, é propicio para magias escuras, mas não ajuda nada quando é usado para rituais de magia convencional ou que tente ajudar alguém de forma benevolente ou altruísta. Mas nessa época mesmo magias escuras podem não ter o efeito desejado, porém, esse poder pode ser canalizado para ajudar o bruxo a um novo começo, usando a energia para se banhar em novas ideias ou decisões. Isso de forma mais indireta do que realmente direta.

– Senhor Leonov, esplêndido. Quem diria – comentou com seu sorriso provocador – Agora me contem sobre uma das minhas favoritas, a lua disseminante.

Houve um silêncio antes de alguém finalmente responder, quase que criando som pela forma que as pessoas se entreolhavam confusas.

– É a lua responsável por aumentar a magia das emoções.

Killian respondeu sem se levantar ou nem ao menos mirar seu rosto na direção do professor. Ele ainda estava com seu olhar enterrado nos papeis da sua mesa, mas era claro que ele estava enterrado era em pensamentos. E aquilo rebatia na minha mente e na minha curiosidade de descobri-los.

– Se é para sermos comedidos, que sejamos – comentou o professor por fim, pela primeira vez do dia transtornado por não saber o que falar – Então, quem me contará sobre a Lua Vermelha?

Perguntou agora com um sorriso renovado e macabro no rosto.

Amora se levantou de forma corajosa.

– A Lua vermelha é rara, mas não tanto como algumas outras, porém, é a mais inconstante – semelhanças, semelhanças – Ela é geralmente vinculada a magia de sangue, por isso também é chamada de Lua de sangue. Mas isso não a representa como uma lua com poderes sacrificais, mas sim com forte ligação com os mortos – mais semelhanças – Então normalmente é conectado a magia para reviver um corpo já falecido. Porém, seus resultados são tão inconstantes como ela própria. Não é um poder confiável. Tanto que pode exercer influência totalmente direta sobre algo sem a intervenção de nenhuma força mística. Então é normalmente vista como sinal de mal pressagio.

– O manto que lhe cai bem – acrescentou ele sem definir sobre quem se referia – Uma das luas mais curiosas, essa sim, poderosa e incontrolável de certa maneira, como alguns de vocês aqui – disse ele encarando a mim e Lexa – Quem quer ser o próximo, pergunta surpresa?

Perguntou achando daquele teste o jogo mais empolgante que poderia ter.

Ele é maluco...

Lexa acrescentou mentalmente.

Skandar se levantou com seu olhar perdido, mas com certa determinação na voz.

– Eu senhor.

Rex ostentou um sorriso orgulhoso, como se fosse dono daquela mudança em Skandar, e talvez fosse.

– Então vejamos senhor Romenick, explique a turma sobre o Eclipse. E para deixarmos claro, um eclipse lunar.

Skandar engoliu em seco e fechou os olhos, talvez não soubesse a resposta, mas quando abriu a boca, começou a cuspir as palavras ao ar sem parar para respirar.

– É a mais versátil das fases da lua e ocorre duas vezes ao ano. Nela temos o poder de uma lua cheia normal. Durante todo seu acontecimento. Nesse período a energia a ser canalizada passa por diversas mudanças, indo da energia que encontramos na lua crescente, a minguante e nova. Todas essas com a mesma carga de uma lua cheia. Então é hora de trabalhar com a diversidade e para se fazer diversas coisas praticamente ao mesmo tempo. Muito útil se ocorrer em momento de grande necessidade como guerras e pragas, pois pode curar, refazer, criar, obstruir, e remodelar ao mesmo tempo. Porém, pode ser usada para o contrário, se essa energia for controlada pode cortar todo o fornecimento de poder lunar e afetar assim tudo que dependa dessa energia. Como a maré e habilidades psíquicas no geral, ou o elemento água para aqueles praticamente do poder elemental – e agora o sorriso de Rex era compreendido, ele tinha treinado Skandar direitinho – Porém, essa reação não afeta o restante dos outros tipos de magia que não tenham ligação com a energia lunar.

– Devo admitir que estou impressionando, estaria menos se o senhor fosse mais intelectualmente participativo – ao ouvir o que me pareceu uma ofensa Skandar se sentou, jogando seu corpo com força para baixo abafando um bufar de raiva – Sem mais delongas, o primeiro quarto de lua, é algo interessante de se ouvir. Quem irá me agraciar os ouvidos?

Zander se levantou para falar, ele como a maioria parecia estranhamente mais animado do que o normal, talvez fosse a influência do professor ou qualquer coisa.

– Nessa fase da lua é canalizado o poder para aumentar a magia elemental, é uma forte estação para aqueles que nasceram naturalmente com essa magia – ele olhou rapidamente para Rex e Killian, Rex pareceu elogiado, mas Killian não deu nenhuma atenção – E também é uma boa época para feitiços que aumentem coragem e motivação.

– É... Não foi tão interessante... – essa doeu – Próximo, lua crescente...

Onika se levantou em seguida.

– É tempo para magia positivas senhor Garrett – disse ela terminando de jogar o cabelo para trás, só não soube dizer se era proposital, mas parecia – Bom momento para canalizar essa energia para si mesmo e fazer magia curativa, então de forma resumida, é uma fase boa para o bem.

– Muito esclarecedor, senhorita Baiya, literalmente. Senhorita Hazel que tal ser a próxima, para agilizarmos isso?

Hazel se levantou meio assustada, mas não faltava exatamente muita coisa para se perguntar.

– Lua minguante, senhor?

Perguntou ela, sem saber sobre o que falar.

Ele afirmou balançando a cabeça.

– A lua minguante é fase em que fazemos feitiços canalizando o poder para encerrar vínculos, quebrar leis, e destruir maldições, e conjurar feitiços de banimentos. Ótima época para realizar magia que vai livrá-los de algo que os prende, e é geralmente ligada a libertar algo, de forma indireta ou totalmente destrutiva. Mas não só se livrar de algo, mas resolver esse algo também. E...

– Senhorita Chamberlain, sua vez.

Disse cortando Hazel totalmente, algo que deixou uma veia saltando em sua testa.

– Sim?

– Responda-me a última pergunta, qual categoria de bruxos são influenciados de forma totalmente direta pela energia lunar?

Perguntou ele quase como se aquilo fosse realmente uma pergunta seria.

– Médiuns. Bruxos com poder extra-sensorial, eles são fortemente influenciados pela lua.

– Cinco pontos para Sonserina...

Lexa acrescentou em tom baixo, mas o suficiente para que todos ouvissem pela sala, o senhor Garrett tentou de forma nada indireta abafar uma risadinha, e Hya voltou seu rosto para minha irmã com farpas no olhar, ou até mesmo chamas.

– Bem, isso foi de todo modo esclarecedor. Então, mas alguém com fome? – perguntou novamente encarnado seu próprio reflexo no espelho – Eu estou.

Então desapareceu se jogando contra o reflexo do espelho.

– Como ele fez isso?

Joshua perguntou assustado e maravilhado.

– Sinceramente – Lexa respondeu – prefiro não saber o que esse homem faz, ou como faz e por que faz qualquer coisa. Mas devo concordar que estou com fome... Mas tenho quase certeza que não deu a hora do jantar ainda.

Completou, mas eu parei de prestar atenção quando vi Killian atravessando uma porta que surgiu no lado direito da sala. Na direção oposta a que todos os outros iam.

– Encontro vocês depois.

Disse sem virar para ela, correndo para acompanhar Killian.

Saltei um dos degraus para percorrer o caminho mais rapidamente, mas só consegui dar de encontro com ele quando já estávamos novamente no dormitório.

– Hey, espera...

Disse em voz alta sem preocupação, não havia mais ninguém aqui.

Killian segurou o corrimão da escadaria e ficou parado, sem voltar a andar ou se virar para minha direção.

– Você está bem? Estamos começando a ficar preocupados.

– Estamos?

Perguntou confuso, agora se virando para mim.

– Roman e eu. Lexa e Joshua também. Você está bem?

Minha voz estava com uma emoção conturbada, por quê? Eu não sabia.

– E-estou bem – disse ele gaguejante, eu nunca o tinha visto gaguejar, nunca – Apenas tentando controlar umas coisas fora de controle. Quase perfeito.

Respondeu com um sorriso amigável e normal. Eu também nunca o havia visto sorrir daquele jeito. Gravemente falso.

– Você não me parece bem.

– Eu estou, já disse! – exclamou – Só preciso de um tempo para organizar algumas coisas.

– Como a lua você tem muitas fases.

Comentei sem saber por que coloquei meus pensamentos em voz alta.

– Nem tudo é simples Matheus, nem tudo cai no seu colo quando você quer.

Retrucou, ele também nunca tinha retrucado nada para mim.

Então ele virou as costas e saiu quase fervendo a umidade no ar ao redor do meu rosto, e me dando um soco metafórico na boca de meu estômago.

E parte de mim queria xingá-lo – uma parte realmente xingou mentalmente – e outra ficou assustada, sem saber onde terminar ou começar a pensar.