cj
April 25, 2021

fifteen minutes we'll be through

cw: palavras de baixo calão.

podia até ter sido miguel que colocou a ideia pra frente, que convenceu todos os bandmates que aquilo era o melhor a fazer, mas seria mentira dizer que estava feliz e que ele mesmo estava convencido que aquela era a melhor decisão. ele não queria se vender, vender a awakened, estar desesperado a esse ponto, não queria! roga, uma banda de punk não é sobre isso e miguel sabia muito bem, mas ele também queria analisar as coisas criticamente, e, porra, tudo aquilo era no mínimo frustrante.

a awakened curse fez um show do caralho e mesmo assim continuaram no último lugar do ranking. miguel era uma pessoa competitiva, sim, mas não podia falar que a essa altura estava com alguma esperança real de subir, não depois de semana passada. ele não queria exatamente a satisfação do primeiro lugar (mesmo que admitisse que seria um gosto bem doce), mas ele queria garantir que... não odiavam a awakened. a banda era algo muito importante para ele, e porra, pensar que estavam tendo uma rejeição nesse nível o deixava um pouco pra baixo. não é possível agradar todo mundo, mas isso? isso era demais. quase não se sentia na mesma banda que fazia sucesso pelo país, era como se estivessem começando do zero ou qualquer coisa do tipo.

e ainda tinha toda a censura que eles sofriam. miguel imaginou que isso ia acontece sim, não era ingênuo e conhecia o país que vivia, mas não achou que seriam tantas as partes de seu show que seriam cortadas ou borradas. ficava difícil continuar sendo a awakened curse, manter suas cores e características, quando qualquer coisa que faziam no palco era motivo para ser tirado da edição.

por outro lado, o mexicano estava com a cabeça cheia de "será que vale a pena?". veja em, por muitos anos miguel foi trainee, sofreu pra caralho numa empresa de entretenimento e ficou pertinho de debutar. ele estava sinceramente exausto de ter que competir para um primeiro lugar, para ser o melhor, para chamar atenção de produtores ricos que não ligavam para arte e só para mais dinheiro ainda. ganhar esse programa era realmente uma oportunidade tão boa para a banda? miguel já não tinha tanta certeza, não quando pesava todas essas coisas e chegava a conclusão de que se estavam sendo censurados assim durante o reality, imagina o inferno que seria caso ganhassem?

mas toda divulgação é uma divulgação, e o ruivo só queria que as pessoas lá fora gostassem da awakened curse, para que quando toda essa merda de programa acabasse, eles pudessem voltar com força, mesmo que sem o contrato com a red light. se tocar pop era o que garantiria um pouco mais de simpatia do público, o kang estava disposto.

foi com todos esses questionamentos, pensamentos e duvidas que miguel deixou a reunião naquela quinta feira. todos concordaram, seja mais relutante ou de braços abertos, mas o mexicano ainda não estava feliz, pela primeira vez na vida, de ter convencido todos a entrarem nessa. bufou, frustrado, decidindo que precisava mesmo era de uns bons shots de tequila, mas os barulhos e gritaria que ouviu deixou claro que tinha alguém mais frustrado do que ele.

miguel tinha duas opções: deixar cj extravasar e ficar na dele do jeito que o maior certamente iria preferir, ou se meter e tentar consolá-lo de alguma forma, o que certamente faria miguel levar uns xingos. mas miguel era miguel e ele nunca ia deixar cj sofrer sozinho. o mexicano era todo torto em muitos sentidos, mas uma coisa que ele nunca fazia era abandonar seus amigos, ainda mais quando cj estava claramente precisando de ajuda.

— metade do show. — contou ao se aproximar, fazendo careta pela dor que imaginou que cj estava sentido depois de bater a cabeça na parede com tanta força assim. — foda-se, e você sabe que eu me preocupo sim. 'cê tá preso comigo, querendo ou não. — tentou oferecer um sorrisinho para o rapaz, que de nada ia adiantar naquele estado que o loiro estava.

o ruivo não segurou a vontade de revirar os olhos e o fez teatralmente, assistindo cj chutar a lata de lixo de depois todas as coisas que caíram dela. — posso ver o quão bem você está. — ironizou, cruzando os braços e olhando para o maior com os braços cruzados e uma expressão que beirava o tédio, mas a verdade é que estava extremamente preocupado com o colega de banda e não sabia nem por onde começar a achar argumentos para fazê-lo parar, ficar mais calmo.

— cj. — chamou sua atenção e esperou. o rapaz não pareceu ouvir, então ele insistiu: — cj. — falou mais algo agora, mas igualmente sem receber nenhuma resposta. então foi até o mais alto e segurou seu rosto, obrigando-o a olhar para si. aparentemente isso coincidiu com juwon se cansando de chutar lixo, o que tornou o trabalho de miguel um pouquinho mais fácil. — cj, presta atenção! respira um pouco, ok? vai ficar tudo bem. para de se machucar assim.

cj estava claramente perdido e decepcionado, e miguel não tirava a razão dele, ele tinha todo o direito de estar se sentindo assim. honestamente? miguel também estava, apenas reagia de formas diferentes. a maneira do ruivo foi propor aquela ideia maluca e idiota de tocar pop, e a de cj foi chutar coisas. com mais um suspiro longo, o mexicano tomou o lugar ao lado dele no chão e espera com que cj desabafe do jeito dele.

— eu sei que não, babe. mas pensa que é só por uma semana. só um teste. a gente já fez sucesso sem precisar apelar para isso uma vez e eu sei que a gente consegue de novo, mas estamos numa situação delicada aqui dentro, vê? tudo que a gente faz é censurado e a gente tá com uma rejeição enorme. é só um teste. eu prometo que a gente não vai mais fazer isso independente do resultado desse teste, seja bom ou ruim. — garantiu, puxando para si a mão de cj, entrelaçando a sua, e trazendo-as juntas até a altura da boca, onde começou a distribuiu alguns beijinhos pelas juntas dos dedos alheios, desesperado para que alguma atitude sua ajudasse o mais novo a se acalmar um pouquinho que fosse. assim que o amigo encosta a cabeça em seus próprios joelhos, miguel aproveita para envolvê-lo num abraço de lado e aproveita para fazer carinho onde pode, pelas costas e pelos cabelos alheios, mantendo o tom de voz ameno e doce. — nós ainda vamos usar isso em nosso favor, lembra? vamos dar nosso toque a todas as músicas, a gente coloca nightmare no final da setlist e mostramos que não estamos aqui pra sermos vendidos. vamos fazer isso valer a pena, e vai ser um momento descontraído, sim? vamos fazer um bom trabalho, vamos mostrar que ainda valemos a pena.

finalizou com um beijo no topo da cabeça do maior e ficou ali com ele por quanto tempo ele precisasse que miguel ficasse.