↼ 看看里面 ; TEA CUPS.
Existiam diversas memórias, pensamentos e dúvidas que nublavam o cérebro feminino durante aquela semana. Mudanças sempre causavam com que todas aquelas sensações transbordassem das estreitas de sua mente e âmago. Todo o seu foco parecia desaparecer, sendo substituído pela a ansiedade corrosiva. Um grande nó tinha criado lar dentro da garganta, acompanhando com as dores pontiagudas ao fundo do estômago. Não sabia exatamente, como havia chegado naquele local, muito menos o conhecia. A estação quente do verão sempre fazia com que atrações aparecessem aos cantos da cidade movimentada, e aquele não se era diferente.
Um pequeno parque de diversões. Podia observar as luzes de neon em contraste com o escuro da noite, e os sons de risada mesclando com as músicas genéricas de cada máquina que preenchia o espaço daquele grande gramado. Talvez não fosse uma má ideia tentar se distrair.
Em passos pesados, a mente também parecia ter o mesmo peso que seus pés. Havia passado dias se perguntando quem era. O questionamento poderia ser considerado ridículo para muitos, contudo, Jade sempre se encontrava completamente em choque quando se perguntava sobre a sua identidade. Crescer longe do país de nascença, experienciando tão cedo o desgosto e crueldade que muitos outros seres poderiam ter. Não tinha certeza se conseguiria ser 'chinesa o suficiente', ou até mesmo, 'canadense o suficiente.' Estava presa na dicotomia de sua identidade.
Jade se encontrava em frente de uma grande área que residia xícaras de chá rotativas. Risadas, até mesmo gritos podiam ser escutado junto as músicas genéricas que saiam das caixas de som escondidas entre o metal da máquina.
Os pequenos copos giravam sem muito ritmo, alguns indo mais rápido do que os outros. Os minutos restantes haviam se dissipado rapidamente, já podendo enxergar todos aqueles que antes estavam sentados, se ele levantando em direção a saída do brinquedo.
Sua oportunidade havia chegado, nem mesmo demorou para que já encontrasse o seu assento privativo dentro daquela xícara.
Barulhos de metal estralavam ao redor, sendo algumas vezes abafados pelas as músicas ou os altos passos ao metal pesado da base daquela máquina. Um apito soou alto e ecoou pelo o espaço aonde todos estavam finalmente acomodados em seus devidos lugares. A grande base começou a se mexer, rodando em ritmo.
Ao centro da pequena xícara existia, o que parecia ser um volante de metal. As mãos de Jade estavam agarradas com força, usando da pressão para que começasse a girar a roda entre suas mãos. Quanto mais se esforçava, mais rápido o girar ficava.
Sentia o vento pentear seus fios de cor nanquim e beijando o seu rosto já manchado por lágrimas anteriores. O rodar ficava ainda mais rápido, e até mesmo sentiu o molhar iniciar aos olhos mais uma vez. As gotículas voavam ao embaçado de tudo ao seu redor, como pedras preciosas se perdendo na escuridão da noite.
Aquela era sua forma de tentar se aliviar dos sentimentos sufocantes. O estômago parecia acabar se tornando ainda mais irritado, mas nem mesmo se importava com aquela dor. Ter a cabeça começar a girar sem controle, trouxe intenso alívio ao corpo da chinesa. Podia finalmente desligar-se do cruel cérebro que sempre a assombrava.
Dentro daquele espaço, não tinha que se preocupar com quaisquer palavras que a perturbavam, muito menos os momentos que a assombravam desde de que havia aberto os olhos naquele dia.
Tempo se dissipava junto as imagens ao redor, se embaralhando junto aos seus pensamentos. Por tanto tempo de sua vida, Jade questionava a própria identidade.
Ter nascido em um país diferente no qual foi criada, sempre trouxe dúvidas. Não se era suficiente para nenhuma das culturas, como a parte de um quebra cabeça defeituoso. Único, mas sem utilidade para a grande imagem. Batalhava com os próprios demônios, tentando encontrar qualquer resposta que fosse acalmar o cérebro por apenas um momento.
Parou. O grande brinquedo finalmente tinha chegado ao fim, mas a sua xícara ainda rodava com rapidez, assim como eu própria mente. Foi difícil sair, já que o corpo parecia ainda estar em ritmo apressado e a cabeça girava. Passos já não eram seguros, e o pouco da sua visão, dificultava a movimentação. Não sabia se foi súbito pânico ou, simples consequências dos seus atos, mas, o estômago pareceu embrulhar por completo, forçando-a esbarrar em algumas pessoas, até que se ajoelhasse perto de uma lata de lixo qualquer.
O ato não era simplesmente remover qualquer coisa que existia em seu estômago, mas também era a forma como ela sempre encontrou em tentar se livrar dos sentimentos mais incômodos. Vomitar poderia ser natural, porém para ela, muitas vezes era mais do que necessário, chegando a deixar-se de ser normal. As pontadas agudas ao estômago apenas forçava-a ainda mais em deixar tudo para fora, sentindo a respiração se perder em ofego de desespero. Se afastou do local, sentando-se ao meio fio a lado oposto da lixeira.
"Que grande merda." Foi a única coisa que saiu da garganta que se engasgou em lágrimas, escorrendo ao rosto até então frio com o vento. Sentia raiva, pânico e nem mesmo entendia como esses poderiam se mesclar tão bem.