December 4, 2024

YOONBIN - POV 001.

Todos eles, todos estavam mortos... aquilo parecia uma piada de mal gosto, ainda que não pior do que a piada em que sua vida havia se tornado.

Ao se ver envolto do silêncio, Yoonbin olhava para os lados, sem saber exatamente a quanto tempo estava sozinho ou se algo importante havia sido dito antes de saírem do quarto. Tentava respirar fundo e piscar devagar em busca de se manter calmo... precisava estar calmo, sabia muito bem que Ahri precisava de seu apoio após contar algo tão pessoal de si. Percebendo que provavelmente havia o magoado com seu silêncio, tentou ir em busca de seu celular, vendo ali naquele reflexo tudo o que mais fugia em seus pesadelos.

O vidro exibia aquela face, a mão daquela garota tocava seus ombros na imagem espelhada de seu telefone desligado que, em poucos segundos, já não estava mais em suas mãos, sendo atirado para o outro lado do quarto.

Ela não, ela não podia estar ali, era impossível ela estar ali. Seus instintos se mostravam atentos após se lembrar meramente da face jovem dela, sendo patético o quanto temia uma criatura tão inofensiva... e morta.

As imagens vinham todas de uma vez só em seus olhos: o sangue em suas mãos, aquele odor metálico espalhado por tudo, uma verdadeira carnificina em sua frente a qual jamais desejou que acontecesse, ainda que soubesse que aquilo era uma obra sua.

"Não, não sou eu, não fui eu..." As unhas começavam a se fundar demais na própria pele, implorando por um mínimo controle de sua própria mente. Yoonbin, lá no fundo, sabia muito bem que nada além daquelas memorias era real, que a risada doce e debochada em seu ouvido era apenas uma manifestação do que a garota havia feito com sua mente, com sua vida e, principalmente, sua humanidade.

Yoonbin não aceitava não ser mais um humano.

O quarto agora já era uma bagunça, tendo o vampiro brigado não somente com as alucinações da garota, mas agora também com as memorias daqueles que viveram consigo e, agora, sabia que haviam tido um destino similar a ela.

"É tão bom te ver assim, Binnie... Você vê? Todos ao seu redor são monstros como nós! Mas olha, eu não devo ter tantos nomes assim na minha lista quanto esse garoto... ou como você tem agora. Deveria ter pensado melhor antes de me matar."

A voz o desesperava, o fazendo chorar e tentar atirar qualquer objeto em sua frente para onde a voz parecia vir.

"Vai dar um show agora? Vai fazer o que fez comigo com algum dos seus dois brinquedinhos de agora? Binnie, você sabe melhor do que isso." A alucinação debochava com ele, andando ao seu redor com uma paz completamente deslocada com a bagunça que Yoonbin havia feito. "Sabe... os amigos de vocês até que eram legais, né? Digo, ok, eles erraram, mas todo mundo erra, eles deviam ser pessoas boas antes do seu namoradinho comer todos, será que foi tão grotesco como minha morte? Bem... você também nem tem moral para pensar nisso né? Nem me deixou ter alguma chance antes de você destruir tudo... ainda sente o gosto do meu sangue na sua boca, Gong Yoonbin?"

Implorava para que aquilo acabasse, seu corpo já tinha diversos machucados a essa altura pelas varias tentativas de se apagar, de acabar com aquela alucinação, parar de ver os restos dos corpos daquela garota ao seu redor. Noxford poderia ser um lugar seguro disso tudo, mas sua mente jamais seria.

"Desista, se socar e se bater dessa forma tãaao tocante não vão te salvar de mim, você é um monstro agora, lembra? E está bebendo bastante sangue daqueles dois, então não vai cair tão fácil." A imagem novamente se aproximava de si, chutando seu corpo no chão e se abaixando ao seu lado de seu corpo desistente, o fazendo tremer em medo e se lembrar mais ainda de como era quando estava vivo. "Você é um monstro agora, igual a mim... e eu diria que ainda pior."

"Eu sei disso." Era tudo o que podia ser ouvido em meio aos choros do jovem, que agora apenas se tremia a cada palavra ou aproximação daquela que um dia o transformou... e um dia morreu por suas próprias mãos.

"Oh, finalmente aprendeu a falar?" A voz debochava, e Yoonbin percebia que, o pesadelo daquela noite, estava apenas começando.