ovdpov → 14 de novembro de 2023.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀roo sabia que aquele dia seria difícil no instante que acordou com a luz do sol batendo na sua cara. não que tivesse algum problema nisso; não, definitivamente não. ele era uma morning person, gostava de passar suas manhãs ocupado com seus estudos ou treinos na pista, e já era de seu costume reclamar até deus dizer chega quando dormia até tarde. no entanto, ele não conseguia ignorar uma voz na grande sala de reunião em sua consciência, uma que não pertencia a nenhum dos seus divertidamentes, dizendo que algo daria errado a partir do momento em que ele pisasse fora da cama. como roo se via como um homem adulto completamente independente e sem paranoias, ele decidiu que levantaria e seguiria seu dia como qualquer outro.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀talvez ele se arrependesse amargamente de ter feito isso no final do dia.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀começou quando ele foi tomar um banho - gelado, claro - e algo muito sinistro aconteceu. primeiro, levou um leve choque ao ligar a lâmpada do banheiro. não foi nada demais, apenas um susto, mas foi o suficiente para acordar roo de vez. segundo, sua escova de dentes caiu na privada. terceiro, ele pisou em falso quando entrou no box e, em questão de segundos, já estava tendo que escolher entre correr o risco de quebrar o nariz na parede ou torcer o pulso ao amortecer sua queda. não foi tão difícil escolher, mas, além do pulso latejando, roo também bateu o rosto na parede.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀até então tava tudo bem (na cabeça dele), mesmo que estivesse suportando uma dor monstruosa, mas aí veio o quarto acontecimento: ele queimou os ovos que estava fritando para o seu café da manhã, já que estava mais lento por ter somente uma mão para cortar os temperos que gostava. "tenha santa paciência," ele pensou consigo mesmo enquanto tentava limpar a bagunça que havia feito, aceitando a derrota e perdendo o apetite. estava decidido a ignorar a dor e o tom roxo que seu pulso estava tomando, se contentando com uma bolsa de gelo onde doía, mas, por volta do meio dia, percebeu que seria pior se continuasse daquele jeito.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀convencer gunhee a lhe acompanhar até a enfermaria do condomínio não seria difícil; claro que não. a parte difícil era entrar naquele lugar, sentir o cheiro típico de hospital, ver toda aquela gente de branco, o tom manso que eles usavam ao falar com seus pacientes, absolutamente tudo ao seu redor lhe deixava em um estado constante de pura ansiedade, mas precisava se conter e se esforçar para não demonstrar nada na frente de seu melhor amigo. roo odiava hospitais desde que teve que presenciar sua mãe dar seu último suspiro em um, quando tinha lá seus 13 anos. sua vida mudou da água para o vinho a partir daquele dia e ele tentava ao máximo fugir daquela sensação, daquela memória, e uma das formas que encontrava de se proteger era simplesmente evitar qualquer ida ao hospital. nada era tão sério que não pudesse se resolver com um xarope e um chá. o rapaz explicou para o médico o que havia acontecido em palavras curtas, sem nem conseguir manter contato visual. sentia-se tão frustrado de estar ali que não conteve as lágrimas, mas jamais admitiria o verdadeiro motivo por trás delas.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀algum tempo depois - roo não sabe dizer se haviam passado horas ou só alguns minutos -, a dupla saía da enfermaria com uma receita de remédios para tratar do pulso torcido de roo. o resto do dia foi um mero borrão, ainda mais sabendo que no dia seguinte ele teria que correr com danyi numa espécie de despedida de acrópolis. o jeito era deixar tudo nas mãos da garota e pelo menos tentar se divertir nos últimos dias em solo coreano.