Dear Diary II
terça feira, 31 de maio de 2022
Com a avaliação mensal passando, eu achei que teria algum tipo de calma. Até falei com o Dakho pra nós aproveitarmos essa semana pra descansar e fazer coisas divertidas para distrair da última semana preso na sala de ensaio.
Mas, como sempre, gay não tem paz.
Devido a loucura da madrugada anterior, eu meio que fui para o ensaio de manhã com umas duas ou três horas dormidas, mas isso não é exatamente uma novidade tendo em vista minha mania de ficar até tarde jogando videogame. As olheiras estavam grandes, a produtividade não tanto, e parecia até que eu estava em outro planeta em alguns momentos. Foi por isso até queneu achei que estava sonhando quando uns policiais nos abordaram fazendo perguntas esquisitas.
Por umas boas horas eu não sabia o que estava acontecendo, eu só tive que engolir o choro por estar extremamente confuso e um tanto assustado. Quer dizer, eu não tinha feito nada de errado não é? Claro, eu sou a pior pessoa do mundo para seguir regras, talvez a The Match esteja doida para quebrar meu contrato ou me fazer pagar uma multa por, sei lá, sair sem permissão o tempo todo, mas eu não cometi nenhum crime.
Chegou até a passar pela minha cabeça que aquilo era um treinamento exatamente pra assustar a gente e nós fazer ficar na linha, porém descartei a hipótese nos três segundos seguintes; a empresa não se daria esse trabalho e os policiais estavam pelo prédio inteiro, revirando tudo e sendo grandes idiotas com as pessoas que trabalham lá, sendo famoso ou anônimo.
E quanto mais o tempo passava, mas assustado eu ficava. Minha cabeça voltou a trabalhar sobre o que eu posso ter feito de errado nos últimos dias, mas o que me preocupava era que essa operação parecia séria demais. Se eu não cometi um crime, alguém dentro da empresa aparentemente cometeu, e algo dos grandes. Pensar nisso revirava meu estômago por várias maneiras: a que me deixava com medo de estar convivendo e sendo amigo, talvez, de alguém que merecia estar atrás das grades, e a egoísta que me deixava com medo disso manchar a reputação da empresa e, consequentemente, dos artistas.
Com a cabeça rodando pra lá e pra cá, eu respondi a perguntas e entreguei meu celular. Ninguém gosta de ter sua privacidade invadida desse jeito, mas eu tentei não fazer muita careta, afinal, eu queria cooperar pra que isso acabasse logo.
Agora, quando entraram no meu quarto e falaram que iam levar meu computador, aí eu fiz careta.
Não que estivesse escondendo qualquer coisa ali, mas eu gostaria de passar o resto da tarde e noite jogando videogame e fingindo que aquele caos todo não estava acontecendo.
E como dizem, mente vazia oficina do diabo. Eu poderia ter passado o meu tempo "livre" arrumando a bagunça do meu quarto, mas passei apertando botões do meu switch e pensando em tudo que poderiam achar nas minhas coisas. Nada preocupante e, eu sei que parece bobo, mas até um medo de que a polícia falasse para a empresa do meu relacionamento e isso causasse problemas pra mim e pro meu namorado (que só tem esse título na minha cabeça, mas tudo bem). Eu sei que parece bobo, e, como o Taemin me aconselhou, isso não tem nada a ver com a polícia, mas foi inevitável ficar paranóico com qualquer pequena coisinha que podia me trazer problemas.
Mas a investigação era, certamente, maior do que isso. Muito maior.
Quando finalmente li a notícia, fiquei paralisado e boquiaberto. Meu estômago chegou a dar um nó de tanto desconforto de saber que aquelas coisas horríveis estavam acontecendo aqui dentro, tão perto.
No fim do dia, ao menos, consegui tirar a cabeça um pouco disso quando devolveram meu celular e eu puxei meu namorado e meu melhor amigo pra dormirem comigo no dormitório do VICCI. O lugar é apertadinho e cheio de gente, mas eu tô tão acostumado com aquele bando de doido que é onde eu mais fico confortável. Só espero que isso se resolva logo e quem quer que tenha cometido tais crimes seja preso logo.