no one's around to judge me | pov
tw: age gap (+10), manipulação (?)
seul, 14 de junho de 2024 - 10:39 pm
Não sabia se era fruto de sua imaginação ou se realmente tinha visto a figura de Yoona, sua ex-treinadora e ex-namorada, na área de treinamento aquela tarde. Ele sabia que anos tinham se passado e que muito tinha acontecido na vida um do outro ao longo desses anos, mas reconheceria o rosto dela de qualquer lugar. Uma época em que Zihao ainda acreditava no amor, antes da mulher estraçalhar seu coração.
Balançou a cabeça com a ideia de ir atrás dela naquele momento, mas assim que saiu do treino o aperto em seu peito continuava. Ele sabia que as coisas entre eles tinham ficado inacabadas, portanto a imagem dela ainda constava em sua mente.
Havia conhecido a mulher anos atrás, quando ainda era novo. Ela tinha sido sua primeira em muitas ocasiões: sua primeira treinadora, seu primeiro amor, sua primeira quebra de confiança, seu primeiro coração partido. Foi graças a ela que Hao começou a competir no snowboard, por muito a mulher acreditou nele e eles comemoraram juntos cada passo que o atleta dava em sua carreira. Por muito tempo, foi seu único porto seguro depois que seu avô faleceu.
Era estranho vê-la ali, o mesmo semblante, o mesmo olhar. Por um momento, acreditou que ela tinha virado em sua direção, mas duvidou. Ela notaria na hora que o visse, tinha certeza disso. Ele não tinha mudado tanto assim. Talvez o cabelo estivesse maior, os músculos mais encorpados por conta dos treinos e tinha crescido um ou dois centímetros.
Mandou algumas mensagens, mas pouco notou que fazia isso enquanto andava para a área da recepção. Seus lábios pronunciaram em bom tom quem ele estava procurando, Song Yoona. — Não podemos dar detalhes sobre nossos hóspedes. Sinto muito. — foi o que lhe foi respondido segundos depois. Balançou a cabeça como se estivesse maluco, mas não passou muito tempo e alguém o chamou, numa voz que ele reconhecia, mas não ouvia há quase uma década. — Yang Zihao, você mudou. —
Fechou os olhos por alguns segundos antes de se virar e a encarar. Olhou pra ela da cabeça aos pés, os saltos ainda presentes ali, ela nunca descia deles. Um sorriso travesso tomou conta de seus lábios antes de qualquer coisa. Ela estava mais velha, claro, tinham mais de dez anos de diferença, ele era um moleque quando se conheceram. — Então está treinando com o Yamaguchi? Ele é um ótimo profissional, para não dizer um dos melhores. Aposto que você também não está nada ruim — ela completou, o olhando da cabeça aos pés.
Era estranho para ele não falar nada, principalmente na presença de mulheres as quais ele sempre tinha palavras na ponta da língua. Era basicamente um devoto delas. Mas algo ali era diferente, seu corpo temia pela presença dela, algo que não pensou que aconteceria. — Yamaguchi é o melhor treinador que já tive, não poderia escolher outro — estava um tanto robótico, não entendi o porquê daquilo estar acontecendo com ele. — Mas e você, o que faz aqui? Pensei que estivesse aposentada ou viajando pelo mundo, como você me disse aquela vez —, questionou, tentando mudar de assunto.
— Que tal irmos para um lugar mais reservado? Vamos, eu te pago uma bebida — ela respondeu, com a maior simpatia do mundo, como se eles não tivessem tido a maior briga antes dela ir embora quando terminaram o relacionamento e a parceria. Mas ele assentiu com a cabeça e logo os dois estavam em um bar próximo do hotel.
Ao longo do caminho, Yoona contou para ele que era uma recente aquisição no complexo de Gangnam e que ele muito provavelmente não tinha visto ela nos últimos dias, porque havia chegado somente no dia anterior, mas não entrou em muitos detalhes do motivo. Ele estava curioso sobre a vida dela, apesar de tudo o que tinha acontecido entre eles. Eram águas passadas, certo?
— Fiquei alguns anos aposentada, só que logo enjoei. Nós que vivemos do esporte, quando ficamos parados, é quase uma forma de tortura. — explicou enquanto tomava um pouco da bebida que estava em seu copo. — Como estão seus treinos? Precisa de ajuda? — sugeriu naquele tom de sempre, ao qual Hao rapidamente negou com a cabeça. Ele finalizou a bebida e levantou, já tinha pagado a conta. Só que antes mesmo dele levantar, a mão de Yoona o segurou pelo pulso. — Você sabe que eu sinto muito por tudo o que aconteceu entre nós dois, certo? — ele engoliu em seco, olhando da mão da mulher, para seu rosto. Não sabia se um “sinto muito” vindo dela, cobriria todo o resto e todas as marcas que Zihao levava desde então. Era um tanto injusto ela dizer isso agora, depois de tanto tempo.
— Não acho que devemos falar disso. O que ficou no passado, ficou lá. Não somos os mesmos, Yoon- — ela também levantou, olhando em seus olhos. Então ele engoliu em seco. Era difícil para o chinês lidar com seu passado. — Mesmo assim, Hao. Eu sinto muito por tudo o que eu fiz você passar. Você me perdoa? — sentiu então a mão dela entrelaçar com a sua e ele sabia que ela estava jogando com ele. Ela não tinha mudado, apesar de ter dado a entender que tinha. — Fica comigo e bebe mais um pouco. Ainda não terminamos aqui. —