História
May 16, 2022

🤍👵🏾👴🏾🖤🕯️☕🌿Adorei as Almas: Combatendo mitos "históricos" no Terreiro de Umbanda

👵🏾👴🏾 Pretos Velhos não gostam de mentiras! E há MUITA mentira sendo contada nos terreiros de Umbanda sob a falsa afirmação de ser "história", quando não passam de mitos e narrativas!

📆 Semana passada comemoramos na Umbanda o Dia dos Pretos Velhos (13 de Maio). Este dia foi escolhido por ser o dia comemorativo da "Abolição da Escravatura" (13 de Maio de 1888).

⚠️🗣📢 Porém, há muita MENTIRA sendo propagada a respeito desse dia, assim como a respeito do período da Escravatura no Brasil e dos seus "Heróis e Heroínas Populares" - que de heróis e heroínas nada têm, a não ser a narrativa - criando uma "onda" de desinformação e mentira que, ano após ano, é IMPOSTA em nossos terreiros de Umbanda como se fossem a inequívoca e incontestável verdade, quando não passam de MENTIRAS!

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E nossos espíritos ancestrais, Pretos e Pretas Velhas - que já não possuem as paixões terrenas, não defendem ideologias e não suportam a mentira - certamente não aprovam essa prática de propagação, intencional ou não, de mentiras envolvendo suas vidas terrenas e seus sofrimentos. Mentiras essas que são frutos - em parte - da ignorância, e em parte da sordidez daqueles que se aproveitam dessa narrativa para lucrar com a dor e o sofrimentos destes homens e mulheres negros, que hoje - em um gesto de amor e caridade - nos trazem acalento, carinho, conselho, disciplina e amor.

“É preciso fazer as perguntas certas, o que é muitas vezes mais difícil que encontrar respostas.” (Pe.Gianpolo Salvini)

📌💬 Derrubando Mitos:

❓Qual é a importância de trazer para um projeto de Umbanda esse tema?
❗Porque é FUNDAMENTAL que o Umbandista ESTUDE, não apenas a Umbanda, sua história, seus fundamentos, seus rituais e sua finalidade, como também compreender todos os ASPECTOS SOCIAIS e HISTÓRICOS onde a Umbanda se insere. A UMBANDA ESTÁ EVOLUINDO JUNTO COM A SOCIEDADE, e não é digno manter mentiras em nossos terreiros e templos, apenas por PREGUIÇA de estudar ou para defender ideologias que são completamente contrárias à prática do amor, caridade e mérito individual.

📚 Sendo assim, vamos aos mitos que serão CONTESTADOS (TODOS com referências históricas DOCUMENTADAS!)

🔸🔎 A vida dos negros no Brasil NÃO ERA IGUAL, e muitos negros maltratavam seus irmãos em condições sociais tidas como inferiores!

Olhando nos livros de História atuais, aqueles que nos impõem nas Escolas, parece que a vida dos negros no Brasil era homogênea e que todos sofriam as mesmas coisas. Grande engano.

“É necessário saber que, historicamente, havia duas espécies de escravos: o negro da casa e o negro do campo. O negro da casa vivia junto do senhor, na senzala ou no sótão da casa grande. Vestia-se, comia bem e amava o senhor. Amava mais o senhor do que o senhor amava a ele. Se o senhor dizia: — Temos uma bela casa. Ele respondia: — Pois temos. Se a casa pegasse fogo, o negro da casa corria para apagar o fogo. Se o senhor adoecesse dizia: — estamos doentes. Se um escravo do campo lhe dissesse 'vamos fugir desse senhor', ele respondia: — Existe uma coisa melhor do que o que temos aqui? Não saio daqui. O chamávamos de negro da casa. É o que lhe chamamos agora, porque ainda há muitos negros de casa.”
Malcolm X [1]

No filme "Django Livre" vemos um exemplo de "Negro da Casa Grande" que se achava melhor ou superior do que seus irmãos de Senzala. O Velho negro "Stephen" (interpretado por Samuel L. Jackson) colocava-se acima dos demais negros da casa.

Na Casa Grande, haviam negros e negras que se dedicava ao cuidado das tarefas ligadas ao ambiente doméstico. Geralmente, esses escravos possuíam uma condição de vida relativamente melhor e acabavam também se relacionando mais proximamente com a família de seu senhor. Em algumas pesquisas, temos a descrição de situações em que escravos desempenhavam funções que só eram possíveis por meio de um laço de confiança com seu dono.

[NOTA PESSOAL: Como vimos no relato de Malcolm X, eles eram como "membros da família" em alguns casos e, de certa forma, se sentiam assim. E, como é comum ao comportamento do ser humano, estes negros e negras, muitas vezes "escolhiam o lado" dos Senhores, inferiorizando seus irmãos de Senzala]

Nos Grandes Cemtros Urbanos, a recorrência desses escravos domésticos também era bastante expressiva. Ao saírem de casa, algumas mulheres pertencentes à elite costumavam vestir suas escravas com luxuosas peças e acessórios para rechaçar sua condição social abastada. Não sendo um espaço ligado à exploração da terra, devemos salientar que as cidades abriam portas para que muitos escravos fossem utilizados em outras atividades econômicas.

Muitas vezes, aproveitando das habilidades de um negro, o proprietário acabava transformando-o em um “escravo de ganho”. Nessa situação o escravo poderia vender “doce de tabuleiro”, realizar o transporte de cargas e pessoas, cuidar de um estabelecimento comercial ou fabricar utensílios. Geralmente, o seu dono ficava com a maior parte dos lucros obtidos ao longo do dia. A parcela destinada ao escravo poderia ser utilizada para alimentação, vestuário e, até mesmo, para a compra de sua alforria. [2]

Serviços de barbeiros, cabelereiros, vendedoras - retratados nesse pintura de Debret - eram formas de juntar dinheiro para a alforria | Foto: Acervo Espaço Olavo Setubal/ Itaú Cultural [23]

E ADVINHEM O QUE OS ESCRAVOS DE GANHO FAZIAM ASSIM QUE COMPRAVAM A PRÓPRIA ALFORRIA???

Leremos mais abaixo!


🔸🔗 Zumbi não era um Herói: Era um Escravocrata, assassino e Estuprador!

"Zumbi estava longe de ser um herói da democracia. "Mandava capturar escravos de fazendas vizinhas para que eles trabalhassem forçados no Quilombo dos Palmares. Também sequestrava mulheres, raras nas primeiras décadas do Brasil, e executava aqueles que quisessem fugir do quilombo". [3]

A vocação para o poder de Zumbi vinha de família. Ele descendia dos imbangalas, considerados os "senhores da guerra" na África Centro-Ocidental..."

O primeiro registro escrito sobre os imbangalas foi feito pelo navegante inglês Andrew Battell, que viveu com eles por dezesseis meses por volta de 1600-1601. O relato localiza os imbangalas no litoral e no planalto angolanos, ao sul do rio Cuanza. [...] Os portugueses se interessaram pelos imbangalas mais ou menos na mesma época em que Battell viveu inicialmente entre eles. Battell foi para o território bangala em companhia de comerciantes portugueses que compravam os prisioneiros de guerra dos imbangalas para vendê-los como escravos. [4][5]
A capacidade militar e a crueldade dos imbangalas despertaram a atenção dos colonos portugueses, que viviam uma trégua em sua guerra contra o reino do Dongo durante a primeira etapa do período colonial (1575–1599) [...] os governadores portugueses de Luanda algumas vezes contrataram os imbangalas para suas campanhas, começando por Bento Banha Cardoso em 1615 mas principalmente no caso de Luís Mendes de Vasconcelos e seu assalto de 1618 ao Reino do Dongo.
Os imbangalas eram uma sociedade completamente militarizada, baseada inteiramente em ritos de iniciação, ao contrário dos demais grupos étnicos africanos, que se baseiam em ritos de parentesco. Para impedir que o parentesco tomasse o lugar da iniciação, todas as crianças nascidas numa aldeia eram assassinadas. As mulheres podiam deixar suas aldeias para terem seus filhos, mas, quando voltavam, as crianças só eram consideradas imbangalas após terem participado dos ritos de iniciação. De modo semelhante ao da antiga Esparta, as crianças eram treinadas diariamente em combate individual e em grupo.[1]
Durante o treinamento, se usava um colar que só poderia ser retirado depois que o praticante matasse um homem durante uma batalha. Os imbangalas se cobriam com um unguento chamado maji a samba, o qual eles acreditavam lhes conferir imunidade nas batalhas, desde que o guerreiro seguisse um código de conduta chamado yijila. Esse código incluía infanticídio, antropofagia e absoluta ausência de covardia.[2]
Os imbangalas não permitiam que suas mulheres dessem, à luz, crianças. Para recompor sua população, eles capturavam adolescentes e forçavam-nos a lutar em seu exército. Em método semelhante ao utilizado com as atuais crianças-soldados, os jovens cativos eram forçados a matar e comer pessoas e consumir bebidas alcoólicas, e somente eram admitidos como membros plenos após matar alguém em uma batalha. Antropofagia, sacrifício humano ritual e tortura faziam parte do que observadores do século XVII chamaram de "leis da quixila" (do quimbundo kixila, "proibição"). [6]

Nossos livros de "História" ocultam - convenientemente - que Zumbi foi um dos maiores senhores escravistas de seu tempo: aqueles que ousavam fugir do "paraíso" quilombola de Palmares eram perseguidos e, uma vez recapturados, eram torturados e mortos em praça pública.

Um fato meticulosamente mantido fora dos registros históricos oficiais é o de que Zumbi dos Palmares enviava esquadrões de ataque para fazendas vizinhas não com o intuito de libertar seus irmãos negros do jugo escravista, mas para roubar escravos dos senhores de terra em seu próprio proveito.

Ele não lutou pela abolição da escravatura [...] mas sim pelos seus próprios interesses. Com esta intenção mantinha um regime tirânico e cruel; era um líder autocrático que exigia tratamento de rei.

Zumbi chegou à liderança de Palmares assassinando o primeiro rei do quilombo, seu tio Ganga Zumba.[7] [NOTA: Algumas fontes afirmam que foi um "súdito" - "Testa de Ferro" ou "Boi de Piranha" - de Zumbi quem envenenou seu Ganga Zumba, informação que não muda a "comodidade" do fato para a ascensão de Zumbi ao Trono de Palmares]

Palmares mantinha a mesma cultura etnográfica que na África; uma monarquia com súditos, servos e escravos, as mesmas disputas e lutas que existiam no seu continente de origem onde algumas etnias eram inimigas mortais de outras.


Zumbi era da etnia Banto, os escravos eram de outras etnias.

José de Souza Martins denuncia a mistificação do Quilombo dos Palmares ao denunciar a existência da escravidão dentro dele:

“Os escravos que se recusavam a fugir das fazendas e ir para os quilombos eram capturados e convertidos em cativos dos quilombos. A luta de Palmares não era contra a iniquidade desumanizadora da escravidão. Era apenas recusa da escravidão própria, mas não da escravidão alheia. As etnias de que procederam os escravos negros do Brasil praticavam e praticam a escravidão ainda hoje, na África. Não raro capturavam seus iguais para vendê-los aos traficantes. Ainda o fazem. Não faz muito tempo, os bantos, do mesmo grupo linguístico de que procede Zumbi, foram denunciados na ONU por escravizarem pigmeus nos Camarões”. [8]

Faz parte da propaganda de certos movimentos negros exaltar a figura de Zumbi [pintura acima] como libertador dos escravos. Ora, a ascensão dele se deu após o assassinato do tio: “Depois de feitas as pazes em 1678, os negros mataram o rei Ganga-Zumba, envenenando-o, e Zumbi assumiu o governo e o comando-em-chefe do Quilombo”. [9]

Carneiro confirma o governo despótico de Zumbi: “Nina Rodrigues esclarece que nos Palmares havia ‘um governo central despótico’ semelhante aos da África na ocasião”. (idem, p. 4) Não havia liberdade para sair: “Se algum escravo fugia dos Palmares, eram enviados negros no seu encalço e, se capturado, era executado pela ‘severa justiça’ do quilombo”. (idem, p. 4)

Zumbi rompeu as pazes e espalhou o terror. Tais eram as devastações que os quilombolas espalhavam em torno de si que a pedido da população circunvizinha foram organizadas as expedições armadas das quais resultou a sua destruição de Palmares.

Décio Freitas, autor do livro Palmares – A Guerra dos Escravos, em entrevista para a “Folha de S. Paulo”, confessou que depois das pesquisas, “ele tem hoje uma visão diferente do líder negro Zumbi. ‘Acho que, se ele tivesse sido menos radical e mais diplomático, como foi seu tio Ganga-Zumba, teria possivelmente alterado os rumos da escravidão no Brasil.’’ [10]

Zumbi não tinha pretensões de libertar os escravos – maior mercadoria da África – e mantinha os costumes ali vigentes pelos quais algumas etnias escravizavam os seus inimigos.

Os portugueses, na maior parte das vezes, não capturavam os escravos, mas os compravam das tribos africanas. Até hoje a escravidão é praticada em várias regiões da África. Zumbi mantinha escravos de tribos inimigas para os trabalhos do quilombo. [11]


🔸🖌 Princesa Isabel foi obrigada pela Coroa Portuguesa a assinar a Lei Áurea, para que Portugal não enfrentasse sanções da Inglaterra, e o Movimento abolicionista - apesar de suas intenções nobres - não teve NENHUMA preocupação com a inserção destes negros e negras na sociedade, deixando-os em situação praticamente IGUAL àquela que eles enfrentavam antes. A Abolição da Escravatura foi uma manobra POLÍTICA que não beneficiou os negros, mas a decadente Coroa Portuguesa, apenas!

Conta a "lenda" que a Princesa Isabel, em toda a sua bondade, usando uma "Pena de Ouro" [Penas eram usadas como Canetas na época]

Pena de ouro usada pela Princesa Izabel para assinar a Lei Áurea: Uma ironia que uma lei que tenha determinado um futuro sombrio para tantos tenha sido assinada com um instrumento de tamanho valor. É o Estado assinando sentenças de morte diárias com canetas caras. E o costume permanece até hoje!

A abolição da escravatura foi um marco na História Brasileira e na vida dos negros no país, não há como negar. Porém, as coisas não foram como muitos imaginam...

...os resultados da falta de planejamento e interesse por parte de nossos governantes da época resultaram em mais de um século de dores e sofrimentos, que continuam ocorrendo.

Antes de falar sobre o que aconteceu com os negros após maio de 1888, é interessante pincelar um pouco sobre as condições que levaram à nossa história. As coisas começaram a se desenhar muito antes de 1888.

Portanto, tomemos como ponto de partida o ano de 1845.

Em 9 de agosto de 1845, o Parlamento Inglês aprovou a chamada Slave Trade Suppression Act (em tradução livre: Lei de Supressão do Comércio de Escravos), proposta pelo Ministro das Relações Exteriores George Hamilton-Gordon, o Lorde Aberdeen. Tal ato parlamentar autorizava a Marinha Britânica a apreender todo e qualquer navio suspeito de transportar escravos no oceano atlântico.

Após a aprovação da Lei, a vida dos escravagistas brasileiros não foi facilitada.

Centenas de embarcações que faziam o tráfico de escravos para o Brasil foram apreendidas e destruídas, entre 1845 e 1850, fazendo com que tal prática se tornasse inviável, economicamente falando.

Até mesmo por existirem dois fatores determinantes na situação: Portugal e Brasil possuíam relações diplomáticas estreitas e dependiam da Coroa Britânica para diversas finalidades, ao mesmo tempo em que a Marinha Inglesa era superior a qualquer outra no mundo. Devido a tal pressão inglesa, a fim de demonstrar certa "soberania de fachada", o Brasil aprovou sua primeira lei abolicionista [Leia mais abaixo].

No momento em que a "Lei Áurea" — assinada simbolicamente com uma pena de ouro — fora colocada em vigor, menos de 5% da população negra era escrava. A escravidão já não existia, do ponto de vista prático. O que se vê, então, é uma jogada de marketing político, na qual sobressai a Princesa Izabel como uma governante humanista. [12]

A Lei do Ventre Livre (1871), festejada como uma conquista, viria a ser um fator de desagregação da família negra e daria origem aos primeiros meninos de rua; ela, na prática, apenas desobrigava os fazendeiros de sustentar as crianças negras, improdutivas sob o ponto de vista econômico. A Lei do Sexagenário (1875) não seria diferente da primeira: sob o manto de um falso humanismo que premiava com a liberdade os escravos idosos e decrépitos, essa lei permitia aos fazendeiros se despojarem do ônus da manutenção de escravos improdutivos pela velhice e criaria uma multidão de mendigos negros que, de repente, se viram livres do trabalho escravo, mas sem qualquer meio de se sustentar. Ou seja: Em TODAS as ocasiões de "libertação", o objetivo foi apenas usar um discurso humanista vil e vazio para disfarçar as reais intenções: Aliviar de responsabilidades os "amigos do Rei"…

“ Mesmo desmistificada por muitos historiadores, a farsa da abolição da escravatura se configurou nos livros escolares [LEIA-SE: Livros do MEC], seja na omissão da luta que desencadeou o ato oficial pondo fim ao escravismo, ou por encobrir, por exemplo, que em 1881, o governo já financiava a vinda de europeus ao país para substituir os negros escravizados. Ou que, em 1888 — ano da abolição — para 107 mil escravos registrados chegaram aqui 90 mil imigrantes da Europa custeados pelo estado brasileiro ocupando o lugar dos escravos […]. Ainda assim, o dia 13 de Maio tem sua importância simbólica, não só por aqueles que lutaram e morreram pelo fim do escravismo, mas como registro de como a história pode ser usurpada pelos detentores do poder no Brasil." [13]

“Barreto lembra como o movimento negro substituiu a “bondosa” Princesa Isabel (que foi só um personagem INÚTIL nessa farsa da Lei Áurea, como veremos à frente) por Zumbi, um escravocrata que espalhava o terror nas populações vizinhas a partir do Quilombo dos Palmares. [14]

Resumindo: Se você não sabia, Princesa Isabel não libertou os escravos. Ela simplesmente CONDENOU OS NEGROS ao libertá-los sem preparar a sociedade adequadamente para a presença destes importantes personagens em nossa sociedade. Mas infelizmente, a atitude dela, considerando o contexto histórico, foi bastante óbvia. Infelizmente.

A abolição foi, acima de tudo, uma medida de protecionismo econômico! [15]

Notaram como tudo se desenrolou até maio de 1888? Não foi necessariamente a bondade, humanidade e heroísmo da princesa Isabel e dos políticos da época. Foi necessário muita luta, muita pressão interna e externa e até mesmo a inviabilidade econômica de se manter o regime escravagista para que a Lei Áurea fosse promulgada.

É triste ter que imaginar que até mesmo as pressões para tais coisas tinham motivação econômica e não humanas, afinal, quem disse que negros eram reconhecidos como humanos? Talvez por tudo ter ocorrido assim, de forma NÃO natural, o Governo não teve nenhum plano de reintegração aos negros libertos a sociedade.

O ESTADO abandonou estes negros.

O ESTADO, por interesses políticos, mandou que se libertasse os escravos mais não pensou no que aconteceria com eles depois que eles estivessem livres. A sociedade era extremamente preconceituosa e racista, por razões óbvias (Agradeça ao Estado e a Igreja Católica, ok?). Logo, o ESTADO (ou a Coroa Portuguesa, como prefiram), e não "OS BRASILEIROS", foi o responsável pelo abandono dos escravos. E você, médium negro que defende que o ESTADO precisa entender melhor quem é o "inimigo", antes de falar de Escravidão e de abandono, já que você pede por MAIS INTERVENÇÃO ESTATAL (leis protecionistas e "ações sociais" dicotômicas) ao mesmo Estado que abandonou seus ancestrais.

Uma das percepções mais agudas sobre a questão foi feita em 1964 pelo sociólogo Florestan Fernandes (1920–1995): [17]

"A desagregação do regime escravocrata e senhorial se operou, no Brasil, sem que se cercasse a destituição dos antigos agentes de trabalho escravo de assistência e garantias que os protegessem na transição para o sistema de trabalho livre. Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou qualquer outra instituição assumisse encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho."

E quem foram os "Heróis Negros" da História?

1 – André Rebouças (1838-1898): Advogado autodidata, engenheiro e conselheiro do Império, defendia que a integração do negro à sociedade passava pela garantia do acesso à terra

2 – Francisco José do Nascimento (1839-1914): Conhecido como Dragão do Mar, foi líder jangadeiro do Ceará, primeira província do Império a abolir a escravidão, em 1884. Ajudou a impedir o tráfico nas praias locais

3 – Luís Gama (1830-1882): Escritor, jornalista e advogado autodidata, atuava nos tribunais para conseguir a alforria de escravos e defendia negros acusados de crimes. Ajudou a libertar mais de 500 pessoas

4 – José do Patrocínio (1853-1905): Filho de um vigário e uma escrava, fez faculdade de farmácia e atuou como jornalista. Auxiliou fugas de escravos e liderou campanhas para a compra de alforrias [16]


🔸🗝 No período final da Escravidão, era comuns NEGROS ESCRAVIZAREM NEGROS!

Você sabia, por exemplo, que um dos 10 homens mais ricos de Salvador em meados do século XIX era um negro Africano, que possuía mais de 20 ESCRAVOS?

Quando Manoel Joaquim Ricardo [18] morreu, em 1865 (23 anos antes da "Abolição da Escravatura"), tinha 27 escravos, três casas e uma senzala. Era um dos dez homens mais ricos de Salvador. É um grande feito, ainda mais considerando que Manoel era negro e vivia em um país ainda escravocrata.

Em 1841, ANTES MESMO DE SER ALFORRIADO, Manoel já era dono de seis escravos. Percebe como as regras sociais eram MUITO MAIS COMPLEXAS do que insistem em "doutrinar". Não havia "preto x branco" na sociedade brasileira do século 18 e 19… Tudo era "mestiço" (50 tons de "negro": tinha chicote, gente dominante e gente dominada, mas não tinha a menor graça…)

Aliás, mais de 600 NEGROS POSSUIAM ESCRAVOS [18] no Nordeste.

Estudioso de tema tão polêmico há mais de 20 anos e autor de vários livros, o professor de história da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Eduardo França Paiva, que atua nas áreas da história da escravidão e das mestiçagens, fez descobertas surpreendentes.

Uma das mais importantes se refere aos senhores de escravos que, ao contrário do que se aprende na escola e nos livros didáticos, nem sempre eram brancos. Em Minas, do início do século 18 a meados do 19, MAIS DE 30% DESSES DONOS DE ESCRAVOS ERAM EX-ESCRAVOS [19] ou decendentes de escravos. Em 1776, conforme as estimativas, havia na capitania de Minas, então a mais rica e populosa da colônia, com um comércio conectado com o mundo e efervescência social e cultural, cerca de 300 mil habitantes, sendo 130 mil forros (ex-escravos), 110 mil escravos e 60 mil brancos. Entre as personagens mais importantes encontradas nas pesquisas está Bárbara Aleluia –negra filha de africanos, nascida no Brasil [20] –, uma pernambucana que viveu em Sabará. “Ela foi uma das mulheres mais ricas da época, acumulou fortuna com o comércio e outras atividades”.

Ainda que evidentemente cada escravo detestasse a própria escravidão, dificilmente viam problemas na escravidão dos outros. (A relativização moral e a hipocrisia, inclusive, continuam até hoje. “Democracia é quando eu mando eu você. Ditadura é quando você manda em mim”, diz o ditado). Um certo Zé Alfaiate (José Francisco dos Santos), por exemplo, foi alforriado no Brasil em 1830 e se tornou um célebre traficante na África anos seguintes. Como? Simples: casou com uma das filhas de Francisco Xavier de Souza, o maior vendedor de gente da África Atlântica e se deu bem no tráfico em seu País de origem. Ele incrementou a comercialização de escravos em escala mundial: Brasil, Cuba, Inglaterra, França e outros que a história não documentou. E isso não era uma exceção:

No vilarejo de São Gonçalo dos Campos, pardos e negros alforriados tinham 29,8% de todos os cativos. Em Santiago do Iguape, 46,5% dos escravos eram propriedade de negros, que, diante dos brancos, eram minoria da população livre” [21]

No rastro dele dezenas de outros ex-escravos voltaram para a África e montaram impérios com o tráfico: João de Oliveira, em 1733, que abriu dois portos pagando tudo do próprio bolso; Joaquim d´Almeida (parceiro "comercial" de Zé Alfaiate), que tinha casa no Brasil e já rico com os escravos foi “bonzinho” e um verdadeiro “cristão” ao construir uma capela no centro de Aguê, no Benin, seu País africano.

Tudo isso é HISTÓRIA, meu irmão.
Independe de você aceitar ou não.

Um próspero fazendeiro e banqueiro do Brasil nos tempos do Império, dono de imensas fazendas de café, centenas de escravos, empresas, palácios, estradas de ferro, usina hidrelétrica e, para completar a cereja do bolo, de um título de barão concedido pela própria Princesa Isabel [22]. A biografia do empresário mineiro Francisco Paulo de Almeida, o Barão de Guaraciaba, não seria muito diferente de outros nobres da época não fosse um detalhe importante: ele era negro em um país de escravos [23].

📚🔎 Após esse longo ESTUDO PRELIMINAR de alguns fatos relacionados a este período tão conturbado e lamentável da nossa História, contado sem "narrativas", "mentiras" ou ideologias, e com MAIS DE 20 REFERÊNCIAS DEVIDAMENTE RELACIONADAS ao final do texto, você ainda acredita - MESMO - que o que você ACHOU QUE SABIA sobre a Escravidão no Brasil estava correto?


Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa.

🟠📚 Não estamos dizendo aqui que a vida de TODOS os negros era igual, e que tudo era homogêneo. A dinâmica social daquela época tinha semelhanças e diferenças com nossos dias e não é possível "julgar" - à luz do nosso contexto histórico e social - o que acontecia naqueles dias, ou dizer o que era verdadeiro ou não em cada fazendo ou cada senzala.

Mas, é FUNDAMENTAL que o Umbandista se INFORME, não apenas sobre os assuntos ligados à UMBANDA mas também sobre todos os aspectos que conectam à Umbanda à Sociedade e à História, para que não se use os Terreiros de Umbanda como centros de propagação de MENTIRAS e narrativas que em nada contribuem para o louvor e devoção às nossas SANTAS ALMAS BENDIDAS!
🙏🏾🕯️🌿☕🤍👵🏾👴🏾🖤

✅ Observação IMPORTANTE:

Lembre-se SEMPRE de que as informações que estão no subconsciente do(a) médium INTERFEREM - direta ou indiretamente - no trabalho dos seus guias, incluindo conselhos e até mesmo "lembranças". Se o cérebro humano CRIA LEMBRANÇAS sobre coisas que NUNCA ACONTECERAM com a gente, ele também pode interferir na "lembrança" dos Guias, ainda mais quando o médium "atravessa" seus Pretos Velhos para validar uma informação que se cristalizou em sua mente. Fique SEMPRE ATENTO, pois "uma mentira contada mil vezes se torna verdade".

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Referências:

[1]: https://www.conversaafiada.com.br/brasil/2012/02/25/marcos-rezende-e-o-negro-da-casa-grande

[2]: Os diferentes tipos de Escravos no Brasil - Mundo Educação UOL - Por Rainer Sousa, Mestre em História

[3]: UOL Educação - Manual Politicamente Incorreto da História do Brasil

[4]: https://pt.wikipedia.org/wiki/Imbangalas

[5]: Thomas and Desch-Obi, M and J (2008). Fighting for Honor: The History of African Martial Art Traditions in the Atlantic World. University of South Carolina Press. p. 23

[6]: Origem do termo "Quizila" usada no Candomblé e - incorretamente - em alguns terreiros de Umbanda

[7]: Portal Geledés: Acordo de Paz de Ganga Zumba com os Portugueses e seu Assassinato por seguidores de Zumbi

[8]: José de Souza Martins, Divisões Perigosas, Ed. Civilização Brasileira, Rio, 2007, p. 99

[9]: Edison Carneiro, O Quilombo dos Palmares, Ed. Civilização Brasileira, 3a ed., Rio, 1966, p. 35

[10]: Líder Zumbi pecou pelo Radicalismo - Folha de São Paulo

[11]: Revolução Quilombola, Guerra racial, Confisco agrário e urbano, Coletivismo, Nelson Ramos Barretto, Editora Artpress, SP, 2009, pp. 106-108

[12]: Dívida histórica: Gente pagando pelo que não fez, em benefício de alguém que não sofreu o que cobra.

[13]: Maurício Pestana — Usurpação Histórica in Revista Raça Brasil (Número 132, Maio de 2009, pág. 7)

[14]: Nelson Ramos Barretto, in A Revolução Quilombola, pg. 20

[15]: Princesa Isabel e o mito da redentora que aboliu a escravidão no Brasil - Mundo Negro

[16]: Qual o real interesse por trás da libertação dos escravos no Brasil? - SuperInteressante

[17]: A integração do negro na sociedade de classes

[18]: Escravos prosperavam comprando negros, mas eram esnobados pela elite
Africano chegou a figurar entre os dez homens mais ricos de Salvador
- História | O Globo Brasil

[19]: Mitos da escravidão em Minas são derrubados por pesquisador - Em.com.br

[20]: Histórias “Cabeludas”: Capítulo II (escravos brancos e negros)

[21]: Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil - Leandro Norloch | Pág: 50

[22]: Muito além da princesa Isabel, 6 brasileiros que lutaram pelo fim da escravidão no Brasil - BBC News Brasil

[23]: Como escravos entravam na Justiça e faziam poupança para lutar pela liberdade - BBC News brasil